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O preceito do jejum numa instituição religiosa : implicações subjetivas a partir da ótica foucaultiana / THE PRECEPT OF FASTING IN A RELIGIOUS INSTITUTION: SUBJECTIVE IMPLICATIONS FROM THE FOUCAULTIAN VIEW (Inglês)Rocha, Saulo Cruz 16 December 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-12-16 / This study deals with the subjective implications of the religious precept of fasting in
subjects inserted in a religious institution, from the theoretical perspective of Michel Foucault
on the precept and practices of penance, specially developed in The hermeneutic of the
subject and in History of sexuality. We sought to investigate the process of elaboration of the
meanings attributed to the religious precept of fasting and to identify how the ascetic
practices precepted, experienced in the institution, can be articulated as elements that
generate subjectivity. Semi-structured interviews were conducted with young participants of
the Shalom Catholic Community in Fortaleza, Ceará, randomly and voluntarily selected at the
institution, whose reports were read under the discourse analysis framework. Among the
aspects addressed, the institutional application of the ¿ascetic-monastic¿ model stands out, in
which fasting is not meant as a mere restriction of the alimentary order, but constitutes one of
the elements of a series of penitential practices aiming to dominate the carnal impulses and
the renunciation of self. The exercise of this asceticism, which Foucault calls ¿self-practices¿,
establishes a formulation of truth about individuals, based on two fundamental aspects of
Christian spirituality: the principle of contemplation, by which the mysticism imposes itself
on all social relations, establishing the sacred about human thinking and action; and the
principle of obedience, by which the subject places himself in a permanent condition of
dependence upon another and sacrifices of his own will. This is made possible by the
affective and social support provided by the group and by learning techniques and control
developed under strong hierarchical structures, by an instruments of examination of
conscience and of confession systematically adopted in the religious institution.
Key-words: fasting, religion, Foucault, precept, subjectivity. / Este estudo se debruça sobre as implicações subjetivas do preceito religioso do jejum em sujeitos
inseridos numa instituição religiosa, a partir da perspectiva teórica de Michel Foucault acerca
do preceito e das práticas de penitência, especialmente desenvolvidos em A hermenêutica do
sujeito e em História da sexualidade. Buscou-se investigar o processo de elaboração de
sentidos atribuídos ao preceito religioso do jejum e identificar como as práticas ascéticas
preceituais, vivenciadas na instituição, podem se articular como elementos geradores de
subjetividade. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com jovens participantes da
Comunidade Católica Shalom em Fortaleza, Ceará, selecionados aleatoriamente e
voluntariamente na instituição, cujos relatos foram lidos sob o referencial da análise do
discurso. Dentre os aspectos abordados, destaca-se a aplicação institucional do modelo
¿ascético-monástico¿ pelo qual o jejum não é significado como uma mera restrição de ordem
alimentar, mas se constitui como um dos elementos de uma série de práticas penitenciais
visando o domínio sobre os impulsos carnais e a renúncia de si. O exercício desta ascética,
que Foucault denomina como ¿práticas de si¿, institui uma formulação de verdade sobre os
indivíduos, baseando-se sobre dois aspectos fundamentais da espiritualidade cristã: o
princípio da contemplação, pelo qual a mística se impõe sobre todas as relações sociais,
instaurando o sagrado sobre o pensar e o agir humano; e o princípio da obediência, pelo qual
o sujeito se coloca numa condição permanente de dependência sob outrem e de sacrifício da
própria vontade. Isto é possibilitado pelo suporte afetivo e social proporcionado pelo grupo e
por técnicas de aprendizagem e controle desenvolvidas sob fortes estruturas hierárquicas, por
uma complexa rede discursiva e por instrumentos de exame de consciência e de confissão
sistematicamente adotados na instituição religiosa.
Palavras-chave: jejum, religião, Foucault, preceito, subjetividade.
