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Inspirações sobre o fazer(-se) polític@ entre os Guarani-Mbya / Inspirations on making (oneself) politic(al)s among the Guarani-MbyaAranha, Aline de Oliveira 20 December 2017 (has links)
A intenção aqui é pensar como as transformações nas formas e estratégias mbya de liderança e ação cosmopolítica são mobilizados e produzidos, criativamente, no confronto cada vez mais intenso com a política e modo de ser, pensar e de se comportar jurua (não-indígena), elucidando o (in)tenso trabalho de tradução implicado nessas e em outras amplas redes de relações que compõem o mundo guarani. Há aí toda uma gestão e mobilização dessas relações de aliança e parentesco, em que diferentes domínios e perspectivas demandam diferentes retóricas e ações, e identidades étnicas tornam-se armas políticas, principalmente após a Constituição de 1988, envolvendo então toda uma diplomacia cosmopolítica mbya que parte de uma ética de moderação, xamânica, com vistas à fabricação de pessoas e coletivos saudáveis e alegres nesta terra perecível (tekoaxy), e se acentua ainda mais nesse contexto de constrangimento territorial e superpovoação, que impõe diversos limites ao exercício de sua territorialidade. Estas transformações estão inseridas em contextos como os de luta pela demarcação de terras e salvaguarda de direitos indígenas constitucionais, tal como em projetos de fortalecimento cultural sob a rubrica da cultura, nos quais o domínio da burocracia passa a corresponder a um maior domínio da arena de batalha e, com isso, afirmação e demarcação da diferença e resistência mbya contra o Estado. Retórica esta que passa então a afetar diretamente a produção de enunciados e perspectivas guarani para o futuro de suas lideranças e de sua comunidade. Estamos também diante de um contexto cada vez maior de valorização e protagonismo público de jovens mulheres mbya (kunhãgue), assim como da abertura e conquista de espaços de fala e atuação política no âmbito da comunidade, antes majoritariamente ocupados por figuras masculinas ou mais velhas e experientes. A partir disso, buscamos então refletir sobre a complementaridade e fortalecimento mútuo de ambos sujeitos, kunhãgue e avakue (homens mbya), e como suas diferentes capacidades-poderes (-poaka) se relacionam aos processos mbya de construção e composição de pessoas, lideranças e chefias, coletivos, discursos e práticas. A ideia então é alargamos de fato nossas concepções de política e pensar as movimentações desempenhadas pelos diversos sujeitos correspondendo mais a disposições cosmopolíticas diferenciantes e, portanto, relacionais, do que a funções ou (o)posições propriamente ditas ou mesmo fixas, a capacidades singulares de agir, fazer agir, afetar e ser afetado, que contam com diferentes modalidades e estilos de liderança e áreas de atuação, influência e prestígio. Tais figuras políticas podem ainda ser pensadas como tradutoras de mundos ou diplomatas cosmopolíticas, transitando por diferentes códigos e agenciando diferentes mundos. / The intention here is to think about how transformations in mbya manners and strategies of leadership and cosmopolitical action are, creatively, mobilized and produced in the increasingly intense confrontation with the politics and the manner of being, thinking and, the so called, behaving jurua (non-indigenous), elucidating the (in)tense work of translation implied in these and other bonds of relations that make up the Guarani world. There is a whole management and mobilization of these relations of alliance and kinship, in which different domains and perspectives demand different rhetoric and different actions, and ethnic identities become political weapons, especially after the Brazilian Constitution of 1988, involving a whole mbya cosmopolitical diplomacy that starts from an ethics of moderation, shamanic, with a view to the production of healthy and joyful people and groups in this perishable land (tekoaxy), and is even more accentuated in this context of territorial constraint and overpopulation, which imposes various limits on the exercise of its territoriality. These transformations are embedded in contexts such as the struggle for land demarcation and the safeguarding of indigenous constitutional rights, as in cultural strengthening projects under the rubric of culture (with commas), in which the mastery of bureaucracy implies a better domain of the battlefield and, with that, the affirmation and demarcation of the difference and resistance Mbya against the State. This rhetoric, thus, directly affects the production of Guarani statements and perspectives for the future of its leaders and its community. We are also faced with a growing context of valorization and public protagonism of young mbya women (kunhãgue), as well as the opening and conquest of spaces of speech and political activity within the community, previously mostly occupied by male figures or older and more experienced people. From this, we seek to reflect on the complementarity and mutual strengthening of both subjects, kunhãgue and avakue (mbya men), and how their different capacities-powers (-poaka) relate to the mbya processes of construction and composition of people, leadership, collectives, discourses and practices. The idea then is to widen our conceptions of politics and to think the movements performed by the various subjects as corresponding more to differententiating cosmopolitical dispositions, therefore, relational, than to functions or proper (o)positions or even fixed ones, more a singular capacities-powers of act, make acting, affect and be affected, that count with different modalities and styles of leadership and areas of influence and prestige. Such political figures can still be thought as translators of worlds or cosmopolitical diplomats, transiting through different codes and agencing different worlds.
