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Quando a história também é futuro: as concepções de tempo passado, de futuro e do Brasil em Herman Kahn e no Hudson Institute (1947-1979) / When the history is also future: the conception of past time, of future and of Brazil in Herman Kahn and Hudson Institute (1947-1979)

Andrioni, Fabio Sapragonas 19 December 2014 (has links)
O objeto desta dissertação é uma ideia de futuro, ou seja, como o futuro foi compreendido dentro de um dado momento histórico e de acordo com certas condições. A ideia de futuro aqui analisada centra-se em torno de Herman Kahn, físico, estrategista militar e futurista. A constituição dessa ideia de futuro, contudo, não ocorreu afastada de uma compreensão de história. Para entendermos como ocorreu esse diálogo entre passado, presente e futuro, baseamo-nos nos conceitos propostos por Koselleck de espaço de experiência e horizonte de expectativa, assim como em alguns pontos do que o autor propõe como história dos conceitos. O início da formulação da ideia de futuro aqui analisada se deu no famoso think tank estadunidense que prestava consultoria à Força Aérea dos EUA, a RAND Corporation. Nesse período, o futuro é interpretado no curto prazo e pensado, no máximo, quinze anos à frente, e a história usada é recente, remetendo às I e II Guerras. Portanto, são questões restritas à segurança nacional e à defesa dos EUA e às relações com a Ásia e a Europa. Porém, ao lançar o seu primeiro e polêmico livro, On thermonuclear war, em 1960, no qual analisava, com detalhes, as possibilidades de uma guerra nuclear e como o país poderia se reerguer após ela, Kahn saiu da RAND e fundou seu próprio think tank, o Hudson Institute, em 1961. Acompanhando uma mudança de orientação de governo dos EUA e passando por dificuldades financeiras ao longo da década de 60 e 70, o Hudson Institute e Herman Kahn ampliaram, pouco a pouco, o tempo futuro analisado, chegando, em 1976, no livro The next 200 years, a prever duzentos anos à frente. Correspondendo a isso, havia também um recuo para o passado, alcançando o ano de 8000 a.C. Nesse momento, o Hudson Institute não mais trabalhava somente com as questões estadunidenses, mas também tinha uma atuação em âmbito mundial, visando influenciar empresas multinacionais e governos de outros países. Entre os governos pretendidos, estava o brasileiro. Porém, com projetos polêmicos e dados incertos e cambiantes, Kahn e o HI sofreram uma crítica impiedosa, sarcástica e agressiva no Brasil, o que nos permite verificar as falhas do método futurológico de Kahn e a política do governo brasileiro por trás das críticas. Por fim, toda essa exposição dos estudos futuros elaborados por Kahn desde 1947 até 1979 também nos permite refletir sobre a história e suas relações com o presente e o futuro e propor que para uma formulação sobre o futuro ou sobre o passado há, embutida, outra formulação sobre o tempo oposto. / The object of this dissertation is an idea of future or, more specifically, how the future was comprehended in a given historical moment and under certain conditions. This idea of future in our analysis is centered on Herman Kahn, a physic, military strategist and futurist. The constitution of this idea of future was not separated from a comprehension of history and it established a link between among past, present and future. To build it we based on Kosellecks concepts of space of experience and horizon of expectation and we used some ideas from Kosellecks conceptual history. Kahns idea of future started at RAND Corporation, the famous American think tank that advised the US Air Force. At that period, the future was only short term, it was thought at most fifteen years ahead and historical references were also recent, going back only until I and II Wars. Thus, the questions were restricted to the national security, the US defense and the relations with Asia and Europe. After his first book, On thermonuclear war, in 1960, Herman Kahn abandoned RAND. The book was very polemical. Kahn analyzed and accounted in details how a nuclear war could happen and how the country could rise after it. Out of RAND, Kahn established his own think tank, the Hudson Institute, in 1961. Hudson Institute and Herman Kahn widened the time analyzed, reaching two hundred years to the future and ten thousand year to the past in the book The next 200 years, in 1976. This broadened future accompanied a change of US government orientation and some financial difficulties faced by Hudson Institute that stretched for the sixties and the seventies. Beyond that, Hudson Institute was operating not only with American issues, but it was also working with world issues intending to influence multinational corporations and other countries. One of these countries was Brazil. However, in Brazil, Kahn and Hudson Institute suffered ruthless, sarcastic and aggressive critics due to polemical plans and changing and uncertain data. So the Brazilian critics were based on some mistakes of Kahn future study method, but they were based in an emphatic Brazilian government policy. We believe this exposition and analysis of Herman Kahns future studies since 1947 to 1979 provide us a deep reflection about history and the relations among past, present and future, so it is possible to state that some future or past formulation has embedded an implicit formulation about the opposite time.
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Quando a história também é futuro: as concepções de tempo passado, de futuro e do Brasil em Herman Kahn e no Hudson Institute (1947-1979) / When the history is also future: the conception of past time, of future and of Brazil in Herman Kahn and Hudson Institute (1947-1979)

