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\"Variabilidade biológica entre sambaquieiros: Um estudo de morfologia dentária\" / \"Biological variability between sambaquis populations by discrete dental analysis\"Bartolomucci, Ligia Benedetto Giardini 26 April 2006 (has links)
Estudos arqueológicos realizados em sambaquis fluviais sugerem proximidade cultural entre estes e os sambaquis litorâneos. No entanto, existem poucos trabalhos que abordam as relações biológicas e os processos microevolutivos destes sambaquieiros, mesmo por que coleções osteológicas de sambaquieiros fluviais são conquistas recentes da arqueologia nacional. Visando lançar luz sobre este importante aspecto da antropologia biológica e da arqueologia brasileira, o presente trabalho tem como principal objetivo estimar a biodistância entre grupos de indivíduos que perfazem coleções osteológicas humanas provenientes de sambaquis fluviais e litorâneos através de 33 variáveis morfológicas não-métricas dentárias. Os caracteres dentários são de determinação genética, dificilmente alterados por fatores ambientais. Além disso, preservam-se bem no registro arqueológico, são de fácil análise, sendo importantes marcadores para estudos de biodistância. Para este estudo foram observadas variáveis dentárias de 1958 coroas e de 3260 raízes de dentes permanentes de um total de 239 indivíduos provenientes de quatro sítios fluviais do Vale do Ribeira (Capelinha, Estreito, Moraes, Pavão XVI) e sete sítios arqueológicos do Paraná e Santa Catarina (Enseada I, Guaraguaçu, Itaquara, Jabuticabeira II, Matinhos, Morro do Ouro e Rio Comprido). As análises foram realizadas de três formas diferentes: 1) Os sítios foram comparados um a um; 2) Os sítios foram agrupados em quatro regiões diferentes (São Paulo, Paraná, norte de Santa Catarina e sul de Santa Catarina) e estas regiões foram comparadas entre si; 3) Foi mantida a região de São Paulo, composta pelos sítios fluviais do Vale do Ribeira, e esta foi comparada com cada um dos outros sítios separadamente. Desta forma foi possível discutir as relações de distância biológica entre estes diferentes agrupamentos quanto a aspectos distintos. Várias maneiras diferentes de análise foram utilizadas para estimar a distância biológica: a Medida Média de Divergência (MMD) segundo duas fórmulas distintas, o teste de Sanghvi, o Escalonamento Multidimensional e a análise de Cluster. A maioria dos resultados dos diferentes testes quanto aos distintos agrupamentos indicam que os indivíduos do sambaqui fluvial Moraes encontram-se dentro da variabilidade biológica dos sambaquieiros litorâneos estudados, sendo que se assemelham biologicamente mais aos indivíduos provenientes dos sítios litorâneos do Paraná. Arqueologicamente estas regiões não se assemelham, o que exige a realização de outros trabalhos para que esta discrepância possa ser compreendida. Foram observadas diferenças biológicas significativas entre alguns grupos de sambaquieiros litorâneos. Estes resultados corroboram estudos anteriores tanto da arqueologia quanto da antropologia biológica, em que se observaram diferenças entre alguns sambaquis litorâneos. Os diferentes métodos estatísticos utilizados no presente estudo mostraram divergências em alguns casos, cujas implicações são discutidas. Para melhor compreender a relação dos sambaquieiros fluviais com outros grupos sambaquieiros e do interior do Brasil, são necessários novos trabalhos incluindo um maior número de indivíduos e outros sítios na amostra. Só assim poderá ser verificado se os grupos fluviais continuam fazendo parte da variação morfológica encontrada entre os grupos litorâneos ou não. / Archaeological studies of fluvial shellmounds have shown cultural similarities between them and their counterparts on the coast. However, there are only a few reports on the biological affinities and the microevolutionary processes regarding those shellmound dwellers, mainly because human remains regarding these fluvial sites are recent advents in Brazilian archaeology. In order to shed light on this important aspect of Brazilian biological anthropology, the aim of the present thesis is to estimate the biodistance between osteological collections originating from fluvial as well as coastal shellmounds using 33 non-metric dental traits. Dental non-metric traits are genetically determined and rarely are influenced by environmental factors. Furthermore, they preserve very well in the archaeological record and are easily evaluated. Thus, dental