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Mapeando visões de acadêmicos sobre vascularização da pesquisa

Strack, Ricardo January 2010 (has links)
Ao longo do processo de escolarização são construídas imagens sobre as atividades da pesquisa e do pesquisador. No que tange à escolarização básica, instrumentos como o PISA e ROSE mapeiam algumas noções sobre a natureza da ciência e letramento científico, mas não são específicos o suficiente para delimitarem as compreensões sobre a atividade da pesquisa química. Com base nisso, estruturou-se um questionário pautado por três eixos temáticos que tendem a representar algumas das discussões acerca das translações que integram a atividade científica no coletivo: as liberdades e demandas na pesquisa, a academia como mediadora e a divulgação da ciência. O instrumento objetivou mapear algumas noções dos calouros de cursos de graduação em Química da região metropolitana de Porto Alegre sobre o que, com base nas contribuições de Bruno Latour, denominou-se de vascularizações da pesquisa. No quadro geral das opiniões dos calouros emergiu uma tendência voltada para a função social do conhecimento científico: aparentemente a pesquisa, atendendo aos interesses da população, objetiva a construção de conhecimento num processo de mediação que engloba interesses mercadológicos e governamentais. As prioridades atribuídas sobre a propriedade de um invento apresentados pelos respondentes pode supor um modelo no qual os dividendos são repartidos entre estes três agentes: o pesquisador, a instituição e quem financiou numa concepção de divisão tripartite , embora, em linhas gerais, a significativa importância atribuída ao pesquisador segue a tendência de focar a atividade de pesquisa sobre este, acrescida da emergência do papel institucional que surge como mais um moderador (ou talvez mediador) frente às outras instâncias. Aos calouros, há uma transposição dos interesses como das Empresas Públicas e dos Órgãos de Financiamento de Pesquisa, para além do âmbito da pesquisa, englobando a própria instituição, o que implica numa perspectiva que parece engendrar uma situação onde os limites entre pesquisa e academia não são claramente definidos. Usando a terminologia de Latour poder-se-ia dizer que a vascularização da pesquisa é tal que não há uma solução de continuidade entre os atores, antes um emaranhamento de redes de distribuição e captação de recursos e informações, de humanos e não-humanos. Com relação às concepções que parecem emergir das análises de itens como o de confiança nas informações, há uma ênfase no papel do sujeito especialista frente à uma desconfiança forte com relação ao Governo. Se o conjunto das concepções tivesse apenas um viés acadêmico-disciplinar, se manteria a ênfase no sujeito especialista, mas não necessariamente numa repulsa pela instância governamental o que implica, justamente, em uma posição político -epistêmica denominada por Latour de ciência nº1, em contraposição à Pesquisa, ou ciência nº2. / During schooling process, images are constructed about research and researcher activities. Regarding basic schooling, instruments such as PISA and ROSE map some notions about the nature of science and scientific learning, but are not specific enough to delimit the understandings about chemical research activity by the entrants. Based on that, a questionnaire has been structured based on three thematic axes that tend to represent some of the discussions about the translations that integrate scientific activity collectively: freedom and demands from research, academia as a mediator and science disclosure. The objective of the instrument was to map some notions from entrants to the undergraduation course in Chemistry in the metropolitan region of Porto Alegre about what, based on the contributions by Bruno Latour, was called vascularizations of research. A trend emerged in the general outline of entrant’s opinions towards the social role of scientific knowledge: apparently the objective of research, by meeting the interests of the population, is the construction of knowledge under a measurement process that encompasses market and government interests. The priorities ascribed over the property of an invention presented by the respondents allows to presume a model in which the dividends are shared amongst these three agents: the researcher, the institution, and the financier in a conception of a three-way division, although in general, the significant importance ascribed to the researcher follows the trend of focusing research activity over the researcher, enhanced by the emergence of the institutional role that arises more as a moderator (perhaps a mediator) in the face of the other instances. For the entrants, there is a transposition of interests such as those of Public Companies and Research Financing Bodies beyond the scope of research that encompasses the institution itself, which implies in a perspective that seems to engender a situation in which limits between research and academia are not clearly defined. Making use of Latour's terminology, it could be said that vascularization of research is such that there is no solution of continuity among the actors, but an entanglement of distribution and collection of resources and information networks, by humans and nonhumans. Regarding the conceptions that seem to emerge from the analysis of items such as that of the trust in information, there is an emphasis on the role of the expert subject in the face of a strong mistrust in relation to the Government. If the set of conception only had an academic-disciplinary bias, the emphasis on the expert subject would be maintained, but not necessarily repulsion for the government instance that implies, in a political and epistemic position that Latour called science nr. 1, as a counter position to Research, or science nr. 2.
