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A cidade em movimento: a via expressa e o pensamento urbanístico no século XX / The City in Motion: Expressway and Urbanistic Thinking in the Twentieth Century

Luís Pompeo Martins 24 May 2017 (has links)
Este trabalho apresenta uma visão sobre a conceituação e o desenvolvimento tipológico das vias expressas urbanas durante a primeira metade do século XX. Partindo do entendimento das condições que determinaram a sua invenção para, em seguida, analisar o desenvolvimento técnico dessas infraestruturas nos campos da engenharia e do urbanismo. As promissoras possibilidades que as novas velocidades do automóvel ofereciam no início do século entraram imediatamente em conflito com a estrutura física, histórica e social da cidade tradicional. Para que fosse possível mediar tal embate, seria necessário um novo pacto social do uso da rua que segregasse pessoas e veículos, separando-os entre a calçada e o leito carroçável. É a partir da regulamentação do espaço viário dos centros urbanos - concebida pelos primeiros engenheiros de tráfego, nos Estados Unidos, entre as décadas de 1910 e 1920 - que a rua deixa de ser primordialmente espaço público para se tornar infraestrutura, dedicada ao transporte urbano de pedestres e motoristas. No entanto, a partir da década de 1930, devido ao crescimento dos acidentes de trânsito e dos congestionamentos, tornou-se necessário o desenvolvimento de um novo tipo de infraestrutura, que contemplasse as necessidades do carro, permitindo-lhe trafegar em velocidade com segurança. Era preciso construir um espaço absolutamente segregado, sem nenhum tipo de obstáculo, numa ruptura radical entre suas pistas e o restante da cidade. É dessa forma que surge a via segregada de acesso limitado - a via expressa -, um dos momentos mais contundentes da ideologia rodoviarista no espaço urbano, transformando radicalmente sua estrutura física e social. Ao longo do desenvolvimento da via expressa como tipologia por diversos profissionais, na primeira metade do século XX, sua relação com o espaço urbano é enfrentada de forma dialética. Enquanto algumas propostas negavam a cidade tradicional na sua busca por segregação através de novas formas de urbanismo, outras a enfrentaram, cortando a cidade com suas pistas, tornando os centros urbanos acessíveis ao automóvel. A partir da segunda metade do século XX, a síntese se estabelece. Ambas as formas de relação entre rodovia e cidade - de negação e enfrentamento - prosperam, tornando-se parte da realidade inexorável de uma nova condição urbana. Por fim, em contrapartida, a via expressa é analisada de forma abstrata, através da leitura de aspectos culturais, do conceito de \"progresso\" como um mito contemporâneo, bem como as noções de \"lugar\" e \"não-lugar\", à luz das condições impostas pela modernidade do capitalismo pós-industrial. / This paper presents a vision on the conceptualization and the typological development of urban expressways during the first half of the 20th century. Starting from the understanding of the conditions that determined its invention, and furtherly, analyzing the technical development of these infrastructures in the fields of engineering and urbanism. The promising possibilities offered by the automobile at the turn of the century immediately clashed with the physical, historical, and social structure of the traditional city. In order to mediate such a conflict, a new social pact regarding street use would be needed, managing the segregation between people and vehicles. In the United States, between the 1910s and 1920s, the street regulation conceived by the first traffic engineers transformed the public space of the street into infrastructure, dedicated almost exclusively to the urban transportation of Pedestrians and drivers. However, since the 1930s, due to the increase in traffic accidents and congestion, it became necessary to develop a new type of infrastructure, which would meet the needs of the car, allowing it to travel safely at a proper speed. It has become necessary the construction of an entirely segregated space to the car, rid of any kind of obstacle, in a radical rupture between its tracks and the rest of the city. The urban limited-access highway - also known as the \"expressway\" - emerges along this scenario, being one of the most striking moments of the car culture in urban space, radically transforming its physical and social structure. Throughout the development of the expressway as typology by several professionals, in the first half of the twentieth century, its relationship with urban space is dialectically confronted. While some proposals \"denied\" the traditional city through new forms of road design and urbanism, others \"confronted\" it, cutting through the city with its tracks, making urban centers accessible to the automobile. From the second half of the twentieth century, synthesis is established. Both forms of relationship between highway and city - of denial and confrontation - thrive, becoming part of the inexorable reality of a new urban condition. Finally, the expressway is analyzed in a more abstract approach, through the reading of some of its cultural aspects. The concept of \"progress\" as a contemporary myth is also mentioned, as well as the notions of \"place\" and \"non-place\", regarding the conditions imposed by the modernity of post-industrial capitalism.
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A cidade em movimento: a via expressa e o pensamento urbanístico no século XX / The City in Motion: Expressway and Urbanistic Thinking in the Twentieth Century

