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O poder e o dispositivo: hospital psiquiátrico na contemporaneidade

Malamut, Bernardo Salles January 2011 (has links)
Submitted by Nuzia Santos (nuzia@cpqrr.fiocruz.br) on 2013-01-25T15:41:00Z No. of bitstreams: 1 Bernardo Salles malamut.pdf: 434298 bytes, checksum: c0e7ec3c1882ec386652c8986abe5b26 (MD5) / Made available in DSpace on 2013-01-25T15:41:00Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Bernardo Salles malamut.pdf: 434298 bytes, checksum: c0e7ec3c1882ec386652c8986abe5b26 (MD5) Previous issue date: 2011 / Esta dissertação versa sobre a negociação de poder entre médicos psiquiatras e pacientes usuários de um serviço público de saúde mental. Pautados na teoria da analítica do poder de Michel Foucault, autor de referência nesse campo, investigamos como circula o poder nos atos terapêuticos exercidos pelos médicos entrevistados, bem como na relação do hospital com os outros serviços da rede de atenção à saúde mental. O estudo foi realizado em um hospital psiquiátrico da rede de atenção à saúde mental pública de Minas Gerais. A escolha por este tipo de serviço, dentre outros na rede pública, se deu uma vez que os dados históricos e a literatura atestam terem sido, os hospitais psiquiátricos, os maiores alvos de critica numa época de uma psiquiatria disciplinar. Há ainda a importante constatação da permanência desse tipo de serviço em todo país, apesar de todos os esforços para que fosse substituído. O movimento da reforma psiquiátrica – fenômeno histórico que engendra novas teorias e práticas – surge como uma resposta política e epistêmica a essa psiquiatria e seu dispositivo mais evidente, o hospital. Uma das mais fundamentais propostas da reforma psiquiátrica é a de subverter as relações disciplinares da psiquiatria para com a loucura. Essa investigação qualitativa, feita por meio de entrevistas semiestruturadas com médicos psiquiatras, focou-se finalmente na permanência de atos violentos – que foram analisados através do conceito de violência em Hannah Arendt –, e na importância do dispositivo hospital na prática de uma psiquiatria que insiste em permanecer asilar. Encontrou-se fundamentalmente duas transformações: a passagem do cárcere hospitalar para uma antinomia de funcionamento da rede; e o exercício do poder psiquiátrico não mais como produtor de exclusões sistemáticas, mas de subjetivações normativas. Conclui-se que a loucura continua encarcerada no discurso médico e verifica-se a necessidade da reforma psiquiátrica de inventar novas formas de subjetivação. / This dissertation deals with the power negotiation between psychiatrists and patients, or users, of a mental health public service. Based on Michel Foucault analytic of power we investigate how the power surrounds the therapeutic practices of the interviewed psychiatrics, as well as on the relation of the hospital with other services of mental health care network. The study was made in a psychiatric hospital of the public mental health care network of Minas Gerais state, Brazil. This particular type of service was chosen since historical data and literature testify that the psychiatric hospitals were the major target of criticism in a time of disciplinary psychiatric practice. Further, there is the important confirmation that this kind of service is still present in the whole country, notwithstanding all the efforts made to its replacement. The psychiatric reform movement, a historical phenomenon which generates new theories and practices, arises as a political and epistemic response to that psychiatric and its most evident dispositive, namely the hospital. One of the most fundamental proposals of the psychiatric reform is to subvert the psychiatric disciplinary relations in regard to madness. This qualitative research, made through semi-structured interviews with psychiatrists, was ultimately focused on the permanence of violent acts — analyzed in the light of Hannah Arendt’s concept of violence — and on the importance of the hospital dispositive in a psychiatric practice that insists on being an asylum one. Two fundamental transformations were found: first, the passage from the hospital gaol to an antinomy of the network functioning; second, the exercise of psychiatric power as a producer of normative subjectification instead of systematic exclusions. It is concluded that madness is still confined in medical discourse, and the necessity of psychiatric reform in reinventing new ways of subjectification is verified.

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