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Mapeando visões de acadêmicos sobre vascularização da pesquisa

Strack, Ricardo January 2010 (has links)
Ao longo do processo de escolarização são construídas imagens sobre as atividades da pesquisa e do pesquisador. No que tange à escolarização básica, instrumentos como o PISA e ROSE mapeiam algumas noções sobre a natureza da ciência e letramento científico, mas não são específicos o suficiente para delimitarem as compreensões sobre a atividade da pesquisa química. Com base nisso, estruturou-se um questionário pautado por três eixos temáticos que tendem a representar algumas das discussões acerca das translações que integram a atividade científica no coletivo: as liberdades e demandas na pesquisa, a academia como mediadora e a divulgação da ciência. O instrumento objetivou mapear algumas noções dos calouros de cursos de graduação em Química da região metropolitana de Porto Alegre sobre o que, com base nas contribuições de Bruno Latour, denominou-se de vascularizações da pesquisa. No quadro geral das opiniões dos calouros emergiu uma tendência voltada para a função social do conhecimento científico: aparentemente a pesquisa, atendendo aos interesses da população, objetiva a construção de conhecimento num processo de mediação que engloba interesses mercadológicos e governamentais. As prioridades atribuídas sobre a propriedade de um invento apresentados pelos respondentes pode supor um modelo no qual os dividendos são repartidos entre estes três agentes: o pesquisador, a instituição e quem financiou numa concepção de divisão tripartite , embora, em linhas gerais, a significativa importância atribuída ao pesquisador segue a tendência de focar a atividade de pesquisa sobre este, acrescida da emergência do papel institucional que surge como mais um moderador (ou talvez mediador) frente às outras instâncias. Aos calouros, há uma transposição dos interesses como das Empresas Públicas e dos Órgãos de Financiamento de Pesquisa, para além do âmbito da pesquisa, englobando a própria instituição, o que implica numa perspectiva que parece engendrar uma situação onde os limites entre pesquisa e academia não são claramente definidos. Usando a terminologia de Latour poder-se-ia dizer que a vascularização da pesquisa é tal que não há uma solução de continuidade entre os atores, antes um emaranhamento de redes de distribuição e captação de recursos e informações, de humanos e não-humanos. Com relação às concepções que parecem emergir das análises de itens como o de confiança nas informações, há uma ênfase no papel do sujeito especialista frente à uma desconfiança forte com relação ao Governo. Se o conjunto das concepções tivesse apenas um viés acadêmico-disciplinar, se manteria a ênfase no sujeito especialista, mas não necessariamente numa repulsa pela instância governamental o que implica, justamente, em uma posição político -epistêmica denominada por Latour de ciência nº1, em contraposição à Pesquisa, ou ciência nº2. / During schooling process, images are constructed about research and researcher activities. Regarding basic schooling, instruments such as PISA and ROSE map some notions about the nature of science and scientific learning, but are not specific enough to delimit the understandings about chemical research activity by the entrants. Based on that, a questionnaire has been structured based on three thematic axes that tend to represent some of the discussions about the translations that integrate scientific activity collectively: freedom and demands from research, academia as a mediator and science disclosure. The objective of the instrument was to map some notions from entrants to the undergraduation course in Chemistry in the metropolitan region of Porto Alegre about what, based on the contributions by Bruno Latour, was called vascularizations of research. A trend emerged in the general outline of entrant’s opinions towards the social role of scientific knowledge: apparently the objective of research, by meeting the interests of the population, is the construction of knowledge under a measurement process that encompasses market and government interests. The priorities ascribed over the property of an invention presented by the respondents allows to presume a model in which the dividends are shared amongst these three agents: the researcher, the institution, and the financier in a conception of a three-way division, although in general, the significant importance ascribed to the researcher follows the trend of focusing research activity over the researcher, enhanced by the emergence of the institutional role that arises more as a moderator (perhaps a mediator) in the face of the other instances. For the entrants, there is a transposition of interests such as those of Public Companies and Research Financing Bodies beyond the scope of research that encompasses the institution itself, which implies in a perspective that seems to engender a situation in which limits between research and academia are not clearly defined. Making use of Latour's terminology, it could be said that vascularization of research is such that there is no solution of continuity among the actors, but an entanglement of distribution and collection of resources and information networks, by humans and nonhumans. Regarding the conceptions that seem to emerge from the analysis of items such as that of the trust in information, there is an emphasis on the role of the expert subject in the face of a strong mistrust in relation to the Government. If the set of conception only had an academic-disciplinary bias, the emphasis on the expert subject would be maintained, but not necessarily repulsion for the government instance that implies, in a political and epistemic position that Latour called science nr. 1, as a counter position to Research, or science nr. 2.
