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Revisão sistemática e ontogenética dos materiais cranianos atribuídos ao gênero Mariliasuchus (Crocodyliformes, Notosuchia) e suas implicações taxonômicas e paleobiológicas / Sistematic and ontogenetic review of the cranial materials assigned to the genus Mariliasuchus (Crocodyliformes, Notosuchia) and its taxonomic and palaeobiological implicationsAugusta, Bruno Gonçalves 22 November 2013 (has links)
Mariliasuchus amarali Carvalho & Bertini 1999 é um crocodilomorfo Notosuchia do Cretáceo da Bacia Bauru. Este táxon possui um registro fóssil relativamente comum, e diversos espécimes (incluindo animais juvenis) são conhecidos. Portanto, ele representa um dos poucos táxons fósseis que permitem uma análise ontogenética, e seu desenvolvimento foi comparado com o do gênero Caiman (incluindo C. latirostris, C. crocodilus e C. yacare), um crocodilomorfo atual de ampla distribuição pela América do Sul. Foram empregadas as seguintes metodologias para comparação das trajetórias ontogenéticas dos táxons fóssil e atual: descrição qualitativa, morfometria linear e morfometria geométrica. Os dados obtidos destacaram trajetórias ontogenéticas comuns aos dois táxons, que foram interpretadas como o resultado de um padrão plesiomórfico aos Crocodyliformes, e distintas trajetórias ontogenéticas que foram relacionadas, principalmente, a diferentes adaptações ecomorfológicas. A ocorrência de tendências ontogenéticas como a manutenção de uma fenestra supratemporal de grandes proporções ao longo da ontogenia, a expansão anterior do articular e do côndilo mandibular do quadrado, o aumento na espessura da camada de esmalte dentário e a alometria positiva das fenestras infratemporal e mandibular sugerem que Mariliasuchus amarali aumentava gradativamente seu controle e capacidade de processamento alimentar ao longo de seu desenvolvimento. A análise ontogenética também mostrou fortes evidências de que o espécime UFRJ-DG 56-R, interpretado por Nobre et al. (2007a) como uma nova espécie dentro do gênero Mariliasuchus (M. robustus), é na verdade um indivíduo de M. amarali em avançado estágio de desenvolvimento e não uma nova espécie. O espécime MZSP-PV 760 é descrito pela primeira vez no presente trabalho. Suas características anatômicas sugerem que o mesmo não é um indivíduo juvenil de Mariliasuchus, como pensado anteriormente, mas parece estar relacionado ao clado que inclui ambos M. amarali e Adamantinasuchus navae (outro crocodilomorfo da Bacia Bauru). MZSP-PV 760 representa o mais jovem crocodilomorfo pós-embrionário já descrito para o Cretáceo de Gondwana. Uma reanálise da dentição altamente heterodonte em M. amarali mostrou a ocorrência de um novo morfótipo dentário (pré-molariforme), descrito pela primeira vez no presente trabalho. Uma coroa de cada morfótipo dentário foi extraída do espécime MZSP-PV 813 para análise da microanatomia do esmalte dentário e do padrão de organização dos cristais de esmalte, descritos pela primeira vez para um Notosuchia. A descrição de um novo morfótipo dentário representa uma inesperada adição para uma já complexa condição heterodonte em M. amarali, corroborando com a hipótese de OConnor et al. (2010) de que os Notosuchia podem ter ocupado nichos ecológicos e ecomorfoespaços, durante o Cretáceo do Gondwana, tão complexos quanto os de mamíferos. / Mariliasuchus amarali Carvalho & Bertini 1999 is a notosuchian crocodyliform from the Cretaceous of Bauru Basin (Brazil). This taxon has a fossil record that is relatively common, and several specimens (including juveniles) are known. Therefore, it represents one of the few fossil taxa that allows an ontogenetic approach, and its development was compared with the genus Caiman (including C. latirostris, C. crocodilus and C. yacare), a widespread South American crocodyliform. I used the following methodologies for the comparison of the ontogenetic trajectories of the fossil and living taxa: qualitative description, traditional morphometrics and geometric morphometrics. The data highlighted common ontogenetic trajectories that were interpreted as the result of a