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MELANCIA É FRUTA? Um estudo sobre encontros e desencontros nas relações médicopacientes em Jaguari-RS. / IS WATERMELON A FRUIT? A study about agreements and disagreements in the relationship between doctors and patients in Jaguari-RS.

Bolzan, Helen Lúci Taschetto 27 April 2011 (has links)
The relationship between doctors and patients are represented by two individuals, many times, cultural and socially disconnected. The social actor acts interpreting the world that surrounds him/her according to some values, beliefs and perceptions transmitted by the reality socially constituted. Patients normally understand the illness according their daily activities, point of view and experiences. On the other hand, doctors are basing their ideas in the occidental culture, in the hegemonic biomedical model, build based on Cartesian s ideas, on mind-body dichotomy and on scientific rationality. In this meeting, many social representations are building along a clinical consultation. This research aims to understand patients perceptions about their illness, concerning the reasons why it happened, the cure expectations and their opinion about the consultation. In order to carry out this study, a qualitative methodology was used based on observations in the waiting room and interviews to collect the data. The speech acts revealed in the interviews were analyzed based on Lefrèvre & Lefrèvre ideas about the Collective Subject Discourse. The research revealed that patients obey the doctors because they believe in the moral and technical authority of the professionals. In the majority of the cases, the doctor s orientations are followed, unless they face economic obstacles or problems in the understanding of the orientations. At the same time that patients criticize the doctors attendance, they know how to recognize the legitimate and traditional medical practice. In conclusion, the study revealed that, according to the patients, the best kind of health professional is the one that supports a distant relationship during the consultation, avoid contact with the patient and utilizes a technical language to prescribe the medicine reinforcing his/her role as a social authority to the State and to society. / A relação médico-paciente se constitui num encontro de representações de dois sujeitos, muitas vezes separados cultural e socialmente. O ator social age à medida que interpreta o mundo à sua volta e essa interpretação se dá conforme a apreensão de uma realidade socialmente constituída, segundo seu sistema de valores, suas crenças e percepções. Pacientes entendem simbolicamente a doença, em função de suas atividades e seus cotidianos, de seus mundos e experiências e como a vivem a interpretam. Os médicos se baseiam em nossa cultura ocidental, no modelo biomédico hegemônico, construído sob as bases do cartesianismo, na dicotomia mente-corpo e na racionalidade científica. Essa pesquisa procurou compreender as percepções dos pacientes a respeito da sua doença, das causas de seu adoecimento, se sente-se cuidado, se acredita na cura e como o paciente viu atendidos anseios e expectativas que o levaram até a consulta. Para dar conta desse objeto utilizou-se a metodologia qualitativa, sendo a entrevista semiestruturada o instrumento de coleta de dados e a observação em sala de espera um importante auxílio no entendimento do objeto. A análise das falas baseou-se no método do Discurso do Sujeito Coletivo, de Lefrèvre & Lefrèvre, onde são extraídas as ideias-centrais e as expressões-chave das falas e constituído o Discurso Coletivo. Pode-se observar que os pacientes obedecem a seus médicos porque acreditam na autoridade técnica e moral que possuem na relação. As orientações médicas são seguidas em sua maioria, exceto quando entram em conflito com o cotidiano dos pacientes e esses não conseguem seguir as orientações por limitações econômicas ou de entendimento das orientações. Embora os usuários da unidade de saúde pesquisada teçam críticas em relação ao tipo e à forma de atendimento médico que são construídos durante a relação médico-paciente, são estes mesmos pacientes que reconhecem como legítima a prática médica tradicional . Desse modo, a definição do que representa o tipo ideal de profissional da medicina, ou seja, quem os informantes definem como sendo o bom médico, refere-se àquele profissional que se mantém distante durante a consulta, o qual utiliza uma linguagem técnica e que não estabelece uma relação de proximidade e de contato corporal com o paciente, ou seja, que representa uma autoridade social, legitimidade pelo Estado e pela própria sociedade.

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