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Mapeando visões de acadêmicos sobre vascularização da pesquisa

Strack, Ricardo January 2010 (has links)
Ao longo do processo de escolarização são construídas imagens sobre as atividades da pesquisa e do pesquisador. No que tange à escolarização básica, instrumentos como o PISA e ROSE mapeiam algumas noções sobre a natureza da ciência e letramento científico, mas não são específicos o suficiente para delimitarem as compreensões sobre a atividade da pesquisa química. Com base nisso, estruturou-se um questionário pautado por três eixos temáticos que tendem a representar algumas das discussões acerca das translações que integram a atividade científica no coletivo: as liberdades e demandas na pesquisa, a academia como mediadora e a divulgação da ciência. O instrumento objetivou mapear algumas noções dos calouros de cursos de graduação em Química da região metropolitana de Porto Alegre sobre o que, com base nas contribuições de Bruno Latour, denominou-se de vascularizações da pesquisa. No quadro geral das opiniões dos calouros emergiu uma tendência voltada para a função social do conhecimento científico: aparentemente a pesquisa, atendendo aos interesses da população, objetiva a construção de conhecimento num processo de mediação que engloba interesses mercadológicos e governamentais. As prioridades atribuídas sobre a propriedade de um invento apresentados pelos respondentes pode supor um modelo no qual os dividendos são repartidos entre estes três agentes: o pesquisador, a instituição e quem financiou numa concepção de divisão tripartite , embora, em linhas gerais, a significativa importância atribuída ao pesquisador segue a tendência de focar a atividade de pesquisa sobre este, acrescida da emergência do papel institucional que surge como mais um moderador (ou talvez mediador) frente às outras instâncias. Aos calouros, há uma transposição dos interesses como das Empresas Públicas e dos Órgãos de Financiamento de Pesquisa, para além do âmbito da pesquisa, englobando a própria instituição, o que implica numa perspectiva que parece engendrar uma situação onde os limites entre pesquisa e academia não são claramente definidos. Usando a terminologia de Latour poder-se-ia dizer que a vascularização da pesquisa é tal que não há uma solução de continuidade entre os atores, antes um emaranhamento de redes de distribuição e captação de recursos e informações, de humanos e não-humanos. Com relação às concepções que parecem emergir das análises de itens como o de confiança nas informações, há uma ênfase no papel do sujeito especialista frente à uma desconfiança forte com relação ao Governo. Se o conjunto das concepções tivesse apenas um viés acadêmico-disciplinar, se manteria a ênfase no sujeito especialista, mas não necessariamente numa repulsa pela instância governamental o que implica, justamente, em uma posição político -epistêmica denominada por Latour de ciência nº1, em contraposição à Pesquisa, ou ciência nº2. / During schooling process, images are constructed about research and researcher activities. Regarding basic schooling, instruments such as PISA and ROSE map some notions about the nature of science and scientific learning, but are not specific enough to delimit the understandings about chemical research activity by the entrants. Based on that, a questionnaire has been structured based on three thematic axes that tend to represent some of the discussions about the translations that integrate scientific activity collectively: freedom and demands from research, academia as a mediator and science disclosure. The objective of the instrument was to map some notions from entrants to the undergraduation course in Chemistry in the metropolitan region of Porto Alegre about what, based on the contributions by Bruno Latour, was called vascularizations of research. A trend emerged in the general outline of entrant’s opinions towards the social role of scientific knowledge: apparently the objective of research, by meeting the interests of the population, is the construction of knowledge under a measurement process that encompasses market and government interests. The priorities ascribed over the property of an invention presented by the respondents allows to presume a model in which the dividends are shared amongst these three agents: the researcher, the institution, and the financier in a conception of a three-way division, although in general, the significant importance ascribed to the researcher follows the trend of focusing research activity over the researcher, enhanced by the emergence of the institutional role that arises more as a moderator (perhaps a mediator) in the face of the other instances. For the entrants, there is a transposition of interests such as those of Public Companies and Research Financing Bodies beyond the scope of research that encompasses the institution itself, which implies in a perspective that seems to engender a situation in which limits between research and academia are not clearly defined. Making use of Latour's terminology, it could be said that vascularization of research is such that there is no solution of continuity among the actors, but an entanglement of distribution and collection of resources and information networks, by humans and nonhumans. Regarding the conceptions that seem to emerge from the analysis of items such as that of the trust in information, there is an emphasis on the role of the expert subject in the face of a strong mistrust in relation to the Government. If the set of conception only had an academic-disciplinary bias, the emphasis on the expert subject would be maintained, but not necessarily repulsion for the government instance that implies, in a political and epistemic position that Latour called science nr. 1, as a counter position to Research, or science nr. 2.

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