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Desenvolvimento de um instrumento multidimensional para avaliação de dor em crianças a partir de descritores observados em narrativas infantisPEREIRA, Luciana Moraes Studart 24 February 2015 (has links)
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Previous issue date: 2015-02-24 / CNPQ / A dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável relacionada à lesão real ou potencial dos tecidos. Por ser um fenômeno de difícil avaliação, é importante se buscar instrumentos que auxiliem a interpretação do processo doloroso pelo profissional de saúde, visto que o correto diagnóstico direcionará a terapêutica. No tocante às crianças, um desafio adicional passa a ser a adaptação dos instrumentos de avaliação à capacidade cognitiva e psicomotora dos pacientes. O objetivo desta tese foi desenvolver um instrumento multidimensional para avaliação de dor em crianças que se encontrem em estágio do desenvolvimento cognitivo anterior ao das operações formais, a partir de descritores observados em narrativas infantis. O estudo teve uma abordagem quanti-qualitativa e foi realizado em cinco fases. A primeira fase destinou-se à coleta da descrição de aspectos relativos à localização, intensidade e qualidade da dor em crianças e familiares, obtidas por meio de entrevista semiestruturada. Participaram dessa etapa 26 crianças, de ambos os sexos, com idades variando entre dois anos e cinco meses a doze anos e um mês, em tratamento oncológico e seus respectivos responsáveis, perfazendo o total de 52 participantes. Foi realizada análise de conteúdo para a identificação de descritores de dor presentes nas narrativas das crianças. Constatou-se que as palavras que qualificam a dor demonstraram grande semelhança com os descritores categorizados por McGill e que há utilização de reforços figurativos na comunicação oral como apoio para descrição da dor. Realizou-se, também, uma análise multidimensional (Similarity Structure Analysis [SSA]) e o método das variáveis externas como pontos. Os resultados revelaram dificuldades na descrição dos aspectos qualitativos da dor e divergências existentes entre crianças e seus responsáveis, no que se refere à descrição da dor e fatores interferentes como a idade, sexo, ocorrência, frequência e nota da dor. Observou-se, ainda, que o contexto em que vivem as crianças, relacionado à presença de dor em familiares parece exercer peso nas respostas à dor e que há correlacão entre dor na realização de exames com a histórico de internações. A segunda fase investigou a representação gráfica dos descritores de dor. Participaram 40 crianças, com idade média de onze anos e dois meses de uma escola de ensino fundamental. A coleta foi realizada seguindo uma adaptação do Procedimento de Classificações Múltiplas (PCM) e buscou colher as representações das crianças sobre os descritores de dor. Os resultados foram organizados em quadros de frequência e analisados descritivamente. Selecionou-se três ―ideias gráficas‖ mais frequentes para cada um dos 24 descritores de dor. A terceira fase tratou da confecção dos Cartões de Dor. Foram realizadas buscas por figuras na internet que mais se assemelhassem aos desenhos e descrição das crianças da fase anterior. Confeccionou-se 120 cartões, sendo 78 representantes das ―ideias gráficas‖ mais frequentes e 48 de imagens aleatórias. A quarta fase tratou da apresentação dos cartões a 34 crianças, com idades variando entre quatro anos e cinco meses e sete anos e quatro meses, que realizaram o julgamento dos cartões. A análise dos dados foi realizada por meio de análise de frequência e os resultados indicaram alta significância para os cartões de dor selecionados para a maioria dos descritores, com exceção de: ―esmagamento‖, ―que incomoda‖ e ―insuportável‖. A quinta fase destinou-se à apresentação do Instrumento Multidimensional para Avaliação da Dor em Crianças Pequenas (IMADCP) e a proposta de aplicação. Conclui-se que o instrumento desenvolvido permite a avaliação de quatro componentes da dor: localização, intensidade, frequência e qualidade e, apresenta, como inovação, os Cartões de Dor, elaborados a partir da narrativa de crianças, para avaliação do componente qualitativo, propiciando a representação gráfica dos descritores de dor. / Pain is an unpleasant sensory and emotional experience related to real or potential tissue injury. As it is a difficult phenomenon to evaluate, it is important to seek tools that help in the interpretation of pain during a procedure, since the correct diagnosis will direct therapy. Regarding children, an additional challenge is to adapt the assessment tools to their cognitive and psychomotor ability. The objective of this thesis was to develop a multidimensional instrument for the assessment of pain in children, who are at a certain stage of cognitive development before formal operations, with descriptors produced from infant narratives. The study took a quantitative-qualitative approach and was carried out in five phases. The first phase involved collecting descriptions of the location, pain intensity and quality in children and their family. This was obtained through semi-structured interviews. 26 cancer patient children, of both sexes, aged between two years and five months to twelve years and one month, participated in this step along with their respective guardians, totalling 52 participants. A content analysis for the identification of pain descriptors present in the narratives of children was made. It was found that the words that qualify the pain showed great similarity to the descriptors categorized by McGill. There was also use of figurative reinforcements in oral communication as support for the description of the pain. A multi-dimensional analysis (Similarity Structure Analysis [SAS]) was carried out, and the method of external variables was used as reference points. The results revealed difficulties in describing qualitative aspects of pain and differences between children and their parents regarding the description of pain and interfering factors such as age, gender, occurrence, frequency and pain score. There was also the context in which children live, related to the presence of pain in the family which seems to have a bearing in the responses to pain and there is a correlation between pain in examinations with the history of hospitalizations. The second phase investigated the imaging of pain descriptors. 40 children participated in this stage with a mean age of eleven years and two months and all in primary school. The collection was made following an adaptation of the Multiple Classifications Procedure (MCP) and was aimed at collecting the children’s representations of the pain descriptors. The results were organized into frequency tables and analyzed descriptively. We selected three "graphic ideas" frequently used for each of the 24 pain descriptors. The third phase dealt with the preparation of Pain Cards. The internet was searched for more figures resembling the drawings and the descriptions of the children from the previous stage. 120 cards were produced, 78 representatives of most of the "graphic ideas" and 48 random images. The fourth phase dealt with the presentation of cards to 34 children, aged between four years and five months and seven years and four months, who participated in the trial with the cards. Data analysis was performed using frequency analysis and the results showed high significance for the selected pain card for the majority of descriptors, with the exception of: "crushing", "that bothers" and "unbearable". The fifth phase involved presenting the instrument for Multidimensional Pain Assessment in Young Children (IMADCP) and proposing their appropriation. In conclusion, the instrument developed allows evaluation of four pain components: location, intensity, frequency and quality. The Pain Cards, prepared from a child’s narrative, are innovative when assessing the qualitative component providing the graphical representation of pain descriptors.
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