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Inspirações sobre o fazer(-se) polític@ entre os Guarani-Mbya / Inspirations on making (oneself) politic(al)s among the Guarani-MbyaAline de Oliveira Aranha 20 December 2017 (has links)
A intenção aqui é pensar como as transformações nas formas e estratégias mbya de liderança e ação cosmopolítica são mobilizados e produzidos, criativamente, no confronto cada vez mais intenso com a política e modo de ser, pensar e de se comportar jurua (não-indígena), elucidando o (in)tenso trabalho de tradução implicado nessas e em outras amplas redes de relações que compõem o mundo guarani. Há aí toda uma gestão e mobilização dessas relações de aliança e parentesco, em que diferentes domínios e perspectivas demandam diferentes retóricas e ações, e identidades étnicas tornam-se armas políticas, principalmente após a Constituição de 1988, envolvendo então toda uma diplomacia cosmopolítica mbya que parte de uma ética de moderação, xamânica, com vistas à fabricação de pessoas e coletivos saudáveis e alegres nesta terra perecível (tekoaxy), e se acentua ainda mais nesse contexto de constrangimento territorial e superpovoação, que impõe diversos limites ao exercício de sua territorialidade. Estas transformações estão inseridas em contextos como os de luta pela demarcação de terras e salvaguarda de direitos indígenas constitucionais, tal como em projetos de fortalecimento cultural sob a rubrica da cultura, nos quais o domínio da burocracia passa a corresponder a um maior domínio da arena de batalha e, com isso, afirmação e demarcação da diferença e resistência mbya contra o Estado. Retórica esta que passa então a afetar diretamente a produção de enunciados e perspectivas guarani para o futuro de suas lideranças e de sua comunidade. Estamos também diante de um contexto cada vez maior de valorização e protagonismo público de jovens mulheres mbya (kunhãgue), assim como da abertura e conquista de espaços de fala e atuação política no âmbito da comunidade, antes majoritariamente ocupados por figuras masculinas ou mais velhas e experientes. A partir disso, buscamos então refletir sobre a complementaridade e fortalecimento mútuo de ambos sujeitos, kunhãgue e avakue (homens mbya), e como suas diferentes capacidades-poderes (-poaka) se relacionam aos processos mbya de construção e composição de pessoas, lideranças e chefias, coletivos, discursos e práticas. A ideia então é alargamos de fato nossas concepções de política e pensar as movimentações desempenhadas pelos diversos sujeitos correspondendo mais a disposições cosmopolíticas diferenciantes e, portanto, relacionais, do que a funções ou (o)posições propriamente ditas ou mesmo fixas, a capacidades singulares de agir, fazer agir, afetar e ser afetado, que contam com diferentes modalidades e estilos de liderança e áreas de atuação, influência e prestígio. Tais figuras políticas podem ainda ser pensadas como tradutoras de mundos ou diplomatas cosmopolíticas, transitando por diferentes códigos e agenciando diferentes mundos. / The intention here is to think about how transformations in mbya manners and strategies of leadership and cosmopolitical action are, creatively, mobilized and produced in the increasingly intense confrontation with the politics and the manner of being, thinking and, the so called, behaving jurua (non-indigenous), elucidating the (in)tense work of translation implied in these and other bonds of relations that make up the Guarani world. There is a whole management and mobilization of these relations of alliance and kinship, in which different domains and perspectives demand different rhetoric and different actions, and ethnic identities become political weapons, especially after the Brazilian Constitution of 1988, involving a whole mbya cosmopolitical diplomacy that starts from an ethics of moderation, shamanic, with a view to the production of healthy and joyful people and groups in this perishable land (tekoaxy), and is even more accentuated in this context of territorial constraint and overpopulation, which imposes various limits on the exercise of its territoriality. These transformations are embedded in contexts such as the struggle for land demarcation and the safeguarding of indigenous constitutional rights, as in cultural strengthening projects under the rubric of culture (with commas), in which the mastery of bureaucracy implies a better domain of the battlefield and, with that, the affirmation and demarcation of the difference and resistance Mbya against the State. This rhetoric, thus, directly affects the production of Guarani statements and perspectives for the future of its leaders and its community. We are also faced with a growing context of valorization and public protagonism of young mbya women (kunhãgue), as well as the opening and conquest of spaces of speech and political activity within the community, previously mostly occupied by male figures or older and more experienced people. From this, we seek to reflect on the complementarity and mutual strengthening of both subjects, kunhãgue and avakue (mbya men), and how their different capacities-powers (-poaka) relate to the mbya processes of construction and composition of people, leadership, collectives, discourses and practices. The idea then is to widen our conceptions of politics and to think the movements performed by the various subjects as corresponding more to differententiating cosmopolitical dispositions, therefore, relational, than to functions or proper (o)positions or even fixed ones, more a singular capacities-powers of act, make acting, affect and be affected, that count with different modalities and styles of leadership and areas of influence and prestige. Such political figures can still be thought as translators of worlds or cosmopolitical diplomats, transiting through different codes and agencing different worlds.
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