Martins, Luís Pompeo 24 May 2017 (has links)
Este trabalho apresenta uma visão sobre a conceituação e o desenvolvimento tipológico das vias expressas urbanas durante a primeira metade do século XX. Partindo do entendimento das condições que determinaram a sua invenção para, em seguida, analisar o desenvolvimento técnico dessas infraestruturas nos campos da engenharia e do urbanismo. As promissoras possibilidades que as novas velocidades do automóvel ofereciam no início do século entraram imediatamente em conflito com a estrutura física, histórica e social da cidade tradicional. Para que fosse possível mediar tal embate, seria necessário um novo pacto social do uso da rua que segregasse pessoas e veículos, separando-os entre a calçada e o leito carroçável. É a partir da regulamentação do espaço viário dos centros urbanos - concebida pelos primeiros engenheiros de tráfego, nos Estados Unidos, entre as décadas de 1910 e 1920 - que a rua deixa de ser primordialmente espaço público para se tornar infraestrutura, dedicada ao transporte urbano de pedestres e motoristas. No entanto, a partir da década de 1930, devido ao crescimento dos acidentes de trânsito e dos congestionamentos, tornou-se necessário o desenvolvimento de um novo tipo de infraestrutura, que contemplasse as necessidades do carro, permitindo-lhe trafegar em velocidade com segurança. Era preciso construir um espaço absolutamente segregado, sem nenhum tipo de obstáculo, numa ruptura radical entre suas pistas e o restante da cidade. É dessa forma que surge a via segregada de acesso limitado - a via expressa -, um dos momentos mais contundentes da ideologia rodoviarista no espaço urbano, transformando radicalmente sua estrutura física e social. Ao longo do desenvolvimento da via expressa como tipologia por diversos profissionais, na primeira metade do século XX, sua relação com o espaço urbano é enfrentada de forma dialética. Enquanto algumas propostas negavam a cidade tradicional na sua busca por segregação através de novas formas de urbanismo, outras a enfrentaram, cortando a cidade com suas pistas, tornando os centros urbanos acessíveis ao automóvel. A partir da segunda metade do século XX, a síntese se estabelece. Ambas as formas de relação entre rodovia e cidade - de negação e enfrentamento - prosperam, tornando-se parte da realidade inexorável de uma nova condição urbana. Por fim, em contrapartida, a via expressa é analisada de forma abstrata, através da leitura de aspectos culturais, do conceito de \"progresso\" como um mito contemporâneo, bem como as noções de \"lugar\" e \"não-lugar\", à luz das condições impostas pela modernidade do capitalismo pós-industrial. / This paper presents a vision on the conceptualization and the typological development of urban expressways during the first half of the 20th century. Starting from the understanding of the conditions that determined its invention, and furtherly, analyzing the technical development of these infrastructures in the fields of engineering and urbanism. The promising possibilities offered by the automobile at the turn of the century immediately clashed with the physical, historical, and social structure of the traditional city. In order to mediate such a conflict, a new social pact regarding street use would be needed, managing the segregation between people and vehicles. In the United States, between the 1910s and 1920s, the street regulation conceived by the first traffic engineers transformed the public space of the street into infrastructure, dedicated almost exclusively to the urban transportation of Pedestrians and drivers. However, since the 1930s, due to the increase in traffic accidents and congestion, it became necessary to develop a new type of infrastructure, which would meet the needs of the car, allowing it to travel safely at a proper speed. It has become necessary the construction of an entirely segregated space to the car, rid of any kind of obstacle, in a radical rupture between its tracks and the rest of the city. The urban limited-access highway - also known as the \"expressway\" - emerges along this scenario, being one of the most striking moments of the car culture in urban space, radically transforming its physical and social structure. Throughout the development of the expressway as typology by several professionals, in the first half of the twentieth century, its relationship with urban space is dialectically confronted. While some proposals \"denied\" the traditional city through new forms of road design and urbanism, others \"confronted\" it, cutting through the city with its tracks, making urban centers accessible to the automobile. From the second half of the twentieth century, synthesis is established. Both forms of relationship between highway and city - of denial and confrontation - thrive, becoming part of the inexorable reality of a new urban condition. Finally, the expressway is analyzed in a more abstract approach, through the reading of some of its cultural aspects. The concept of \"progress\" as a contemporary myth is also mentioned, as well as the notions of \"place\" and \"non-place\", regarding the conditions imposed by the modernity of post-industrial capitalism.

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