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Desvalorização Do Trabalho E Consumo Honorífico Em RecifeSILVA FILHO, Paulo Alexandre da January 2007 (has links)
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Previous issue date: 2007 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Partindo-se da evidência segundo a qual persiste todo um panorama de relação entre
valorização-desvalorização dos indivíduos em função do tipo de ofício desempenhado e a
capacidade de consumo distintivo como meio de ressaltar a condição social, tomamos o
ímpeto de avaliar estes processos na sociedade escravista brasileira. Sob a vigência do regime
escravista, a ação e o espectro de suas implicações eram abrangentes, afetando a dimensão de
reconhecimento e valoração das atividades empreendidas na produção direta, uma vez que os
ofícios manuais estavam associados a um pejorativo estado de submissão e desvalorização
social de seu realizador. Impregnados por estigmas simbólicos que tendiam a impingir um
degradante grau de vexame social, estes ofícios e atividades eram evitados por indivíduos
livres porque estavam associados ao degradante estado da condição cativa de existência. Além
de contaminar determinados ofícios mecânicos com o aviltamento associado ao trabalho
escravo e seu emprego em tais atividades, a mentalidade predominante acabou por ressaltar a
isenção de tais ofícios como meio de diferenciação. Como maneira mais ressaltada de
demonstrar um privilegiado estado de subsistência e status, indivíduos que orbitavam entre
meios mais abastados ou mesmo que dispunham de condições apenas suficientes para escapar
de tal condição subalterna acorriam a meios capazes de anunciar e alardear sua situação seja
no emprego de tempo e esforço em atividades intocadas por tal mácula. Tomando-se ainda o
consumo como fator distintivo, evidencia-se que a capacidade de dispor de meios materiais
suficientes para o dispêndio em bens que agregam valores simbólicos honoríficos era algo
amplamente perseguido por quem pretendesse indicar um efetivo ou suposto estado de
reconhecimento social. A ambientação deste estudo na cidade do Recife no período de
governo de Francisco do Rêgo Barros, então Barão da Boa Vista (1837-1844), encontramos,
considerando a possibilidade documental, um apelo para o fato de que em tais circunstâncias,
além da condição depreciativa sobre o trabalho braçal persistiu um apelo pelo desejo e pelo
projeto de modernização civilizador da cidade, considerando os moldes e perspectivas da
elite local influenciados por modelos de civilidade europeus. Esta proposta reivindicava dotar
a cidade de estruturas de convivência e fluência de maneirismos e hábitos presumivelmente
renovados de civilização e requinte. Tal ambiente tornava mais propício o impulso pelo
consumo honorífico e pelas maneiras e costumes que envergassem maiores apelos distintivos.
Tomando como fontes a imprensa escrita através de artigos, notícias e anúncios, relatos de
cronistas contemporâneos e documentação inventarial e testamentos, o estudo parte de
aspectos contidos na obra A teoria da classe ociosa, de Thorstein Veblen, e busca avaliar o
emprego do consumo e da isenção relativa ao trabalho manual na capital pernambucana em
um período tido como áureo de desenvolvimento da província em termos produtivos, políticos
e também em termos de sua vida sócio-cultural
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