A identidade formal pode ser apontada como a alma da arquitetura. Em diversas obras recentes a arquitetura tem sido concebida como uma forma que se define, entre outras razões, pela relação com o contexto. Uma relação que busca diferenciação, por contraste ou por neutralidade, um procedimento básico na arquitetura. Por outro lado, pode haver diferenciação sem relação com o contexto. Pode contrastar sem estabelecer qualquer relação cujo sentido deixa de se referir ao objeto e seu contexto, mas a outro ente de razão a ser representado na materialidade do objeto. Reconhecendo a dualidade que há na natureza das relações formais, particularmente a que se refere à articulação entre aspectos convencionais e contingentes na obtenção de uma síntese formal, explora-se essa dualidade para a compreensão da relação entre forma e contexto, tendo como critério legitimador o conceito de consistência formal. Para se aprimorar essa abordagem foi preciso compreender melhor a dualidade do conceito de forma, sua origem e seu desenvolvimento que culmina com a modernidade. Para verificação empírica, a abordagem foi aplicada aos projetos apresentados em dois concursos internacionais de projeto: o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e a Ampliação da Biblioteca de Estocolmo, nos quais os distintos contextos eram especialmente significativos. Foi possível identificar e distinguir projetos nos quais a forma, independentemente de sua excepcionalidade, pôde ser relacionada aos elementos intrínsecos dos projetos, assim como projetos em que a forma não se relacionava aos aspectos da constituição do objeto. Pôde-se confirmar a relação entre forma e contexto como dualidade entre aspectos convencionais e contingentes, os quais puderam ser legitimados pelo critério da consistência formal. Um aspecto básico para a identidade visual da arquitetura, em última instância. / Formal identity can be regarded as the soul of architecture. In several recent works the architecture has been conceived as a form that is defined, among other reasons, by the relation with the context. A relationship that seeks differentiation, by contrast or by neutrality, a basic procedure in architecture. On the other hand, there can be differentiation unrelated to context. It can contrast without establishing any relation, whose meaning ceases to refer to the object and its context, but to another being of reason to be represented in the materiality of the object. Recognizing the duality in the nature of formal relations, particularly the one that refers to the articulation between conventional and contingent aspects in obtaining a formal synthesis, this duality is explored in order to understand the relation between form and context, having the legitimating criterion concept of formal consistency. In order to improve this approach, it was necessary to better understand the duality of the concept of form, its origin and its development, culminating with modernity. For empirical verification, the approach was applied to the projects presented in two international design contests: the Rio de Janeiro Image and Sound Museum and the Stockholm Library Enlargement, in which the different contexts were especially significant. It was possible to identify and distinguish projects in which form, regardless of its exceptionality, could be related to the intrinsic elements of the projects, as well as projects in which the form was not related to the aspects of the constitution of the object. It was possible to confirm the relation between form and context as a duality between conventional and contingent aspects, which could be legitimized by the criterion of formal consistency. A basic aspect for the visual identity of the architecture, ultimately.