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Efeitos da exposição ao mercado de produtos florestais não madeireiros sobre o capital social de comunidades extrativistas da Amazônia brasileira / The effects of trading non timber forest products to the social capital of extractive communities of the Brazilian Amazon

Rizek, Maytê Benicio 20 September 2010 (has links)
A crença na capacidade do mercado de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) em conciliar a conservação de florestas tropicais e o desenvolvimento de populações extrativistas resultou na implementação de diversos programas com esta finalidade na Amazônia brasileira. Dentre esses programas é cada vez mais comum o estabelecimento de parcerias entre comunidades extrativistas que comercializam PFNMs com empresas. No entanto, estudos têm evidenciado que o mercado de PFNMs apresenta impactos tanto na esfera ambiental como no âmbito socioeconômico das comunidades envolvidas. Sobre os efeitos socioeconômicos, não estão claros quais os efeitos deste mercado nas estratégias de compartilhamento de recursos e cooperação produtiva entre unidades domésticas, as quais têm funções econômicas e sociais para a subsistência, em especial no caso das unidades mais vulneráveis. Partindo dessa questão central foi testada a hipótese de que a exposição ao mercado de PFNMs afeta essas instituições cooperativas, trazendo consequências negativas para a segurança de subgrupos mais vulneráveis economicamente. Para isso foi feito um estudo comparativo entre duas comunidades que compartilham o mesmo histórico e estão localizadas em condições ambientais e geográficas semelhantes na Reserva Extrativista do Médio Juruá no Estado do Amazonas Brasil, mas que diferem com relação à exposição ao mercado de PFNMs. Enquanto a comunidade do Roque comercializa óleos vegetais com empresas de cosméticos, Pupuaí mantém práticas econômicas locais. As técnicas para coleta de dados incluíram painel de observações sistemáticas, surveys, diagnóstico rural participativo e entrevistas estruturadas e semi-estruturadas. Os resultados indicam que o compartilhamento de recursos é menos frequente na comunidade inserida no mercado de PFNMs, porém este efeito não é perceptível na avaliação transversal entre unidades domésticas com diferentes graus da inserção ao mercado. Portanto, as mudanças no compartilhamento de recursos foram observadas somente no nível entre comunidades e a hipótese foi apenas parcialmente aceita. Com relação aos efeitos sobre unidades domésticas mais vulneráveis este estudo apresentou dois resultados principais. Em primeiro lugar há um padrão distinto de compartilhamento de recursos entre as comunidades. Isto é, na comunidade com mercado de PFNMs as unidades vulneráveis receberam mais recursos, enquanto na comunidade menos exposta ao mercado foi observado o oposto. Mas, devido à menor frequência de eventos cooperativos observados na comunidade inserida no mercado, ainda assim suas unidades vulneráveis receberam menos recursos quando comparadas com as unidades vulneráveis da comunidade menos exposta ao mercado. O segundo resultado é que as unidades mais vulneráveis da comunidade com mercado de PFNMs participaram de interações cooperativas com menos unidades distintas quando comparadas com aquelas da comunidade sem mercado e, portanto, têm menor capital social para recorrer em situações de risco ou escassez de recursos. No entanto, para avaliar se a redução no comportamento cooperativo afeta o bem-estar das unidades mais vulneráveis seria necessário avaliar se a demanda de consumo das unidades vulneráveis são melhor atendidas na comunidade inserida no mercado de PFNMs ou naquela menos exposta ao mercado. / The belief in the capacity of Non Timber Forest Products (NTFPs) to reconcile the double aim of providing for the well-being of extractive communities and conserving tropical forests resulted in the implementation of various programs with this purpose in the Brazilian Amazon. Among these programs it is increasingly common the adoption of partnerships between extractive communities and companies to trade NTFPs. Recently, however, several studies have highlighted the shortcomings of trading NTFP, regarding both biological conservation and the well-being of communities. Within the context of well-being impacts, there is a fear the increased integration of largely autarkic communities into NTFP markets can disrupt cooperation strategies and sharing practices, which have economic and social functions to peasant economies, particularly for more vulnerable households. In this study, we focus on this issue and advance the hypothesis that increased trade in NTFP may disrupt those cooperative institutions, bringing negative consequences to the security of the most economically vulnerable subgroups. To test this hypothesis, we compare two communities of the Médio Juruá Extractive Reserve, Brazilian Amazonia, which share the same historical background and similar environmental and geographic conditions, but differ in relation to NTFP trade. While Roque community trades vegetable oils with cosmetics companies, Pupuaí carries on with previous economic practices. Data gathering techniques included random systematic observations, household surveys, participatory rural appraisal and structured and semi-structured interviews. The results indicate that the community integrated into NTFP markets has fewer cooperative events than the community less market integrated. Despite that, no pattern is observed when we compare the association between levels of market participation among households. Therefore, we concluded the hypothesis was only partially accepted, because the changes in sharing practices are observable only at the community level. When we evaluate the effects of cooperation networks on more vulnerable households, we find two main results. First, we find a different pattern between the two communities as regards vulnerable households. While more vulnerable households benefit more from cooperative events in the community integrated into NTFPs, the opposite is observed in the community less exposed to markets. Even so, because the frequency of cooperation is much lower in the community trading NTFPs, these differences mean more vulnerable households still get fewer payoffs from cooperation than in the community less market integrated. Secondly, households from the community trading NTFPs, besides cooperating less frequently, also do so with a smaller number of different households when compared with the community less integrated to markets, which means their networks of social capital are weaker. It is therefore not yet clear in which community the human needs of vulnerable households are better fulfilled in order to ascertain whether the reduction on cooperative behavior diminishes their well-being.
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Efeitos da exposição ao mercado de produtos florestais não madeireiros sobre o capital social de comunidades extrativistas da Amazônia brasileira / The effects of trading non timber forest products to the social capital of extractive communities of the Brazilian Amazon