plesiomorphic pattern for Crocodyliformes, and distinct ontogenetic trajectories that were related mainly to different ecomorphological adaptations. The occurrence of ontogenetic trends as the retention of a large supratemporal fenestra along the ontogenetic development, the anterior expansion of the articular and the articular condyle of the quadrate, the thickening of the enamel cap in the teeth crowns, and the positive allometry of both infratemporal and mandibular fenestrae, suggest that Mariliasuchus amarali gradually increased its control and capacity of food processing along its ontogeny. The ontogenetic analysis also provided compeling evidence that specimen UFRJ-DG 56-R, interpreted by Nobre et al. (2007a) as a new species of the genus Mariliasuchus (M. robustus), is actually an individual of M. amarali in an advanced stage of development rather than a new species. Specimen MZSP-PV 760 is described for the first time here. Its anatomical characteristics suggest that this individual is not a juvenile specimen of Mariliasuchus amarali, as previously thought, but rather appears to be related to the clade that includes both M. amarali and Adamantinasuchus navae (another Bauru Basin crocodyliform). MZSP-PV 760 represents the youngest post-hatchling crocodyliform described for the Cretaceous of Gondwana. A reevaluation of the highly heterodont dentition of M. amarali showed the occurrence of a new tooth morphotype (premolariform), described here for the first time. A crown from each tooth morphotype was extracted from the specimen MZSP-PV 813 to perform an analysis of the enamel microanatomy and organizational patterns of enamel crystallities, described for the first time within Notosuchia. The description of a new tooth morphotype represents an unexpected addition to an already complex heterodont condition in M. amarali, adding to OConnor et al.s (2010) hypothesis that Notosuchia could have filled complex niches and ecomorphospaces during the Cretaceous of Gondwana similar to the ones occupied by mammals.
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Revisão sistemática e ontogenética dos materiais cranianos atribuídos ao gênero Mariliasuchus (Crocodyliformes, Notosuchia) e suas implicações taxonômicas e paleobiológicas / Sistematic and ontogenetic review of the cranial materials assigned to the genus Mariliasuchus (Crocodyliformes, Notosuchia) and its taxonomic and palaeobiological implicationsBruno Gonçalves Augusta 22 November 2013 (has links)
Mariliasuchus amarali Carvalho & Bertini 1999 é um crocodilomorfo Notosuchia do Cretáceo da Bacia Bauru. Este táxon possui um registro fóssil relativamente comum, e diversos espécimes (incluindo animais juvenis) são conhecidos. Portanto, ele representa um dos poucos táxons fósseis que permitem uma análise ontogenética, e seu desenvolvimento foi comparado com o do gênero Caiman (incluindo C. latirostris, C. crocodilus e C. yacare), um crocodilomorfo atual de ampla distribuição pela América do Sul. Foram empregadas as seguintes metodologias para comparação das trajetórias ontogenéticas dos táxons fóssil e atual: descrição qualitativa, morfometria linear e morfometria geométrica. Os dados obtidos destacaram trajetórias ontogenéticas comuns aos dois táxons, que foram interpretadas como o resultado de um padrão plesiomórfico aos Crocodyliformes, e distintas trajetórias ontogenéticas que foram relacionadas, principalmente, a diferentes adaptações ecomorfológicas. A ocorrência de tendências ontogenéticas como a manutenção de uma fenestra supratemporal de grandes proporções ao longo da ontogenia, a expansão anterior do articular e do côndilo mandibular do quadrado, o aumento na espessura da camada de esmalte dentário e a alometria positiva das fenestras infratemporal e mandibular sugerem que Mariliasuchus amarali aumentava gradativamente seu controle e capacidade de processamento alimentar ao longo de seu desenvolvimento. A análise ontogenética também mostrou fortes evidências de que o espécime UFRJ-DG 56-R, interpretado por Nobre et al. (2007a) como uma nova espécie dentro do gênero Mariliasuchus (M. robustus), é na