Spelling suggestions: "subject:"exclusion/conclusão""
21 |
Tornar-se catador: uma análise psicossocial / Being a collector: a psychosocial analysisMiura, Paula Orchiucci Cerantola 30 April 2004 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-29T13:32:28Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Paula Miura completa.pdf: 3799606 bytes, checksum: 1778b15391f8bc3828a841637babe775 (MD5)
Previous issue date: 2004-04-30 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / The increase of the unemployment has increasingly contributed to the growth of the recyclable material
collectors occupation in the streets of the big and medium Brazilian urban areas. In general, these people
live on the edge of the social rights, excluded from the job market, with low rates of schooling and absence
of all kind of technical capacitation, besides, many times, they have compromised health conditions. That
being the case, the activity of collecting recyclable garbage represents one way of social insertion. Then the
garbage and the collection constitute, in the middle of their lives, in their relationships and emotions,
suffering and happiness.
The present work has as objective to investigate how the social inclusion-exclusion process is particularized
in these collectors everyday life, since the beginning of their exclusion history, in the school and familiar
ambit, until the current occupation; analyzes intet personal relations links and breakups, distress, feelings,
affections, and also the relation health-disease as one of the revealing dimensions of suffering. The
information obtained was registered in field diary and record, being the research made through participant
observation and semi-structured interviews. In the participant observation, the researcher followed the
collectors in their everyday job activities and in their category meetings.
The data analysis reveals that the collectors history of life is all marked by the social exclusion,and the
current occupation reallyis, itself, another suffering among others already felt in previous times. The most
frequent emotions are shame and humiliation,which specially come from the discrimination and prejudice.
On the other hand, being a collector can also be a source of joy. On one side, for an ethical reason, that is
to the possibility of the person to regain his own dignity to insert himself and to be socially recognized as
honest worker, distinct from beggars and thieves. On the other side, for having been given the opportunity
of organizing and mobilizing themselves together in the battle for better conditions of work and life,
translated in the insistence of the group to make nationally official this job as a profession or, even, in changes of the proper routine of collecting recyclable material, which can be less isolated, more organized, cleaner and profitable. Moreover, they reveal feeling happiness when this activity allows them to obtain items until then inaccessible,as, for example, electrical appliances found in the garbage sometimes. About
the health issue, these collectors do not believe that the collecting work is a risk indeed. For them, health, risk is, above all, not having food on the table, not having a place to live, neither having clothes to dress. They affirm that physical diseases caused by the work in the garbage can be treated; for the hunger, there is
not cure. We can conclude that being a collector, mainly if he is member of an organized group, is a possibility of life
potentialization for those who saw themselves excluded from the job market and without options, damaged
in what refers to schooling and technical preparation / O aumento do desemprego tem contribuído acentuadamente para o crescimento da ocupação de catadores de
material reciclável nas ruas dos grandes e médios centros urbanos brasileiros. Essas pessoas vivem, em geral, à
margem dos direitos sociais, excluídas do mercado de trabalho, com baixos índices de escolarização e ausência
de capacitação técnica de todo tipo, além de, muitas vezes, terem condições de saúde comprometidas. Sendo
assim, a atividade de catar lixo reciclável representa uma certa forma de inserção social. O lixo e a catação se
constituem, então, no centro de suas vidas, em suas relações e emoções, sofrimento e alegria.
O presente trabalho tem como objetivo investigar como o processo de exclusão-inclusão social se particulariza
no dia-a-dia desses catadores, desde o início de sua história de exclusão, nos âmbitos familiar e escolar, até a atual
ocupação; analisa relações interpessoais (vínculos e rupturas), sofrimentos, sentidos, afetos e, também, a relação
saúde-doença como uma das dimensões reveladoras de sofrimento. As informações obtidas foram registradas
em diário de campo e gravador, tendo a pesquisa sido realizada por meio de observação participante e entrevistas
semi-estruturadas. Na observação participante, a pesquisadora acompanhou os catadores em suas atividades
cotidianas de trabalho e nos encontros da categoria.
A análise dos dados revela que a história de vida dos catadores é toda marcada pela exclusão social, e a atual
ocupação é, em si, na realidade, mais um sofrimento, dentre outros já sentidos em épocas anteriores. As emoções
mais freqüentes são a vergonha e a humilhação, decorrentes sobretudo da discriminação e do preconceito. Em
contrapartida, tomar-se catador pode ser também fonte de alegria. De um lado, por motivo ético, ou seja, pela
possibilidade de o indivíduo recuperar a própria dignidade ao se inserir e ser reconhecido socialmente como
trabalhador honesto, distinto de mendigos e de bandidos. De outro lado, por lhe dar a oportunidade de
organizar-se e mobilizar-se coletivamente na luta por melhores condições de trabalho e de vida, traduzida na
insistência do grupo em oficializar nacionalmente este trabalho como profissão ou, ainda, em mudanças na
própria rotina da catação de material reciclável, que pode se tomar menos isolada, mais organizada, mais limpa e
rentável. Além disso, revelam sentir alegria quando essa atividade lhes permite obter itens até então inacessíveis,
como, por exemplo, eletrodomésticos achados às vezes no lixo. Sobre a questão da saúde, esses catadores não!
acreditam que o trabalho de catação seja de fato um risco. Risco à saúde, para eles, é sobretudo não ter comida
na mesa, não ter lugar para morar, nem roupa para vestir. Alegam que as doenças físicas provocadas pelo
trabalho no lixo podem ser tratadas; já para a fome, não há cura.
Conclui-se que tomar-se catador, principalmente se participante de um grupo organizado, é uma possibilidade de
potencialização da vida para aquele que se via excluído do mercado de trabalho e sem opções, prejudicado no
que se refere à escolaridade e à preparação técnica
|
Page generated in 0.0502 seconds