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Política e parentesco nos Xerente / Politics and kinship among the XerenteSchroeder, Ivo 28 April 2006 (has links)
Sob o tema política e parentesco, esta tese retoma os estudos sobre os Xerente, um povo indígena Jê do Brasil Central. O sistema de parentesco xerente foi classificado como omaha, mas sua estrutura terminológica oblíqua e assimétrica não foi explorada para entender o regime de trocas matrimoniais e o campo da ação política. O presente estudo parte da noção nativa de respeito que corresponde ao ponto de partida da sociabilidade, pois o respeito funda e organiza a vida social, preside os rituais e as trocas matrimoniais. As pinturas corporais, com os padrões de círculo e traço, despertam de forma imediata um sentido que os Xerente traduzem por wasiwaze ou \"nosso respeito recíproco\". A presente investigação, apoiada em uma ampla base de dados, correlaciona clãs e metades com as práticas de casamento e com os assentamentos no seu território. A análise do dualismo Xerente revela uma estrutura social que é idealmente representada como simétrica. Neste quadro, todavia, a assimetria se infiltra via relações de parentesco. Em presença de trocas unilaterais, os afins se bifurcam em doadores e tomadores de mulheres, produzindo uma estrutura triádica de troca. A interdição da linha materna e a impossibilidade de troca de irmãs projetam o indivíduo numa estrutura de troca assimétrica, ao longo de algumas gerações. A política se funda nos grupos moldados pelas relações de parentesco, mas aqui a ação política será melhor compreendida como um esforço para restabelecer a ordem simétrica ideal, neutralizando essas relações. Da ação política, porém, resultam grupos sociais eqüiestatutários, mecanicamente justapostos, onde a representação é sempre suspeita e muito fugazes os momentos de ação concatenada. Com raras formas de representação coletiva, a política, assim como os rituais, concerne à reprodução simbólica da diferença e persegue o ideal de autonomia de cada assentamento ou grupo social / This thesis explores the theme of politics and kinship, and returns to studies of the Xerente, a Ge indigenous people of Central Brazil. The Xerente kinship system has been classified as Omaha, but its oblique and asymmetric terminological structure has not yet been used for exploring the rules of matrimonial exchange and the field of political action. The current study comes from the native notion of \"respect\", which corresponds with the beginnings of sociability, because it is this respect that founds and organizes social life, and presides over rituals and matrimonial exchanges. Body paintings, with patterns of circles and lines, awake a direct awareness, which the Xerente translate as wasiwaze or \"our reciprocal respect\". The current investigation, supported by an extensive database, associates clans and moieties with marriage practices and with the settlements on their territory. Analysis of Xerente dualism reveals a social structure that is ideally represented as symmetrical. However, within this framework, asymmetry infiltrates via kinship relations. In the presence of unilateral exchanges, the affines segregate into wifegivers and wife-takers and produce a triadic exchange structure. The closure of the maternal line, together with the impossibility of sister exchange, project the individual into an asymmetrical exchange structure over several generations. Politics is entwined in the groups moulded by kinship, but here the political action is better understood as an effort to re-establish the ideal symmetrical order, neutralising these relations. From political action, however, come social groups of equal status, mechanically juxtaposed, where the representation is always suspect, and concatenating action is very fleeting. With rare forms of collective representation, politics, just like the rituals, is concerned with the symbolic reproduction difference and pursues the ideal of autonomy of each settlement or social group
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Política e parentesco nos Xerente / Politics and kinship among the XerenteIvo Schroeder 28 April 2006 (has links)
Sob o tema política e parentesco, esta tese retoma os estudos sobre os Xerente, um povo indígena Jê do Brasil Central. O sistema de parentesco xerente foi classificado como omaha, mas sua estrutura terminológica oblíqua e assimétrica não foi explorada para entender o regime de trocas matrimoniais e o campo da ação política. O presente estudo parte da noção nativa de respeito que corresponde ao ponto de partida da sociabilidade, pois o respeito funda e organiza a vida social, preside os rituais e as trocas matrimoniais. As pinturas corporais, com os padrões de círculo e traço, despertam de forma imediata um sentido que os Xerente traduzem por wasiwaze ou \"nosso respeito recíproco\". A presente investigação, apoiada em uma ampla base de dados, correlaciona clãs e metades com as práticas de casamento e com os assentamentos no seu território. A análise do dualismo Xerente revela uma estrutura social que é idealmente representada como simétrica. Neste quadro, todavia, a assimetria se infiltra via relações de parentesco. Em presença de trocas unilaterais, os afins se bifurcam em doadores e tomadores de mulheres, produzindo uma estrutura triádica de troca. A interdição da linha materna e a impossibilidade de troca de irmãs projetam o indivíduo numa estrutura de troca assimétrica, ao longo de algumas gerações. A política se funda nos grupos moldados pelas relações de parentesco, mas aqui a ação política será melhor compreendida como um esforço para restabelecer a ordem simétrica ideal, neutralizando essas relações. Da ação política, porém, resultam grupos sociais eqüiestatutários, mecanicamente justapostos, onde a representação é sempre suspeita e muito fugazes os momentos de ação concatenada. Com raras formas de representação coletiva, a política, assim como os rituais, concerne à reprodução simbólica da diferença e persegue o ideal de autonomia de cada assentamento ou grupo social / This thesis explores the theme of politics and kinship, and returns to studies of the Xerente, a Ge indigenous people of Central Brazil. The Xerente kinship system has been classified as Omaha, but its oblique and asymmetric terminological structure has not yet been used for exploring the rules of matrimonial exchange and the field of political action. The current study comes from the native notion of \"respect\", which corresponds with the beginnings of sociability, because it is this respect that founds and organizes social life, and presides over rituals and matrimonial exchanges. Body paintings, with patterns of circles and lines, awake a direct awareness, which the Xerente translate as wasiwaze or \"our reciprocal respect\". The current investigation, supported by an extensive database, associates clans and moieties with marriage practices and with the settlements on their territory. Analysis of Xerente dualism reveals a social structure that is ideally represented as symmetrical. However, within this framework, asymmetry infiltrates via kinship relations. In the presence of unilateral exchanges, the affines segregate into wifegivers and wife-takers and produce a triadic exchange structure. The closure of the maternal line, together with the impossibility of sister exchange, project the individual into an asymmetrical exchange structure over several generations. Politics is entwined in the groups moulded by kinship, but here the political action is better understood as an effort to re-establish the ideal symmetrical order, neutralising these relations. From political action, however, come social groups of equal status, mechanically juxtaposed, where the representation is always suspect, and concatenating action is very fleeting. With rare forms of collective representation, politics, just like the rituals, is concerned with the symbolic reproduction difference and pursues the ideal of autonomy of each settlement or social group
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