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Os lugares da psicanálise: a inscrição clínica e cultural do pensamento psicanalítico / The locations of psychoanalysis: issues on the cultural and clinical psychoanalytical inscription

Franco, Wilson de Albuquerque Cavalcanti 17 August 2018 (has links)
A tese trata dos lugares da psicanálise na clínica e na cultura. O conceito de lugar é emprestado do autor pós-colonialista Homi Bhabha, para quem os lugares da cultura são marcados pelo hibridismo, fazendo com que o pensamento crítico seja tal que habite o limite e a cesura; além de Bhabha, recorre-se a Derrida e à própria psicanálise como aportes na constituição da estratégia de pensamento que mobiliza a tese. A partir desses aportes tratou-se da forma como a psicanálise se inscreve nos textos em que se faz ativa, na cultura que a acolhe, nas instituições através das quais se transmite e na práxis clínica dos psicanalistas. Dois pontos críticos marcam a discussão: 1. questiona-se a ideia de que a psicanálise é intrinsecamente excepcional: seja essa excepcionalidade suposta em termos históricos, epistemológicos, clínicos e/ou políticos, em todos esses âmbitos tenta-se demonstrar a impertinência desse tipo de julgamento apriorístico. Sustenta-se, como alternativa, uma compreensão do lugar da psicanálise como marcado pelo jogo, pela abertura e pela indeterminação, lugar a ser definido e reiteradamente sustentado em função da inscrição que se pleiteia para ela. 2. Discute-se também o lugar dos autores canônicos no entendimento do devir histórico, institucional e clínico da psicanálise diferentemente das compreensões onde tal ou qual autor funda ou garante tal ou qual clínica ou modo de pensamento, sustenta-se que os autores canônicos estabelecem entre si parâmetros de jogos de poder no interior da psicanálise, de forma que o recurso a um dado autor não configura por si garantia ou apoio para nada, configurando, isso sim, a escolha de uma determinada plataforma estratégica a partir da qual as questões terão de ser distribuídas, enfrentadas e encaminhadas em vista do que se pretende. Nota-se através dessas análises um mote comum: às formas de compreender e localizar a psicanálise como modo de estabilização há de se opor outras, pensadas e propostas de forma a induzir a habitação dos limites a partir de onde a psicanálise, ao ser acionada, opera. Pretende-se, com essa discussão, contribuir tanto para a pesquisa em psicanálise (nos campos da história da psicanálise e da transmissão da psicanálise em função de suas instituições) como para a práxis clínica dos psicanalistas / The research focuses on the locations of psychoanalysis in clinical practice and in culture. The concept of location is borrowed from postcolonial thinker Homi Bhabha, for whom the locations of culture are determined by hybridism and interpenetration, which means that critical thinking has to inhabit borders, limits and (as Bhabha names it) the caesura. Derrida and psychoanalysis itself are also mobilized as constituents for the theoretical framework, which aimed to discuss the means through which psychoanalysis inscribes itself in the texts in which it operates, the culture with which it intertwines, the institutions through which it transmits itself and the clinical praxises that embody it in everyday life. Two main critical points have been issued: 1. the idea that psychoanalysis is intrinsically exceptional whether such exceptionality be stated in historical, epistemological, clinical or political terms, in any case the argument is that such exceptionality cannot be stated as an a priori: be it desired, it has to be constantly put under suspicion and scrutiny, has to be constantly fought for, conquered and (re)established, every time anew. 2. The location of canonical authors within psychoanalytical tradition the recurrent notion that canonical authors confer rigor and stability to the psychoanalytical endeavour (be it theoretical, political or clinical) has been put into question; in its place the author argues for the notion that canonical authors arrange the strategical battlefield within the psychoanalytical community which means they do not confer rigour: what they do is to establish the critical terms for the politics of authorization which set up the starting points for psychoanalytical practice. Throughout the text a red thread signals the main critical argument: psychoanalytical locations in text, in culture and in clinical practice cannot be taken for granted, but have to be thought anew, systematically questioned and fundamentally (re)established, time and time again

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