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Aforização proverbial sobre o negro em diferentes materialidades discursivas : cristalização e circulação de preconceitos e estereótiposOliveira, Paulo Rogério de 28 November 2014 (has links)
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Previous issue date: 2014-11-28 / Esta pesquisa consiste num trabalho que busca descrever e interpretar o funcionamento linguístico e discursivo de um conjunto de aforizações proverbiais relacionadas ao negro, presentes em diferentes materialidades discursivas que circulam de forma recorrente em diferentes gêneros discursivos na mídia on line brasileira. A presente investigação consiste em duas etapas. Num primeiro momento, procuramos evidenciar a existência de provérbios que tratam de conotar pejorativamente o negro. Para analisar esses provérbios, servimo-nos da obra Provérbios brasileiros, de José Péres (1992), bem como dos recentes trabalhos de Dominique Maingueneau (2010, 2011). Feito isso, recorremos aos chamados buscadores de internet, a fim de verificar quais os provérbios que mais circulam nestes suportes textuais. Selecionamos, para a constituição deste corpus, apenas os provérbios que são discursivizados sob a forma de aforizações, isto é, enunciados “sem textos”, que, no entanto, se materializam em diferentes gêneros discursivos. Trata-se de enunciações aforizantes, cujos sentidos se verbalizam em: 1) Provérbios que discursivisam o negro como não humano/ não gente/animal; 2) Provérbios que discursivisam o negro como ladrão/indigno; 3) Provérbios que discursivisam o negro como sujo/ignomioso. Ao analisar tais provérbios, partimos dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa (AD), especialmente de conceitos de citação, destacabilidade, sobreasseveração, aforização, hiperenunciação e particitação propostos por Dominique Maingueneau (2006, 2010, 2011, 2012, 2014). A análise dos dados evidenciam que, embora a aforização proverbial (sobre o negro), se constitua a partir de um discurso histórico oral multissecular, tais enunciados ainda recuperam sentidos pré-estabelecidos nos vários gêneros discursivos em que se materializam. Ou seja, os provérbios, em análise, disseminam visões bastante disfóricas sobre o negro, mesmo em tempos do chamado politicamente correto. A análise dos dados aponta ainda para enunciados aforizados que trazem para a cena enunciativa um efeito de sentido de “não responsabilidade” pelo dizer, por parte do sujeito que enuncia tais aforizações, visto que se trata de enunciados constituídos a partir de um Thesaurus, uma fala legitimada socialmente numa dada cultura. Nestes casos, o sujeito que cita enuncia uma fala coletiva, socialmente constituída, isto é, “todos dizem”. Assim, para além da contribuição teórica para as recentes pesquisa sobre aforizações, acreditamos que este estudo também contibua no sentido de problematizar o(s) discurso(s) relacionado(s) ao preconceito racial, dominante em nossa sociedade, enraizado no colonialismo como salienta Van Dijk (2008), contribuindo para que brechas, fissuras, sejam feitas, no fio desse(s) discurso(s) para, assim, possibilitar que novos questionamentos irrompam, e que haja mudanças de olhares e posturas sobre o negro, dentro dessa sociedade que se apresenta cinicamente como multiculturalista e multiétnica. / Esta pesquisa consiste en un trabajo que busca describir y interpretar el funcionamiento linguístico y discursivo de un conjunto de aforizaciones proverbiales relacionadas al negro, presentes en distintos materialidades discursivas que circula de modo recurrente en distintos géneros discursivos en la mídia on line brasileña. La presente investigación consiste en dos etapas. En el primer momento, buscamos evidenciar la existencia de proverbios que tratan de connotar peyorativamente al negro. Para comprender esos proverbios, nos servimos del livro: Provérbios brasileiros, de José Péres (1992), así como de los recientes trabajos de Dominique Maingueneau (2010, 2011). Eso hecho, recurrimos a los llamados buscadores de internet, con el fin de averiguar cuales proverbios más circulam en esos soportes textuais. No nos preocupamos en recolectar una gran cantidad de provebios, dada su grandeza de circulación. Seleccionamos para la constitución de este corpus, solo los provérbios que son discursivizados bajo a forma de aforizaciones, o sea, enunciados “sin textos”, que, sin embargo, se materializan en distintos géneros discursivos. Se trata de enunciaciones aforizantes, cuyos sentidos se verbalizan en 1) Proverbios que discursivizam el negro como no humano/ no gente/animal; 2) Proverbios que discursivisam al negro como ladrão/indigno; 3) Provérbios que discursivisam al negro como sucio/ignomioso. Al analizar tales proverbios, partimos de los presupuestos teóricos del Análisis de Discurso de línea francesa (AD), especialmente de conceptos de citación, destacabilidad, sobreaseveración, aforización, hiperenunciación y particitación propuestos por Dominique Maingueneau (2006, 2010, 2011, 2012, 2014). El análisis de los datos evidencian que, aunque la aforización proverbial (sobre el negro), se constituya a partir de un discurso histórico oral multisecular, dichos enunciados todavía recuperan sentidos preestablecidos en los vários géneros discursivos en los que se materializan. O sea, los proverbios, en análisis, esparcen visiones bastante disfóricas acerca del negro, aunque en tiempos de lo llamado políticamente correcto. El análisis de datos apunta todavía para enunciados aforizados que traen para la escena enunciativa un efecto de sentido de “no responsabilidad” por el dizer, por parte del sujeto que enuncia estas aforizaciones, puesto que se trata de enunciados constituídos a partir de un Thesaurus, un habla legitimada socialmente en una dada cultura. En esos casos, el sujeto que cita enuncia un habla colectiva, socialmente constituída, esto es, “todos lo dicen”. Además de la contribuición teórica con las más nuevas investigaciones acerca de aforizaciones, creemos que este estudio también contibuya en el sentido de problematizar el(los) discurso(s) relacionado(s) al prejuicio racial, dominante en nuestra sociedad, enraizado en el colonialismo, como salienta Van Dijk (2008), contribuyendo con que lacunas, fisuras, se constituyan, en el hilo de ese(os) discurso(s) y, así, posibilitar que nuevos interrogantes irrompan, y que haya cambio de miradas y posturas sobre el negro, dentro de esa sociedad que se presenta cinicamente mientras multiculturalista y multiétnica.
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