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Desenvolvimento psicológico e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): a construção do pensamento operatório / Psychological development and Attention Deficit Hyperactitity Disorder (ADHD): the construction of operational thinking

Folquitto, Camila Tarif Ferreira 16 March 2009 (has links)
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos de maior prevalência na infância e adolescência. Pesquisas recentes demonstram que, ao menos do ponto de vista cognitivo, existem diferenças importantes no desenvolvimento de crianças com TDAH quando comparadas com crianças sem qualquer diagnóstico psiquiátrico. O presente trabalho pretende contribuir para o campo de pesquisa sobre o TDAH, buscando uma compreensão mais dinâmica deste transtorno, ultrapassando o nível descritivo dos sintomas, incorporando aspectos da Psicologia do Desenvolvimento. Acreditamos que a teoria de Piaget acerca do desenvolvimento psicológico, do processo de transição do estágio pré-operatório para o estágio operatório concreto de desenvolvimento, é um subsídio teórico importante para a compreensão deste transtorno, em especial a construção operatória da noção de tempo. A hipótese geral foi a de que crianças com TDAH apresentariam déficits no desenvolvimento de noções operatórias, como a conservação, reversibilidade e apreensão temporal. Foram entrevistadas 62 crianças, com idades entre 6 a 12 anos, subdividas em dois grupos: uma amostra clínica de crianças diagnosticadas com TDAH (n=32), e uma amostra de crianças sem diagnóstico (grupo controle, n=30). A amostra clínica foi também dividida entre crianças que faziam uso de metilfenidato, e crianças não medicadas, com o intuito de observar se a medicação exerceria alguma influência no desempenho das crianças em provas piagetianas. Para a composição dos grupos, foi utilizada a K-SADS-PL, elaborada segundo os critérios do DSM-IV. Com o objetivo de avaliar os níveis de desatenção e hiperatividade, os pais e/ou responsáveis responderam a dois questionários: a versão abreviada do questionário de Conners, e o Inventário dos Comportamentos de Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos (CBCL). Tendo como referência a entrevista clínica de Piaget, foram aplicadas as seguintes provas piagetianas: Conservação das quantidades discretas; Mudança de critério dicotomia; as provas de Sucessão dos Acontecimentos Percebidos e da Simultaneidade, e O tempo da ação própria e a duração interior. Os resultados demonstram haver diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças dos diferentes grupos, para as provas piagetianas como um todo (p < 0,001), e, quando analisadas separadamente, para as provas de Conservação de Quantidades Discretas (p = 0,003), Simultaneidade (p = 0,004), e O tempo da ação própria e a duração interior (p < 0,001). Crianças com TDAH apresentaram uma tendência a terem suas respostas classificadas em níveis inferiores ao esperado, quando comparadas ao grupo controle. Em relação ao uso do metilfenidato na amostra clínica, não foi observada diferença significativa entre os grupos. Apesar importante no tratamento, o metilfenidato não demonstrou ser suficiente para potencializar o desenvolvimento cognitivo de crianças com TDAH, superando os déficits observados. Esses achados corroboram a hipótese de déficit na aquisição das noções operatórias em crianças com TDAH. Assim, são necessárias novas reflexões a respeito do TDAH, considerando alternativas de intervenções que considerem os déficits observados, ultrapassando o tratamento medicamentoso. / Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is one of the most prevalent disorders in childhood and adolescence. Recent research shows that, at least from a cognitive level, there are important differences in the development of children with ADHD when compared with children without any psychiatric diagnosis. This work aims to contribute to the field of research on ADHD, seeking a more dynamic understanding of this disorder, surpassing the descriptive level of symptoms, incorporating aspects of Developmental Psychology. We believe that Piaget´s theory about the psychological development, the process of transition from pre-operative stage to concrete operative stage of development, is important for the theoretical understanding of this disorder, especially the construction of the operative notion of time. The general hypothesis was that children with ADHD present deficits in the development of operational concepts, such as conservation, reversibility and temporal seizure. Sixty two children, aged 6 to 12 years, were interviewed, and subdivided into two groups: a clinical sample of children diagnosed with ADHD (n = 32) and a sample composed by children without diagnosis (control group, n = 30). The clinical sample was divided between children who made use of methylphenidate, and children non-medicated, in order to see if the medication did some influence on the children´s performance in piagetian tasks. For the composition of groups, the K-SADS-PL was utilized, prepared according to the DSM-IV criteria. To assess the levels of inattention and hyperactivity, the parents and / or guardians answered two questionnaires: Conners´ Abbreviated Parents Rating Scale, and the Child Behavior Checklist (CBCL). According to the Piaget´s clinical interview, the following tasks were applied: Conservation of discrete quantities; Change of criteria - dichotomy; the tasks Succession of Events Perceived; Simultaneity, and The time of the action and the internal duration. Results show statistically significant differences between the performance of children from different groups, for piagetians tasks as a whole (p <0001) and, when analyzed separately, for the tasks Conservation of Discrete Quantities (p = 0003), Simultaneity, (p = 0004), and The time of the action and the internal duration. (p <0001). Children with ADHD showed a tendency to take their responses classified at levels lower than expected when compared to the control group. Regarding the use of methylphenidate in the clinical sample, there was no significant difference between groups. Although necessary of treatment, methylphenidate has not be sufficient to enhance the cognitive development of children with ADHD, overcoming the deficits observed. These findings support the hypothesis of deficits in the acquisition of concepts operative in children with ADHD. This calls for new thinking about the ADHD, considering alternatives for interventions that consider the deficits observed, surpassing the drug treatment.
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Desenvolvimento psicológico e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): a construção do pensamento operatório / Psychological development and Attention Deficit Hyperactitity Disorder (ADHD): the construction of operational thinking

