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Desvalorização Do Trabalho E Consumo Honorífico Em Recife

SILVA FILHO, Paulo Alexandre da January 2007 (has links)
Made available in DSpace on 2014-06-12T18:31:35Z (GMT). No. of bitstreams: 2 arquivo3348_1.pdf: 1988720 bytes, checksum: 2da898ac5efe7282e97b5da88f673da6 (MD5) license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) Previous issue date: 2007 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Partindo-se da evidência segundo a qual persiste todo um panorama de relação entre valorização-desvalorização dos indivíduos em função do tipo de ofício desempenhado e a capacidade de consumo distintivo como meio de ressaltar a condição social, tomamos o ímpeto de avaliar estes processos na sociedade escravista brasileira. Sob a vigência do regime escravista, a ação e o espectro de suas implicações eram abrangentes, afetando a dimensão de reconhecimento e valoração das atividades empreendidas na produção direta, uma vez que os ofícios manuais estavam associados a um pejorativo estado de submissão e desvalorização social de seu realizador. Impregnados por estigmas simbólicos que tendiam a impingir um degradante grau de vexame social, estes ofícios e atividades eram evitados por indivíduos livres porque estavam associados ao degradante estado da condição cativa de existência. Além de contaminar determinados ofícios mecânicos com o aviltamento associado ao trabalho escravo e seu emprego em tais atividades, a mentalidade predominante acabou por ressaltar a isenção de tais ofícios como meio de diferenciação. Como maneira mais ressaltada de demonstrar um privilegiado estado de subsistência e status, indivíduos que orbitavam entre meios mais abastados ou mesmo que dispunham de condições apenas suficientes para escapar de tal condição subalterna acorriam a meios capazes de anunciar e alardear sua situação seja no emprego de tempo e esforço em atividades intocadas por tal mácula. Tomando-se ainda o consumo como fator distintivo, evidencia-se que a capacidade de dispor de meios materiais suficientes para o dispêndio em bens que agregam valores simbólicos honoríficos era algo amplamente perseguido por quem pretendesse indicar um efetivo ou suposto estado de reconhecimento social. A ambientação deste estudo na cidade do Recife no período de governo de Francisco do Rêgo Barros, então Barão da Boa Vista (1837-1844), encontramos, considerando a possibilidade documental, um apelo para o fato de que em tais circunstâncias, além da condição depreciativa sobre o trabalho braçal persistiu um apelo pelo desejo e pelo projeto de modernização civilizador da cidade, considerando os moldes e perspectivas da elite local influenciados por modelos de civilidade europeus. Esta proposta reivindicava dotar a cidade de estruturas de convivência e fluência de maneirismos e hábitos presumivelmente renovados de civilização e requinte. Tal ambiente tornava mais propício o impulso pelo consumo honorífico e pelas maneiras e costumes que envergassem maiores apelos distintivos. Tomando como fontes a imprensa escrita através de artigos, notícias e anúncios, relatos de cronistas contemporâneos e documentação inventarial e testamentos, o estudo parte de aspectos contidos na obra A teoria da classe ociosa, de Thorstein Veblen, e busca avaliar o emprego do consumo e da isenção relativa ao trabalho manual na capital pernambucana em um período tido como áureo de desenvolvimento da província em termos produtivos, políticos e também em termos de sua vida sócio-cultural

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