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Memória autobiográfica em idosos saudáveis: um estudo sobre o papel do outro na recordaçãoVARELA, Karen Meireles 05 May 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011-05-05 / O desenvolvimento cognitivo na velhice vem sendo um tema bem exploradona psicologia,visto que a população idosa mundial é uma realidade em rápida e progressiva expansão, o que representa um desafio devido às demandas específicas deste novo contingente.Dentro de uma descrição dos efeitos psicológicos presentes na velhice “normal”, o declínio do funcionamento da memória é geralmente colocado em primeiro plano, porém a memória é dificilmente abordada como um processo que se estabelece na interação.Partindo-se dessa premissa, o presente trabalho considera esta função psicológica como um fenômeno que claramente possui aspectos biológicos, mas que também é um fenômeno sócio-cultural (que se estabelece na interação).Este conceito mais amplo e mais complexo de memória exige a consideração dos aspectos sociais da recordação. Assim, as contribuições de dois grandes estudiosos são abordadas neste estudo: Frederic Bartlett e Lev S. Vygotsky. Bartlett explorou o fato de que os fatores e tendências que determinam a recordação estão organizados em esquemas (schema), enfatizando o papel das influências culturais e sociais no desenvolvimento desses esquemas. Vygotsky, em seus estudos a respeito da memória humana, destacoua memória “mediada”.Para este autor, o desenvolvimento da memória, ao longo da vida do ser humano, deve ser analisado em termos das diferentes relações que a pessoa estabelece com os signos, o que produz diferentes formas de memorizar. Dentro deste vasto tema de estudo, um recorte foi feito para se investigar a memória autobiográfica (MA), que engloba inúmeros eventos do nosso passado, estando diretamente relacionada com o reconhecimento de continuidade e de identidade. Segundo Bruner, uma das formas de lembrarmos o passado se dá em termos da narrativa, uma das nossas principais práticas culturais. Dessa forma, narrar um evento autobiográfico junto com outra pessoa que participou deste evento, pode servir como objeto de mediação para superar momentos de incerteza, ambiguidades e/ou lacunas da recordação.Esta pesquisatem um enfoque na recordação das memórias autobiográficas em idosos hígidos ou saudáveis, na presença ou na ausência de um descendente, optando-se, assim, por uma investigação da memória autobiográfica como construções narrativas. O objetivo geral deste estudo foi investigar narrativas autobiográficas de idosos hígidos ou saudáveis, explorando o papel do outro nessa recordação. Trata-se de um estudo empírico comdez pessoas idosas (acima de 60 anos), todas classificadas como saudáveis. Os participantes responderam aum questionário semi-estruturado, cuja finalidade foi traçar o perfil dos idosos. Além disso, relataram narrativas sobre um evento específico importante de suas vidas, que envolvia a presença de um descendente, em duas situações de recordação. As vinte narrativas coletadas foram transcritas e analisadas, levando-se em conta a qualidade e transformações das memórias autobiográficas, referentes ao conteúdo narrativo. Os dados permitiram identificar estratégias de mediação (convenções culturais, imagem visual, atribuição, repetição, gestos e ritmos, sugestão) utilizadas pelo idoso para superar momentos de dificuldades da recordação. Constatou-se que as recordações autobiográficas são reconstruções “esquemáticas”, que podem ser facilitadaspela presença de outra pessoa como objeto de mediação, para superar obstáculos, como momentos de incerteza, ambiguidades e lacunas de esquecimento. / Cognitive development in old age has been a theme well explored in psychology, as the world's elderly population is a reality in a fast and progressive expansion, which represents a challenge due to the specific demands of this new contingent. Within a description of the psychological effects brought by older adults, the decline in memory function is usually placed in first, but the memory is hardly discussed as a process that is established in interaction. Starting from this premise, this paper considers this phenomenon as a psychological function that clearly is biological, but is also a socio-cultural phenomenon (which is established in the interaction). This concept of memory is ampler and more complex, so it requires the consideration of social aspects of remembering. Thus, the contributions of two seminal figures in the psychological study of remembering are addressed in this study: Frederic Bartlett and Lev. S. Vygotsky. Bartlett exploited the fact that factors and trends that determine memory is organized into schemas, emphasizing the role of cultural influences and social development of these schemes. Vygotsky, on the other hand, attended to the ways in which we construct meaningful “signs” as artificial memory aids to solve memoryproblems that go beyond our natural capacities. Within this topic of study, a cut was made to investigate autobiographical memory (AM), which encompasses many events of our past, being directly related to the recognition of continuity and identity. According to Bruner, a way of remembering the past is in terms of narrative, one of our major cultural practices. Thus, narratingan autobiographical event with another person, can be used as an object of mediation to overcome moments of uncertainty, ambiguity and/or gaps in memory. This research has focus on recall of autobiographical memories of healthy aged, in the presence or absence of a son or daughter, opting itself, thus, for an investigation of the autobiographical memory as narrative constructions. The aim of this study was to investigate autobiographical narratives of healthy aged, exploring the role of other’s in this recall. This is an empirical study of ten elderly (over 60), all classified as healthy. The participants answered a semi-structured questionnaire, whose purpose was to trace the profile of the elderly. Additionally, they reported stories about a particular and important event in their lives, which involved the presence of a son or a daughter, intwo different conditions. The twenty storiescollected were transcribed and analyzed, taking into account the qualitative transformations in the autobiographical memories, referring to the narrative content.The data allowed the identification of mediation strategies (cultural conventions, visual images, attribution, repetition, gestures and rhythms, suggestion) used by the elderly to overcome difficult moments in the process of remembering. It was found that autobiographical memories are reconstructions "schemata", which can be supported by another person as an object of mediation, to overcome obstacles, such as moments of uncertainty,ambiguity and gaps in the process of remembering.
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