Maytê Benicio Rizek 20 September 2010 (has links)
A crença na capacidade do mercado de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) em conciliar a conservação de florestas tropicais e o desenvolvimento de populações extrativistas resultou na implementação de diversos programas com esta finalidade na Amazônia brasileira. Dentre esses programas é cada vez mais comum o estabelecimento de parcerias entre comunidades extrativistas que comercializam PFNMs com empresas. No entanto, estudos têm evidenciado que o mercado de PFNMs apresenta impactos tanto na esfera ambiental como no âmbito socioeconômico das comunidades envolvidas. Sobre os efeitos socioeconômicos, não estão claros quais os efeitos deste mercado nas estratégias de compartilhamento de recursos e cooperação produtiva entre unidades domésticas, as quais têm funções econômicas e sociais para a subsistência, em especial no caso das unidades mais vulneráveis. Partindo dessa questão central foi testada a hipótese de que a exposição ao mercado de PFNMs afeta essas instituições cooperativas, trazendo consequências negativas para a segurança de subgrupos mais vulneráveis economicamente. Para isso foi feito um estudo comparativo entre duas comunidades que compartilham o mesmo histórico e estão localizadas em condições ambientais e geográficas semelhantes na Reserva Extrativista do Médio Juruá no Estado do Amazonas Brasil, mas que diferem com relação à exposição ao mercado de PFNMs. Enquanto a comunidade do Roque comercializa óleos vegetais com empresas de cosméticos, Pupuaí mantém práticas econômicas locais. As técnicas para coleta de dados incluíram painel de observações sistemáticas, surveys, diagnóstico rural participativo e entrevistas estruturadas e semi-estruturadas. Os resultados indicam que o compartilhamento de recursos é menos frequente na comunidade inserida no mercado de PFNMs, porém este efeito não é perceptível na avaliação transversal entre unidades domésticas com diferentes graus da inserção ao mercado. Portanto, as mudanças no compartilhamento de recursos foram observadas somente no nível entre comunidades e a hipótese foi apenas parcialmente aceita. Com relação aos efeitos sobre unidades domésticas mais vulneráveis este estudo apresentou dois resultados principais. Em primeiro lugar há um padrão distinto de compartilhamento de recursos entre as comunidades. Isto é, na comunidade com mercado de PFNMs as unidades vulneráveis receberam mais recursos, enquanto na comunidade menos exposta ao mercado foi observado o oposto. Mas, devido à menor frequência de eventos cooperativos observados na comunidade inserida no mercado, ainda assim suas unidades vulneráveis receberam menos recursos quando comparadas com as unidades vulneráveis da comunidade menos exposta ao mercado. O segundo resultado é que as unidades mais vulneráveis da comunidade com mercado de PFNMs participaram de interações cooperativas com menos unidades distintas quando comparadas com aquelas da comunidade sem mercado e, portanto, têm menor capital social para recorrer em situações de risco ou escassez de recursos. No entanto, para avaliar se a redução no comportamento cooperativo afeta o bem-estar das unidades mais vulneráveis seria necessário avaliar se a demanda de consumo das unidades vulneráveis são melhor atendidas na comunidade inserida no mercado de PFNMs ou naquela menos exposta ao mercado. / The belief in the capacity of Non Timber Forest Products (NTFPs) to reconcile the double aim of providing for the well-being of extractive communities and conserving tropical forests resulted in the implementation of various programs with this purpose in the Brazilian Amazon. Among these programs it is increasingly common the adoption of partnerships between extractive communities and companies to trade NTFPs. Recently, however, several studies have highlighted the shortcomings of trading NTFP, regarding both biological conservation and the well-being of communities. Within the context of well-being impacts, there is a fear the increased integration of largely autarkic communities into NTFP markets can disrupt cooperation strategies and sharing practices, which have economic and social functions to peasant economies, particularly for more vulnerable households. In this study, we focus on this issue and advance the hypothesis that increased trade in NTFP may disrupt those cooperative institutions, bringing negative consequences to the security of the most economically vulnerable subgroups. To test this hypothesis, we compare two communities of the Médio Juruá Extractive Reserve, Brazilian Amazonia, which share the same historical background and similar environmental and geographic conditions, but differ in relation to NTFP trade. While Roque community trades vegetable oils with cosmetics companies, Pupuaí carries on with previous economic practices. Data gathering techniques included random systematic observations, household surveys, participatory rural appraisal and structured and semi-structured interviews. The results indicate that the community integrated into NTFP markets has fewer cooperative events than the community less market integrated. Despite that, no pattern is observed when we compare the association between levels of market participation among households. Therefore, we concluded the hypothesis was only partially accepted, because the changes in sharing practices are observable only at the community level. When we evaluate the effects of cooperation networks on more vulnerable households, we find two main results. First, we find a different pattern between the two communities as regards vulnerable households. While more vulnerable households benefit more from cooperative events in the community integrated into NTFPs, the opposite is observed in the community less exposed to markets. Even so, because the frequency of cooperation is much lower in the community trading NTFPs, these differences mean more vulnerable households still get fewer payoffs from cooperation than in the community less market integrated. Secondly, households from the community trading NTFPs, besides cooperating less frequently, also do so with a smaller number of different households when compared with the community less integrated to markets, which means their networks of social capital are weaker. It is therefore not yet clear in which community the human needs of vulnerable households are better fulfilled in order to ascertain whether the reduction on cooperative behavior diminishes their well-being.

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