traits constitute valuable markers for biodistance studies. For the present work we observed dental traits in 1958 dental crowns and in 3260 dental roots from 239 individuals coming from four fluvial shellmounds from the Vale do Ribeira (Capelinha, Estreito, Moraes, Pavão XVI) e seven coastal sites from the states of Paraná and Santa Catarina (Enseada I, Guaraguaçu, Itaquara, Jabuticabeira II, Matinhos, Morro do Ouro e Rio Comprido). The analyses were carried out according to three different groupings: 1) each site was compared to all others separately 2) the sites were classified into four different regions (São Paulo, Paraná, Northern Santa Catarina and Southern Santa Catarina) and then compared; 3) The region São Paulo, containing the fluvial sites of the Vale do Ribeira was maintained, and this region was compared to each of the remaining sites separately. This approach allowed discussing the biodistance between the groups with more detail and control. Different tests of estimating biodistance were used: the Mean Measure of Divergence (MMD) according to two distinct formulae, the Sanghvi test, the Multidimensional Scaling and, finally, the cluster analysis. Most of the results indicate that the individuals from the fluvial shellmound Moraes lie in the range of variability observed for the coastal sites studied here, however, they are biological more similar in respect to the individuals from the sites of the region Paraná. Archaeologically these two regions are quite different. This calls for further studies. On the other hand, there are some significant morphological differences between the coastal sites, corroborating former results of archaeological as well as bioanthropological reports. The different methods used in the present study show some divergent results. Their implications are discussed. To better comprehend the biological relation between fluvial shellmound dwellers and groups from coastal as well as interior sites, further work is necessary, especially including a greater number of individuals as well as sites. Only then it is possible to know if the fluvial shellmounds maintain their position in the range of variability encountered for the coastal sites or not.
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\"Variabilidade biológica entre sambaquieiros: Um estudo de morfologia dentária\" / \"Biological variability between sambaquis populations by discrete dental analysis\"Ligia Benedetto Giardini Bartolomucci 26 April 2006 (has links)
Estudos arqueológicos realizados em sambaquis fluviais sugerem proximidade cultural entre estes e os sambaquis litorâneos. No entanto, existem poucos trabalhos que abordam as relações biológicas e os processos microevolutivos destes sambaquieiros, mesmo por que coleções osteológicas de sambaquieiros fluviais são conquistas recentes da arqueologia nacional. Visando lançar luz sobre este importante aspecto da antropologia biológica e da arqueologia brasileira, o presente trabalho tem como principal objetivo estimar a biodistância entre grupos de indivíduos que perfazem coleções osteológicas humanas provenientes de sambaquis fluviais e litorâneos através de 33 variáveis morfológicas não-métricas dentárias. Os caracteres dentários são de determinação genética, dificilmente alterados por fatores ambientais. Além disso, preservam-se bem no registro arqueológico, são de fácil análise, sendo importantes marcadores para estudos de biodistância. Para este estudo foram observadas variáveis dentárias de 1958 coroas e de 3260 raízes de dentes permanentes de um total de 239 indivíduos provenientes de quatro sítios fluviais do Vale do Ribeira (Capelinha, Estreito, Moraes, Pavão XVI) e sete sítios arqueológicos do Paraná e Santa Catarina (Enseada I, Guaraguaçu, Itaquara, Jabuticabeira II, Matinhos, Morro do Ouro e Rio Comprido). As análises foram realizadas de três formas diferentes: 1) Os sítios foram comparados um a um; 2) Os sítios foram agrupados em quatro regiões diferentes (São Paulo, Paraná, norte de Santa Catarina e sul de Santa Catarina) e estas regiões foram comparadas entre si; 3) Foi mantida a região de São Paulo, composta pelos sítios fluviais do Vale do Ribeira, e esta foi comparada com cada um dos outros sítios separadamente. Desta forma foi possível discutir as relações de distância biológica entre estes diferentes agrupamentos quanto a aspectos distintos. Várias maneiras diferentes de análise foram utilizadas para estimar a distância biológica: a Medida Média