Spelling suggestions: "subject:"female peasants"" "subject:"female peasent""
1 |
Mulher camponesa à sua própria imagem: uma investigação do retrato fotográfico / -Corrêa, Débora Klempous 04 June 2019 (has links)
A produção cafeeira da segunda metade do século XIX não só atraiu fotógrafos para atestar reconhecimento à nova elite agrária, por meio do retrato em estúdio, como também gerou subsídios à imigração europeia para trabalhar nas fazendas de café. No sistema de colonato, a unidade de produção era familiar, mas a mulher, mesmo conjugando o trabalho na roça com o de subsistência, não era considerada trabalhadora rural. A mecanização da produção, a concentração da propriedade de terra e a aprovação de direitos trabalhistas no campo geraram uma expulsão em massa desses trabalhadores para as cidades, surgindo a figura da boia-fria. Mesmo com sua força de trabalho considerada individualmente, as mulheres ganhavam menos que os homens, enfrentavam o preconceito por andar de pau-de-arara, além de assumir uma segunda jornada na criação dos filhos e nas tarefas domésticas. Movimentos de retorno ao campo por meio da ocupação de latifúndios improdutivos foram se consolidando a partir da década de 1960, mas essa nova estrutura social construída nos acampamentos mantinha a mesma tradição patriarcal, em que o homem assume as posições de liderança e o título da terra, quando dividida. As mulheres exigiram seus direitos criando diferentes movimentos de emancipação, em busca de reconhecimento do seu trabalho, direitos previdenciários e mais participação política, e essas mudanças conquistadas foram alavancadas por políticas públicas de equidade de gênero no campo a partir de 2003. Não só o papel social da mulher camponesa de reforma agrária mudou, como também a imagem que ela tem de si. Nesse contexto que algumas mulheres do Assentamento Dandara, na cidade de Promissão, estado de São Paulo, foram retratadas fotograficamente e conduziram a forma como gostariam de ser vistas. As produções fotográficas foram acompanhadas de análise individual e coletiva, fabulações de si e dos seus pares pela mediação da memória e do imaginário. / The coffee production of the second half of the 19th century draw not only photographers that acknowledged the new rural elite\'s recognition through the practice of studio portraits, but also enabled the migration of European workers to the coffee plantations. In the system of \"colonato\", the production unit was typically familiar, but women were not considered rural workers per se, even though they worked both at home and in the farms. Production mechanization, property concentration of land and new labour legislation forced a huge migration of these rural workers to big cities, giving birth to the \"boias frias\". Women, even though regarded as an individual work force, were paid less than men and had to face prejudice for sharing the \"pau-de-arara\" system of transportation. They also faced a second working day burden by raising the children and keeping up with housework. From the 1960\'s on, the return of these people to rural areas was marked by the occupation of unproductive land properties. This new social structure built in the settlements, though, kept the same patriarchal traditions, in which men hold leadership positions and own the land titling. Women, then, started to demand their own rights by creating different emancipation movements focused on having their work recognized, as much as access to retirement rights and political emancipation. Those changes were accomplished with the support of new gender equity public policies and helped change not only the social role of the peasant women involved in the agrarian reform but the image these women had of themselves. It is in this context that some women from Dandara settlement, in Promissão city, São Paulo state, were portraited in photographs by deciding the way they wanted to be seen. These photographic productions were followed by individual and collective analyses, as much the fabulation of themselves and their rural peers through memory and imaginary.
|
Page generated in 0.0786 seconds