Fabio Sapragonas Andrioni 19 December 2014 (has links)
O objeto desta dissertação é uma ideia de futuro, ou seja, como o futuro foi compreendido dentro de um dado momento histórico e de acordo com certas condições. A ideia de futuro aqui analisada centra-se em torno de Herman Kahn, físico, estrategista militar e futurista. A constituição dessa ideia de futuro, contudo, não ocorreu afastada de uma compreensão de história. Para entendermos como ocorreu esse diálogo entre passado, presente e futuro, baseamo-nos nos conceitos propostos por Koselleck de espaço de experiência e horizonte de expectativa, assim como em alguns pontos do que o autor propõe como história dos conceitos. O início da formulação da ideia de futuro aqui analisada se deu no famoso think tank estadunidense que prestava consultoria à Força Aérea dos EUA, a RAND Corporation. Nesse período, o futuro é interpretado no curto prazo e pensado, no máximo, quinze anos à frente, e a história usada é recente, remetendo às I e II Guerras. Portanto, são questões restritas à segurança nacional e à defesa dos EUA e às relações com a Ásia e a Europa. Porém, ao lançar o seu primeiro e polêmico livro, On thermonuclear war, em 1960, no qual analisava, com detalhes, as possibilidades de uma guerra nuclear e como o país poderia se reerguer após ela, Kahn saiu da RAND e fundou seu próprio think tank, o Hudson Institute, em 1961. Acompanhando uma mudança de orientação de governo dos EUA e passando por dificuldades financeiras ao longo da década de 60 e 70, o Hudson Institute e Herman Kahn ampliaram, pouco a pouco, o tempo futuro analisado, chegando, em 1976, no livro The next 200 years, a prever duzentos anos à frente. Correspondendo a isso, havia também um recuo para o passado, alcançando o ano de 8000 a.C. Nesse momento, o Hudson Institute não mais trabalhava somente com as questões estadunidenses, mas também tinha uma atuação em âmbito mundial, visando influenciar empresas multinacionais e governos de outros países. Entre os governos pretendidos, estava o brasileiro. Porém, com projetos polêmicos e dados incertos e cambiantes, Kahn e o HI sofreram uma crítica impiedosa, sarcástica e agressiva no Brasil, o que nos permite verificar as falhas do método futurológico de Kahn e a política do governo brasileiro por trás das críticas. Por fim, toda essa exposição dos estudos futuros elaborados por Kahn desde 1947 até 1979 também nos permite refletir sobre a história e suas relações com o presente e o futuro e propor que para uma formulação sobre o futuro ou sobre o passado há, embutida, outra formulação sobre o tempo oposto. / The object of this dissertation is an idea of future or, more specifically, how the future was comprehended in a given historical moment and under certain conditions. This idea of future in our analysis is centered on Herman Kahn, a physic, military strategist and futurist. The constitution of this idea of future was not separated from a comprehension of history and it established a link between among past, present and future. To build it we based on Kosellecks concepts of space of experience and horizon of expectation and we used some ideas from Kosellecks conceptual history. Kahns idea of future started at RAND Corporation, the famous American think tank that advised the US Air Force. At that period, the future was only short term, it was thought at most fifteen years ahead and historical references were also recent, going back only until I and II Wars. Thus, the questions were restricted to the national security, the US defense and the relations with Asia and Europe. After his first book, On thermonuclear war, in 1960, Herman Kahn abandoned RAND. The book was very polemical. Kahn analyzed and accounted in details how a nuclear war could happen and how the country could rise after it. Out of RAND, Kahn established his own think tank, the Hudson Institute, in 1961. Hudson Institute and Herman Kahn widened the time analyzed, reaching two hundred years to the future and ten thousand year to the past in the book The next 200 years, in 1976. This broadened future accompanied a change of US government orientation and some financial difficulties faced by Hudson Institute that stretched for the sixties and the seventies. Beyond that, Hudson Institute was operating not only with American issues, but it was also working with world issues intending to influence multinational corporations and other countries. One of these countries was Brazil. However, in Brazil, Kahn and Hudson Institute suffered ruthless, sarcastic and aggressive critics due to polemical plans and changing and uncertain data. So the Brazilian critics were based on some mistakes of Kahn future study method, but they were based in an emphatic Brazilian government policy. We believe this exposition and analysis of Herman Kahns future studies since 1947 to 1979 provide us a deep reflection about history and the relations among past, present and future, so it is possible to state that some future or past formulation has embedded an implicit formulation about the opposite time.

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