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O terceiro tempo do trauma: Freud, Ferenczi e os desvios de um conceito / The Third Phase of Trauma: Freud, Ferenczi and the detours of a conceptCanesin Dal Molin, Eugênio 18 October 2013 (has links)
O presente trabalho procura compreender o conceito de trauma psíquico a partir das teorizações de S. Freud e S. Ferenczi. Discutem-se as ideias expostas pelos dois autores sobre os aspectos intra e interpsíquicos envolvidos na formação do trauma, com o intuito de articulá-las de um modo que contemple as diferentes experiências de traumatização. A dissertação está dividida em três partes. Na primeira, composta de cinco capítulos, o eixo são experiências que parecem ter um efeito disruptivo tão logo acontecem, imediatamente ou após um curto intervalo de tempo. Incluem-se, aqui, as neuroses traumáticas, em geral, e as neuroses de guerra, em particular, assim como eventos de menor intensidade, mas que demandam um trabalho característico do aparelho psíquico. A atenção de Freud e Ferenczi voltou-se para esse tipo de formação traumática, em um tempo, após a Primeira Guerra Mundial, devido à necessidade de compreender e tratar soldados com sintomas que remetiam às experiências de trauma. Devido ao despreparo, à ausência de contrainvestimento do sistema consciente, e à intensidade da estimulação, o psiquismo é obrigado a acionar medidas defensivas primitivas, na tentativa de ligar o afluxo de excitação. Na segunda parte deste estudo, dividida em quatro capítulos, discutem-se as teorizações dos autores-base que explicitam a formação do trauma em dois tempos distintos. O modelo deriva do observado nas experiências de sedução. Para Freud, algumas vivências não são traumáticas no momento em que ocorrem, mas ganham esse atributo posteriormente, ao serem reativadas por uma nova experiência que as ressignifica. Para Ferenczi, algumas formas de traumatização envolvem o que chama de duplo choque: uma experiência causa comoção psíquica e, quando o indivíduo busca no ambiente a validação e o reconhecimento de suas sensações e percepções, estas são negadas. Utilizando casos clínicos colhidos da literatura sobre o tema, e cotejando a relação pessoal entre os autores, procura-se articular os modelos de traumatização observados. No capítulo final, conclusivo, acompanha-se a tentativa de Michael Balint de decompor a formação do trauma em três fases, unindo as ideias de Freud e Ferenczi, e propõe-se, com base no que foi discutido, a hipótese de que alguns tipos de formação traumática envolvem três tempos: o momento do choque, a reação do ambiente após o evento, e a ressignificação a posteriori das experiências anteriores / In this work I advance an understanding of the concept of psychic trauma based on Freuds and Ferenczis theoretical deliberations. I discuss both authors ideas concerning intra- and inter-psychic aspects of trauma formation so as to articulate them in such a way that I may distinguish different traumatic experiences. This work is divided into three parts. In the first five chapters I show that the focal point of a particular type of trauma is a set of experiences that appear to have an immediate or shortly delayed disruptive effect. In this set one finds traumatic neuroses in general and wartime neuroses in particular, as well as less intense events that nonetheless require a characteristic effort on the part of the psychic apparatus. Owing to the need to understand and treat soldiers whose symptoms derived from their traumatic experiences, both Freud and Ferenczi directed their attention to this type of trauma formation after the World War I. Because of psychic unpreparedness, the conscious systems lack of counter-cathexis, and the stimulations intensity, the psyche is forced into activating primitive defenses in its attempts to bind the overwhelming excitation. In the second part (four chapters), I discuss these foundational authors theoretical deliberations concerning the formation of trauma in two different stages. The model here derives from what has been observed in experiences of seduction. For Freud some experiences are not traumatic when they occur, but they become traumatic later, when they are reactivated by another experience that redefines them. For Ferenczi, some forms of traumatization entail what he calls a double shock: an experience causes psychic commotion, and, when subjects search their environment for validation and for acknowledgement of their sensations and perceptions, these are denied. Using pertinent clinical cases found in the literature and availing myself of Freuds and Ferenczis personal relationship, I attempt to delineate these two models of traumatization. In my concluding chapter I examine Michael Balints attempt to break down trauma formation into three phases by uniting Freuds and Ferenczis points of view. I propose, based on what has come before, the hypothesis that some types of trauma formation entail three phases: the moment of shock, the environments reaction after the event, and the a posteriori reinterpretation of the prior experiences
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