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As definições da leptospirose humana como problema de saúde pública no Brasil / Definitions of human leptospirosis as a public health problem in Brazil

Martins, Mário Henrique da Mata 01 March 2018 (has links)
Submitted by Filipe dos Santos (fsantos@pucsp.br) on 2018-04-03T11:16:12Z No. of bitstreams: 1 Mário Henrique da Mata Martins.pdf: 5332165 bytes, checksum: 092a2beea420955fa7d651dff0349e90 (MD5) / Made available in DSpace on 2018-04-03T11:16:12Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Mário Henrique da Mata Martins.pdf: 5332165 bytes, checksum: 092a2beea420955fa7d651dff0349e90 (MD5) Previous issue date: 2018-03-01 / Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq / The purpose of this thesis was to explore the ways in which causes to a public health problem, people responsible for its existence and specific places and periods for intervention are assigned, engendering certain government strategies to the detriment of others. Our goal was to make visible the effects of these definitions on the actions of a public policy and to problematize the bases that sustain their production. The phenomenon of our study was human leptospirosis, a potentially lethal disease which has been doubly neglected by public policy because of the invisibility of its population profile and its mimetic clinical picture. We adopted discursive practices as our theoretical and methodological framework and focused on the attribution processes presented in the definition of this public health problem and on the versions produced. An analytical tool was developed in order to enable the analysis of these elements in documents of public domain (scientific articles, models of notification and investigation forms, campaign materials) and speeches (interviews with managers, technicians and users of public health services). In our analysis of the Brazilian scientific literature on the subject, we have identified a recurrent attribution of cause to the bacteria, which could lead one to believe that the investment in vaccines and antibiotics would eliminate the problem. However, the plurality of types of bacteria and the controversy over the use of antibiotics in cases of leptospirosis show the limitation of this reasoning. The analysis of the leptospirosis models of notification and investigation forms made it possible to identify that a biomedical version of the disease was produced with the justification that only clinical-laboratory factors, in detriment of environmental and epidemiological data would be under direct responsibility of the health sector. On the other hand, when analysing posters, folders and leaflets used in the campaigns for the prevention of leptospirosis in a Brazilian municipality, we have identified that they present a preventive version of the disease. In these materials, the communicational model is unidirectional and authoritarian, and the responsibility for infection and prevention actions is attributed to the population, sometimes acknowledging and sometimes neglecting their living conditions. Finally, we have also analysed the attributions of cause and responsibility for the disease in the speeches of managers, technicians and users of health services. Through the analysis, it was possible to identify five common causes and responsibilities addressed by the participants: social conditions, basic sanitation, the rat, the preparation of the health sector and the population. However, the resolution uttered by the majority of managers and technicians was the need to inform, educate and/or punish the population, an attribution that is not presented in the users' speech and points to a lack of dialogue between these groups. Given the multiplicity of attributions and the potential effects they generate for the management of Brazilian health policy, we could defend the thesis that the definition of a health problem is a psychosocial practice in which the attributions and associations between repertoires constitute a central element of dispute, produced in the use of language / O objetivo desta tese foi explorar os modos pelos quais se atribuem causas a um problema de saúde pública, pessoas responsáveis por sua existência e lugares e períodos específicos para intervir sobre ele, engendrando determinadas estratégias de governo em detrimentos de outras. Nossa meta foi tornar visíveis os efeitos dessas definições nas ações de uma política pública e problematizar os fundamentos que sustentam sua produção. Nosso fenômeno de estudo foi a leptospirose humana, uma doença potencialmente letal que tem sido duplamente negligenciada pela política pública em virtude da invisibilidade de seu perfil populacional e seu quadro clínico mimético. O referencial teórico-metodológico adotado foi o das práticas discursivas com foco nos processos de atribuição, presentes na definição do problema e nas versões produzidas sobre o fenômeno. Uma ferramenta analítica foi desenvolvida para possibilitar a análise desses elementos em documentos de domínio público (artigos científicos, modelos de fichas de investigação e materiais de campanha) e falas (entrevistas com gestores, técnicos e usuários dos serviços de saúde). Em nossa análise da literatura científica brasileira sobre o assunto, identificamos uma recorrência à atribuição de causa à bactéria, o que poderia levar a crer que o investimento em vacinas e antibióticos eliminaria o problema. Todavia, a pluralidade de tipos da bactéria e a controvérsia sobre o uso ou não de antibióticos para casos de leptospirose evidenciam a limitação desse raciocínio. A análise que realizamos dos modelos das fichas de notificação e investigação da leptospirose, possibilitou identificar que, conforme os modelos eram alterados, uma versão biomédica da doença era produzida, com a justificativa de que apenas fatores de ordem clínico-laboratorial, em detrimento de dados ambientais e epidemiológicos, seriam de responsabilidade direta do setor saúde. Por outro lado, analisamos os cartazes, folders e panfletos utilizados nas campanhas de prevenção à leptospirose em um município brasileiro e identificamos que eles apresentam uma versão preventiva da doença. Nesses materiais, o modelo comunicacional é unidirecional e autoritário e a responsabilidade pela infecção e pelas ações de prevenção é atribuída à população, ora reconhecendo, ora negligenciando suas condições de vida. Por fim, analisamos também as atribuições de causa e responsabilidade pela doença nas falas de gestores, técnicos e usuários dos serviços de saúde. Por meio da análise, foi possível identificar cinco causas e responsáveis comuns abordados pelos participantes: as condições sociais, o saneamento básico, o rato, a preparação do setor saúde e a população. Todavia, a resolução proferida pela maioria dos gestores e técnicos foi a necessidade de informar, educar e/ou punir a população, atribuição que não se apresenta na fala dos usuários e aponta para uma falta de diálogo entre esses grupos. Tendo em vista a multiplicidade de atribuições e os efeitos potenciais que geram para o gerenciamento da política de saúde brasileira, pudemos defender a tese de que a definição de um problema de saúde é uma prática psicossocial na qual as atribuições e as associações entre repertórios que as constituem figuram um elemento central de disputa, produzidos na linguagem em uso

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