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Inscrever-se(r) entre línguas: o estranho e o familiar em produções escritas por aprendizes de inglês/LE – transferências, historicidades e equívocosARAÚJO, Maria Aldenora Cabral de 10 March 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-03-10 / Este estudo tem por objetivo analisar os efeitos do duplo estranhamento em relatos de
participantes-aprendizes de inglês como língua estrangeira em contexto formal no Brasil.
Tais relatos se organizam sobre a forma de amostras representativas de sequências
discursivas advindas de diários reflexivos e de textos de opinião escritos em 2008 por
sujeitos-aprendizes matriculados no Curso de Graduação de Letras de duas instituições
superiores da cidade de Recife: Universidade Federal de Pernambuco e Faculdade São
Miguel. Para a consecução do objetivo proposto, destacamos os seguintes
questionamentos: (a) que configurações de identificações permeiam a (não)inscrição de
sujeitos-aprendizes na língua inglesa? (b) que estratégias discursivas se tornam visíveis nas
produções escritas de maneira a gerar estranhamentos? (c) o que fica interditado para esse
sujeito na relação entre a LM e LE? Para a obtenção das respostas a estas indagações,
inserimos a pesquisa na perspectiva teórica interpretativa que se encontra no espaço –
conflituoso e tenso – entre as teorias da Análise do Discurso pêcheutiano, da Psicanálise
lacaniana e da Desconstrução Filosófica derrideana, para refletir sobre a divisão
incontornável do sujeito na sua relação com as línguas materna e estrangeira. Os resultados
interpretativos apontam três pontos importantes. Primeiro, que os participantes em sua
posição de sujeitos-aprendizes de inglês são todos atravessados por certo estranhamento
naquela que consideram a língua do outro-estrangeiro, sem que se apercebam que o
estranho é constitutivo da familiaridade com a suposta língua materna. Neste caso, é
possível observar que somos, inevitavelmente, estrangeiros dentro do que nomeamos de
“língua materna”, que não é propriedade de ninguém, a não ser pelas regras políticas e
sociais que o ser humano inventa para (de)marcar fronteiras, fixar o instável, marcar o seu
poder, submetendo outros à sua arbitrariedade, à sua lei; ou então pelas regras dos
esquecimentos que criam a ilusão de que podemos ser originais ao atingir a completude do
dizer. O segundo ponto interpretativo é que a língua estrangeira é marcada pelo confronto,
pelo equívoco entre o que lhe foi instaurado pela língua materna (o desejo de unicidade,
representante daquilo que já está inscrito no sujeito) e o que foi instaurado pela língua da
desestabilização psíquica (o desejo de ver o estranho na forma do diferente, do não sentido,
do não-comum e do incompleto). É neste contexto conflituoso que observamos surgirem
estratégias inconscientes de arranjos e rearranjos para os processos de identificação como
forma ou de apagar o estranho, ou de aproximá-lo do materno, ou de recusá-lo. O terceiro
ponto é que, face ao estranho, discursos emergem através de diferentes movimentos de
identificação do aprendiz: de dominação, de resistência ao outro, de adaptação, de não
despersonalização, de não reconhecimento. / This study aims to analyze the effects of double estrangement in reports of English learners
as a foreign language in formal context in Brazil. These reports are organized in the form
of representative samples of discursive sequences arising from reflexive journals and
opinion texts written in 2008 by subject-learners registered in Graduation Course of Lettres
of two higher education institutions in the city of Recife: Universidade Federal de
Pernambuco and Faculdade São Miguel. For this purpose, we put the following questions:
(a) What are the identification settings that permeate the enrollment or not enrollment of
learners in the English language? (b) What are the discursive strategies that become visible
in the written productions so as to engender the strangeness? (c) What are the interdictions
to this learner in the relation between mother tongue and foreign language? For answers to
these questions, we insert the research in the interpretative theoretical perspective that is in
space – conflictual and tense – among the theories of Pêcheux’s Discourse Analysis, of
Lacan’s Psychoanalysis, and of Derrida’s Philosophical Deconstruction, to reflect on the
inevitable division of learner in his/her relation with the mother tongue and foreign
language. The interpretive results show us three important points. First, participants in their
position of English learners are traversed by a certain estrangement within the language
that they regard as the foreigner other, without that they become aware that the Unheimlich
is constitutive of familiarity with the supposed mother tongue. In this case, we can see that
we are inevitably foreigner within that we named of "mother tongue", which is not the
property of anyone, except for the political and social rules that human beings invented to
demarcate their frontiers, fix the unstable, mark their power, subjecting others to their
arbitrariness, their law; or otherwise by the rules of oblivion that create the illusion that we
can be originals to achieve completeness of say. The second interpretive point is that the
foreign language is marked by confrontation, by misunderstanding between that which was
established by mother tongue (the desire for unity, representative of what is already
inscribed in the subject) and which was established by the psychic destabilization language
(the desire to see the Unheimlich in the forms of different, no-sense, no-common, and
incomplete). In this conflictual context, we observe arise unconscious strategies of
arrangements and rearrangements to the identification process as a way or erase the
Unheimlich, or approximate it to the mother, or refuse it. The third point is that, given the
Unheimlich, discourses emerge through the learner's different identification movements: of
domination, of resistance to the other, of adaptation, of not depersonalization, and of lack
of recognition.
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