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[en] DIGITAL MEDIA AND THE GEOPOLITICS OF THE CLOUD: SOVEREIGNTY AMIDST THE VIRTUALITIES OF MODERN COMPUTATION / [pt] MÍDIA DIGITAL E GEOPOLÍTICA DA NUVEM: SOBERANIA EM MEIO ÀS VIRTUALIDADES DA COMPUTAÇÃO MODERNARAFAEL FELGUEIRAS ROLO 15 March 2021 (has links)
[pt] A presente tese problematiza o papel da mídia digital na (con)formação da
geopolítica contemporânea, em especial sobre os conceitos de soberania e
emancipação. Entendida como estrutura nômica, a mídia digital opera na condição
de agente de repartição do espaço e regulação dos fluxos de forças, matéria, forma
e informação. Computação e Internet são responsáveis pelo desenho e conformação
tanto do espaço físico da terra, como do espaço virtual da rede, a chamada nuvem.
Um materialismo radical opera entre a desintegração do analógico no digital,
passando pela axiomática maquínica dos protocolos, até chegar à sobrecodificação
semântica da plataforma, na qual o denominado nomos da nuvem toma sua forma
mais aparente. Esse nomos desenha uma geometria não-euclidiana (fractal),
desafiadora da lógica causal e é pressuposto das novas dimensões de World-design.
Nele, o arquivo deixa de simplesmente funcionar como mera representação do
mundo, pois o próprio mundo se torna arquivo-Mundo. Os níveis ontológico e
epistemológico passam a ser condicionados pela dimensão política. A mídia digital
tece um diagrama que estabelece novos regimes de visibilidade (interface,
expressão) e de enunciação (endereçamento, conteúdo), perante o qual, para ser ou
saber no âmbito da Computação em geral e da Internet em especial, é exigida a
submissão às idiossincrasias do a priori técnico-tecnológico à disposição. Um novo
agenciamento de corpos e de signos é implicado. A nova mídia desintegra as
fronteiras subjetivas e objetivas associadas à soberania, concebida tradicionalmente
como um atributo do Estado-nação, instituindo outra topologia/topografia de corpos
e agências em seu lugar. Com a nova era midiática, portanto, tanto o território se
desdobra em uma dimensão hiperbólica, com a possível sobreposição de diversas
soberanias sobre uma específica transmissão ou circuito, como o substrato sobre o
qual o poder pode exercer e ser exercido deixa de ser humano e, ademais, deixa
de pressupor uma subjetividade para ser exercido de facto. Coloca-se o problema
a respeito de como definir uma tal condição soberana no contexto da nova era
midiática e da derrocada do modelo westfaliano de Estado-nação. Aliado à
questão relativa à soberania, questiona-se como estabelecer a (dia)gramática das
lutas emancipatórias nesse contexto. A partir do anúncio de eventos recentes,
propõe-se que a nova era midiática é fincada sobre duas passagens, quais sejam, a
passagem do analógico para o digital e a passagem do a-significante dos bits para a
semântica dos regimes de interface e endereçamento. Essas duas passagens se
consumam no conceito de plataforma, entendida como diagrama rígido no qual uma
assimetria bem característica é estabelecida entre sistema e usuário. Segundo essa
relação assimétrica, o usuário não pode acessar o arkanum do código-fonte, ou
melhor, as entranhas do sistema são protegidas da ação de um usuário qualquer.
Com o reconhecimento dessa relação, é propriamente possível a análise dos
conceitos de soberania e emancipação. Enquanto a soberana é entendida a priori
como a condição daquele (humano ou não) capaz de agenciar as potências do
código fonte em uma determinada relação com o sistema, a emancipação no âmbito
da atual era midiática perpassa necessariamente por uma reivindicação dessa
soberania. / [en] The thesis problematizes the role of digital media in the (con)formation of
contemporary geopolitics, especially with regard to the concepts of sovereignty and
emancipation. Understood as a nomic structure, digital media operates as an active
agent in the partition of space and in the regulation of fluxes of forces, matter, form
and information. Computation and Internet are responsible for the design and
conformation both of Earth s physical layer, as well as of the virtual space of the
Net, the so-called Cloud. A radical materialism operates between the
disintegration of the analogical principle into the digital, through the machinic
axioms of protocols, until it reaches the semantical over-codification of the
platform. It is only then that the nomos of the cloud assumes its most visible form.
This nomos draws a non-Euclidean geometry (i.e., a fractal), one that defies the
causal logic and develops new dimensions of World-design. In it, the archive stops
functioning as a mere representation of the world, for the very world becomes an
archive. The ontological and epistemological levels of analysis of such a nomic
order are both conditioned by a political dimension. Digital media weaves a
diagram that establishes new regimes of visibility (interface, expression) and
enunciation (addressability, content). A diagram before which, to be or to know,
either in the realm of Computation in general or on the Internet, means to be
subjugated by the idiosyncratic technical-technological a priori at hand. A new
form of agency of bodies and signs is implied. New media disintegrates subjective
and objective frontiers commonly associated with the sovereign condition
traditionally conceived as a trait native to the Nation-State. It does this by instituting
a new topology/topography of bodies and agencies in the place of what existed
before it. The new mediatic era unfolds the territory in a hyperbolic dimension,
overlapping different sovereignties over a specific transmission or circuit. The
mediatic channel operates as a substratum over which power might exert itself or
be exerted, while, at the same time, forfeiting any human condition and, what is
even more, setting aside every subjective presupposition. The thesis poses the
question about how to define the sovereign condition in the context of the new
mediatic era and the collapse of the Westphalian model of the Nation-State.
Connected to the problem regarding sovereignty, the thesis asks how it is possible
to establish a (dia)grammatic of emancipation struggles in this context. Following
the recent events, it is assumed that the new mediatic era consists of two different
crossings. The first one would be the overcoming of the analogical by the digital,
while the second would be the transition from the a-signifying bit to the semantics
of interfacial and addressable regimes. These two events are consummated in the
concept of the platform, understood as a rigid diagram in which an asymmetric
relation between user and system takes place. According to this asymmetrical
relationship, the user is not capable of accessing the arcanum of the source-code.
The entrails of the system are protected from the direct action of an ordinary User.
Only after the recognition of this asymmetry, can the concepts of sovereignty and
emancipation be adequately analysed. While sovereignty is a priori understood as
the condition of that which (human or otherwise) is capable of accessing the
potential of the source-code, emancipation in the realm of the new media depends
on the revindication of such a sovereign condition.
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