Camila Tarif Ferreira Folquitto 16 March 2009 (has links)
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos de maior prevalência na infância e adolescência. Pesquisas recentes demonstram que, ao menos do ponto de vista cognitivo, existem diferenças importantes no desenvolvimento de crianças com TDAH quando comparadas com crianças sem qualquer diagnóstico psiquiátrico. O presente trabalho pretende contribuir para o campo de pesquisa sobre o TDAH, buscando uma compreensão mais dinâmica deste transtorno, ultrapassando o nível descritivo dos sintomas, incorporando aspectos da Psicologia do Desenvolvimento. Acreditamos que a teoria de Piaget acerca do desenvolvimento psicológico, do processo de transição do estágio pré-operatório para o estágio operatório concreto de desenvolvimento, é um subsídio teórico importante para a compreensão deste transtorno, em especial a construção operatória da noção de tempo. A hipótese geral foi a de que crianças com TDAH apresentariam déficits no desenvolvimento de noções operatórias, como a conservação, reversibilidade e apreensão temporal. Foram entrevistadas 62 crianças, com idades entre 6 a 12 anos, subdividas em dois grupos: uma amostra clínica de crianças diagnosticadas com TDAH (n=32), e uma amostra de crianças sem diagnóstico (grupo controle, n=30). A amostra clínica foi também dividida entre crianças que faziam uso de metilfenidato, e crianças não medicadas, com o intuito de observar se a medicação exerceria alguma influência no desempenho das crianças em provas piagetianas. Para a composição dos grupos, foi utilizada a K-SADS-PL, elaborada segundo os critérios do DSM-IV. Com o objetivo de avaliar os níveis de desatenção e hiperatividade, os pais e/ou responsáveis responderam a dois questionários: a versão abreviada do questionário de Conners, e o Inventário dos Comportamentos de Crianças e Adolescentes entre 6 e 18 anos (CBCL). Tendo como referência a entrevista clínica de Piaget, foram aplicadas as seguintes provas piagetianas: Conservação das quantidades discretas; Mudança de critério dicotomia; as provas de Sucessão dos Acontecimentos Percebidos e da Simultaneidade, e O tempo da ação própria e a duração interior. Os resultados demonstram haver diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças dos diferentes grupos, para as provas piagetianas como um todo (p < 0,001), e, quando analisadas separadamente, para as provas de Conservação de Quantidades Discretas (p = 0,003), Simultaneidade (p = 0,004), e O tempo da ação própria e a duração interior (p < 0,001). Crianças com TDAH apresentaram uma tendência a terem suas respostas classificadas em níveis inferiores ao esperado, quando comparadas ao grupo controle. Em relação ao uso do metilfenidato na amostra clínica, não foi observada diferença significativa entre os grupos. Apesar importante no tratamento, o metilfenidato não demonstrou ser suficiente para potencializar o desenvolvimento cognitivo de crianças com TDAH, superando os déficits observados. Esses achados corroboram a hipótese de déficit na aquisição das noções operatórias em crianças com TDAH. Assim, são necessárias novas reflexões a respeito do TDAH, considerando alternativas de intervenções que considerem os déficits observados, ultrapassando o tratamento medicamentoso. / Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is one of the most prevalent disorders in childhood and adolescence. Recent research shows that, at least from a cognitive level, there are important differences in the development of children with ADHD when compared with children without any psychiatric diagnosis. This work aims to contribute to the field of research on ADHD, seeking a more dynamic understanding of this disorder, surpassing the descriptive level of symptoms, incorporating aspects of Developmental Psychology. We believe that Piaget´s theory about the psychological development, the process of transition from pre-operative stage to concrete operative stage of development, is important for the theoretical understanding of this disorder, especially the construction of the operative notion of time. The general hypothesis was that children with ADHD present deficits in the development of operational concepts, such as conservation, reversibility and temporal seizure. Sixty two children, aged 6 to 12 years, were interviewed, and subdivided into two groups: a clinical sample of children diagnosed with ADHD (n = 32) and a sample composed by children without diagnosis (control group, n = 30). The clinical sample was divided between children who made use of methylphenidate, and children non-medicated, in order to see if the medication did some influence on the children´s performance in piagetian tasks. For the composition of groups, the K-SADS-PL was utilized, prepared according to the DSM-IV criteria. To assess the levels of inattention and hyperactivity, the parents and / or guardians answered two questionnaires: Conners´ Abbreviated Parents Rating Scale, and the Child Behavior Checklist (CBCL). According to the Piaget´s clinical interview, the following tasks were applied: Conservation of discrete quantities; Change of criteria - dichotomy; the tasks Succession of Events Perceived; Simultaneity, and The time of the action and the internal duration. Results show statistically significant differences between the performance of children from different groups, for piagetians tasks as a whole (p <0001) and, when analyzed separately, for the tasks Conservation of Discrete Quantities (p = 0003), Simultaneity, (p = 0004), and The time of the action and the internal duration. (p <0001). Children with ADHD showed a tendency to take their responses classified at levels lower than expected when compared to the control group. Regarding the use of methylphenidate in the clinical sample, there was no significant difference between groups. Although necessary of treatment, methylphenidate has not be sufficient to enhance the cognitive development of children with ADHD, overcoming the deficits observed. These findings support the hypothesis of deficits in the acquisition of concepts operative in children with ADHD. This calls for new thinking about the ADHD, considering alternatives for interventions that consider the deficits observed, surpassing the drug treatment.

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