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Santas jejuadoras, histéricas e anoréxicas : figuras de recusa alimentar - uma história das práticas de subjetividade produzidas pelo cristianismo e campos médicos : moderno e contemporâneo, a partir / FASTER SAINTS, HYSTERICALS AND ANOREXICS: FIGURES OF THE FOOD REFUSAL A HISTORY OF THE PRACTICES OF SUBJECTIVITY PRODUCED BY THE CHRISTIANITY AND MEDICAL FIELDS: MODERN AND CONTEMPORARY FROM THE FOUCAULTIAN PERSPECTIVE (Inglês)Banhos, Ticiana Chaves 20 March 2015 (has links)
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Previous issue date: 2015-03-20 / This study based on the Foucaultian s perspective of Ethics starts from the differences among
the acts of the food refusal of three figures that lie in different moments of the Western
cultural history: middle age, modernity and contemporary namely saints, hystericals and
anorexics. Under this vision of this perspective, the food refusal of these three figures is
addressed as a moral action, which only makes sense within the ethical Christians, modern
and contemporary fields, that are different from each other, in a way that acts on them
knowledge, regulatory practices and forms of relation to itself. Thus, by means of such
approach, we seek to explore the specificities of the figures of the food refusal as subjectivity
practices. This paper has studied the food refusal of the saints, hystericals and anorexics,
exploring the moral dimension, that relates to the way in which the subject implies itself in
the feeding practice, in such a manner that the moral behavior not only relates to the rules but
also implies certain relation to itself, which is not only self-awareness, but the constitution of
the self as a moral subject. The form of relation to itself is, therefore, a mechanism by which
values are inscribed in the conduct of individuals. It can be known through the subjective
elements, defined within a field of values, such as the ethical substance, the way of
subjection, the techniques of the self and the teleology. We initially examined the Ethical
fields from where emerge the figures of the food refusal, through the analysis of the dominant
speech of each period: the Christian religious domain and the medical, modern and
contemporary fields seeking to explain the parameters by means of which the subjects are
taken as objects of the knowledge-powers, religious and medical, and then to examine the
way in which the individual becomes subject of his actions referring to the social
mechanisms. The study engendered a perspective of analyses on the human experience that
surpass its medical and scientific objectivities. While the strict diet of the middle age saints as
Catarina de Siena and Clara de Assis, can be understood as ascetic and spiritualization
practices in the extent they constitute themselves as ethical Christians subjects, resulting in
resignation of the flesh, forgiveness of sins, mortification of vices, elimination of the bad
thoughts, spiritual strength, purity of soul, spirit salvation, self-perfection and immortality;
the histericals, constitute themselves, ethically, in the Modernity, as subjects of a sexuality,
showing the food repulsion as a symptom of a subjective world divided in pulsions/drive,
desires and interdictions. In the other hand the anorexic is the character of the food refusal
drama, that respects the contemporary normative values system, which is the reverse of the
health standard, meaning that she is the one who doesn t control her acts, either regulate her
actions, such as the act of eat, the appetite and the satiety, much less succeed to use the body
in a way to align herself with the demands of caring for the welfare, health and quality of life.
Key-words: Saints, Hystericals and Anorexics: figures of the food refusal. Practices of
Subjectivity. Foucault. Knowledge-Power. / Este estudo, ao se basear na perspectiva foucaultiana da ética, parte das diferenças entre os
atos de recusa alimentar de três figuras situadas em momentos distintos da história da cultura
ocidental - Idade Média, Modernidade e Contemporaneidade - quais sejam: santas, histéricas
e anoréxicas. Sob a visão dessa perspectiva, a recusa alimentar dessas três figuras é abordada
como ação moral, que só adquire sentido no interior dos campos éticos cristão, moderno e
contemporâneo, os quais se diferenciam, na medida em que neles operam saberes, práticas
regulatórias e, também, formas de relação a si. Desse modo, busca-se, por meio de tal
abordagem, explorar as especificidades das figuras da recusa alimentar como práticas de
subjetivação. Eis que este trabalho estudou a recusa alimentar das santas, histéricas e
anoréxicas, explorando a dimensão moral, que diz respeito ao modo pelo qual o sujeito se
implica na prática alimentar, de tal maneira que a conduta moral não só diz respeito às regras,
mas ela implica certa relação a si, que não é somente consciência de si, mas constituição de si
como sujeito moral. A forma de relação a si é, portanto, um dispositivo pelo qual os valores
se inscrevem na conduta dos indivíduos. Ela pode ser conhecida com amparo nos aspectos
subjetivos, definidos em um campo de valores, como a substância ética, o modo de sujeição,
as técnicas de si e a teleologia. Foram, pois, investigados, inicialmente, os campos éticos de
onde emergem as figuras da recusa alimentar por intermédio da análise dos discursos
dominantes de cada época: o domínio religioso-cristão e as searas médicas, moderna e
contemporânea, procurando explicitar os parâmetros por via dos quais os sujeitos são
tomados como objetos dos saberes-poderes, religioso e médico, para em seguida, examinar a
forma pela qual o indivíduo se torna sujeito de suas ações em referência aos dispositivos
sociais. Tal estudo engendrou, assim, uma perspectiva de análise sobre a experiência humana
que ultrapassa as suas objetivações médico-científicas. Enquanto o rigoroso regime alimentar
das santas medievais, como Catarina de Siena e Clara de Assis, pode ser entendido como
prática ascética e de espiritualização, na medida em que elas se constituem como sujeitos
éticos cristãos, resultando em renúncia da carne, remissão dos pecados, mortificação dos
vícios, eliminação dos maus pensamentos, fortalecimento espiritual, pureza da alma,
salvação do espírito, perfeição de si e imortalidade; as histéricas constituem se, eticamente,
na Modernidade, como sujeitos de uma sexualidade, exibindo a repulsa alimentar como
sintoma de um mundo subjetivo dividido entre pulsões, desejos e interdições. Já a anoréxica é
a personagem do drama da recusa alimentar, respeitante ao sistema de valores normativos
contemporâneo, que se constitui como o avesso da norma da saúde, quer dizer, ela é aquela
que não sabe controlar os seus atos, tampouco regular suas ações, como o ato de comer, o
apetite e a saciedade, muito menos logra usar o corpo, de modo a se alinhar com as
exigências de cuidados com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida.
Palavras-chave: Santas, histéricas e anoréxicas: figuras da recusa alimentar. Práticas de
Subjetividade. Foucault. Saber-Poder.
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