verdade um indivíduo de M. amarali em avançado estágio de desenvolvimento e não uma nova espécie. O espécime MZSP-PV 760 é descrito pela primeira vez no presente trabalho. Suas características anatômicas sugerem que o mesmo não é um indivíduo juvenil de Mariliasuchus, como pensado anteriormente, mas parece estar relacionado ao clado que inclui ambos M. amarali e Adamantinasuchus navae (outro crocodilomorfo da Bacia Bauru). MZSP-PV 760 representa o mais jovem crocodilomorfo pós-embrionário já descrito para o Cretáceo de Gondwana. Uma reanálise da dentição altamente heterodonte em M. amarali mostrou a ocorrência de um novo morfótipo dentário (pré-molariforme), descrito pela primeira vez no presente trabalho. Uma coroa de cada morfótipo dentário foi extraída do espécime MZSP-PV 813 para análise da microanatomia do esmalte dentário e do padrão de organização dos cristais de esmalte, descritos pela primeira vez para um Notosuchia. A descrição de um novo morfótipo dentário representa uma inesperada adição para uma já complexa condição heterodonte em M. amarali, corroborando com a hipótese de OConnor et al. (2010) de que os Notosuchia podem ter ocupado nichos ecológicos e ecomorfoespaços, durante o Cretáceo do Gondwana, tão complexos quanto os de mamíferos. / Mariliasuchus amarali Carvalho & Bertini 1999 is a notosuchian crocodyliform from the Cretaceous of Bauru Basin (Brazil). This taxon has a fossil record that is relatively common, and several specimens (including juveniles) are known. Therefore, it represents one of the few fossil taxa that allows an ontogenetic approach, and its development was compared with the genus Caiman (including C. latirostris, C. crocodilus and C. yacare), a widespread South American crocodyliform. I used the following methodologies for the comparison of the ontogenetic trajectories of the fossil and living taxa: qualitative description, traditional morphometrics and geometric morphometrics. The data highlighted common ontogenetic trajectories that were interpreted as the result of a plesiomorphic pattern for Crocodyliformes, and distinct ontogenetic trajectories that were related mainly to different ecomorphological adaptations. The occurrence of ontogenetic trends as the retention of a large supratemporal fenestra along the ontogenetic development, the anterior expansion of the articular and the articular condyle of the quadrate, the thickening of the enamel cap in the teeth crowns, and the positive allometry of both infratemporal and mandibular fenestrae, suggest that Mariliasuchus amarali gradually increased its control and capacity of food processing along its ontogeny. The ontogenetic analysis also provided compeling evidence that specimen UFRJ-DG 56-R, interpreted by Nobre et al. (2007a) as a new species of the genus Mariliasuchus (M. robustus), is actually an individual of M. amarali in an advanced stage of development rather than a new species. Specimen MZSP-PV 760 is described for the first time here. Its anatomical characteristics suggest that this individual is not a juvenile specimen of Mariliasuchus amarali, as previously thought, but rather appears to be related to the clade that includes both M. amarali and Adamantinasuchus navae (another Bauru Basin crocodyliform). MZSP-PV 760 represents the youngest post-hatchling crocodyliform described for the Cretaceous of Gondwana. A reevaluation of the highly heterodont dentition of M. amarali showed the occurrence of a new tooth morphotype (premolariform), described here for the first time. A crown from each tooth morphotype was extracted from the specimen MZSP-PV 813 to perform an analysis of the enamel microanatomy and organizational patterns of enamel crystallities, described for the first time within Notosuchia. The description of a new tooth morphotype represents an unexpected addition to an already complex heterodont condition in M. amarali, adding to OConnor et al.s (2010) hypothesis that Notosuchia could have filled complex niches and ecomorphospaces during the Cretaceous of Gondwana similar to the ones occupied by mammals.
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