Esta dissertação procura analisar as relações que se estabelecessem entre o território e a produção musical, explorando os diversos significados da música em diferentes contextos, com um um enfoque na música produzida durante as décadas de oitenta e noventa na região do Porto. O primeiro capítulo explora as especialidades da música, através das relações entre a música, a mobilidade e diferentes formas de identidade. A autenticidade, enquanto fenómeno em que a continuidade e a estabilidade são valorizadas em detrimento da mudança e de ciclos de moda, liga a música a lugares particulares. Por outro lado, factores como as transformações sociais resultantes dos processos de globalização, ou a dinâmica da indústria doiscográfica, têm contribuído para que a musica ocupe um lugar central na dinâmica da rearticulação das identidades culturais, promovendo novas formas de relacionamento com o espaço urbano. Por conseguinte, no segundo capítulo procura-se compreender a forma como os territórios da música e os sons se podem manifestar através das chamadas cenas musicais. Através da exploração de diferentes cenas musicais regionais, assim como os textos e as imagens da música, traçam-se as relações entre os sons e o espaço. No terceiro capítulo, partindo de entrevistas realizadas a diferentes intervenientes musicais da região do Porto, problematiza-se a existência de uma cena ou de um som do Porto. Sºão traçados alguns argumentos que podem ter contribuído para que o Porto se tenha tornado, durante as décadas de oitenta e noventa do século XX, num centro importante da produção musical Portuguesa: o factor identidade; o facto da indústria musical ter origens no Porto; a partilha de determinados espaços na cidade por alguns dos actores musicais num eixo imaginário entre a Boavista e a Foz, com posteriores reflexos na produção musical;(...)