de Divergência (MMD) segundo duas fórmulas distintas, o teste de Sanghvi, o Escalonamento Multidimensional e a análise de Cluster. A maioria dos resultados dos diferentes testes quanto aos distintos agrupamentos indicam que os indivíduos do sambaqui fluvial Moraes encontram-se dentro da variabilidade biológica dos sambaquieiros litorâneos estudados, sendo que se assemelham biologicamente mais aos indivíduos provenientes dos sítios litorâneos do Paraná. Arqueologicamente estas regiões não se assemelham, o que exige a realização de outros trabalhos para que esta discrepância possa ser compreendida. Foram observadas diferenças biológicas significativas entre alguns grupos de sambaquieiros litorâneos. Estes resultados corroboram estudos anteriores tanto da arqueologia quanto da antropologia biológica, em que se observaram diferenças entre alguns sambaquis litorâneos. Os diferentes métodos estatísticos utilizados no presente estudo mostraram divergências em alguns casos, cujas implicações são discutidas. Para melhor compreender a relação dos sambaquieiros fluviais com outros grupos sambaquieiros e do interior do Brasil, são necessários novos trabalhos incluindo um maior número de indivíduos e outros sítios na amostra. Só assim poderá ser verificado se os grupos fluviais continuam fazendo parte da variação morfológica encontrada entre os grupos litorâneos ou não. / Archaeological studies of fluvial shellmounds have shown cultural similarities between them and their counterparts on the coast. However, there are only a few reports on the biological affinities and the microevolutionary processes regarding those shellmound dwellers, mainly because human remains regarding these fluvial sites are recent advents in Brazilian archaeology. In order to shed light on this important aspect of Brazilian biological anthropology, the aim of the present thesis is to estimate the biodistance between osteological collections originating from fluvial as well as coastal shellmounds using 33 non-metric dental traits. Dental non-metric traits are genetically determined and rarely are influenced by environmental factors. Furthermore, they preserve very well in the archaeological record and are easily evaluated. Thus, dental traits constitute valuable markers for biodistance studies. For the present work we observed dental traits in 1958 dental crowns and in 3260 dental roots from 239 individuals coming from four fluvial shellmounds from the Vale do Ribeira (Capelinha, Estreito, Moraes, Pavão XVI) e seven coastal sites from the states of Paraná and Santa Catarina (Enseada I, Guaraguaçu, Itaquara, Jabuticabeira II, Matinhos, Morro do Ouro e Rio Comprido). The analyses were carried out according to three different groupings: 1) each site was compared to all others separately 2) the sites were classified into four different regions (São Paulo, Paraná, Northern Santa Catarina and Southern Santa Catarina) and then compared; 3) The region São Paulo, containing the fluvial sites of the Vale do Ribeira was maintained, and this region was compared to each of the remaining sites separately. This approach allowed discussing the biodistance between the groups with more detail and control. Different tests of estimating biodistance were used: the Mean Measure of Divergence (MMD) according to two distinct formulae, the Sanghvi test, the Multidimensional Scaling and, finally, the cluster analysis. Most of the results indicate that the individuals from the fluvial shellmound Moraes lie in the range of variability observed for the coastal sites studied here, however, they are biological more similar in respect to the individuals from the sites of the region Paraná. Archaeologically these two regions are quite different. This calls for further studies. On the other hand, there are some significant morphological differences between the coastal sites, corroborating former results of archaeological as well as bioanthropological reports. The different methods used in the present study show some divergent results. Their implications are discussed. To better comprehend the biological relation between fluvial shellmound dwellers and groups from coastal as well as interior sites, further work is necessary, especially including a greater number of individuals as well as sites. Only then it is possible to know if the fluvial shellmounds maintain their position in the range of variability encountered for the coastal sites or not.
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