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Le kardécisme : un nouvel avatar initiatique? / Is Kardecism a secularized initiatic manifestation? / Seria o kardecismo um avatar iniciático secularizado?

Souillac, Claire 26 June 2018 (has links)
Le spiritisme apparaît comme un mouvement religieux populaire qui emphatise les charismes aux États-Unis autour de 1848. Traversant l’Atlantique, il revêt la forme d’une doctrine aux influences progressistes et anti-cléricales sous la plume d’Allan Kardec, son « codificateur » français, qui lui donne son patronyme en 1858. Enfin, il connaît une « religiosification » au Brésil dans les décennies qui suivent. Le kardécisme moderne est aujourd’hui considéré comme l’une des religions les plus importantes de ce pays, et compte des adeptes partout dans le monde. Ce travail s’intéresse d’abord à la pratique kardéciste contemporaine sur les trois continents historiques de son élaboration. L’ethnographie comparée des centres visités dans la Bay Area de San Francisco (États-Unis), à Paris (France) et à Salvador de Bahia (Brésil) montre une stabilisation du kardécisme autour de références communes. Les profils des « convertis », les modi operandi, les caractéristiques et le statut du savoir au sein des groupes sont autant d’éléments qui pointent la constitution d’une identité spirite transnationale uniformisée en dépit d’adaptations marginales des pratiques localement. Dans un second temps, le kardécisme retiendra notre attention en tant qu’avatar initiatique. Le travail sur soi, moral et expérimental, qu’exigent l’apprentissage médiumnique et la réforme intime, les deux piliers de la doctrine, est vecteur d’une transformation ontologique – pivot de la logique initiatique. En effet, l’initiation promeut un « changement de statut » chez l’aspirant à l’initiation. Mais l’initiation consiste aussi à instiller un sens du sacré. Là encore, l’interaction médiumnique est le siège d’un certain mystère. Si ces caractéristiques de l’initiation semblent préservées dans le kardécisme moderne, c’est sous une forme diluée, rationalisée – dès lors, le kardécisme ne témoigne-t-il pas des déplacements du sacré? / Spiritualism appeared in the USA around 1848 as a popular religious movement which emphasized charisma. Crossing the Atlantic Ocean it took on the form of a doctrine influenced by progressivism and anticlericalism as instigated by Allan Kardec, its French “codifier” who named it in 1848. Finally it underwent a “religiosification” in Brazil in the following decades. Nowadays modern Kardecism is considered to be one of the prevailing religions in Brazil and has followers all over the world. This research aims, first, to deal with contemporary Kardecist observance on the three historical continents of its elaboration. The comparative ethnography of the centers visited in San Francisco’s Bay Area (USA), in Paris (France) and in Salvador (Bahia, Brazil) reveals a stabilization of Kardecism around common references. The profiles of the “converts”, the procedures, and the characteristics and status of knowledge within the groups are all elements that point to the formation of a transnational Kardecist identity standardized despite minor variations in local practices. Secondly, we will focus on Kardecism as an initiatic manifestation. Concern for the self, both moral and experimental, required by the learning of mediumship and the “personal reform” which are the two pillars of the doctrine, is central to an ontological transformation, the mainspring of the initiatic process. Indeed initiation promotes a “change of status” in the personhood of the candidate for initiation. But initiation also involves awakening a sense of the Sacred in the candidate. However, the mediumnic interaction – i.e. the relationship between the medium and his/her spirits – remains somehow mysterious. These mentioned characteristics of initiation do seem preserved in modern Kardecism but in a diluted, rationalized form. Can then Kardecism help recognize the evolutions of the Sacred ? / O Espiritismo aparece como um movimento religioso popular que enfatiza os carismas nos Estados Unidos por volta de 1848. Cruzando o Atlântico, assume a forma de uma doutrina de influências progressistas e anti-clericais nos escritos de Allan Kardec, seu "codificador" francês, que lhe dá seu nome em 1858. Finalmente, experimenta uma "religiosificação" no Brasil nas décadas que se seguem. O kardecismo moderno é hoje considerado uma das religiões mais importantes deste país, e conta com seguidores em todo o mundo. Este trabalho se interessa principalmente com a prática kardecista contemporânea nos três continentes históricos do seu desenvolvimento. A etnografia comparativa dos centros visitados na área da baía de São Francisco (EUA), Paris (França) e Salvador da Bahia (Brasil) mostra uma estabilização do kardecismo em torno de referências comuns. O perfil dos "convertidos", os modi operandi, as características e status de conhecimento dentro do grupo são elementos que apontam a constituição de uma identidade espírita transnacional padronizada, apesar das adaptações marginais de práticas locais. Em segundo lugar, o kardecismo retêm nossa atenção como um avatar iniciático. O trabalho sob si mesmo, moral e experimental, exigido pelo ensino mediúnico e pela reforma íntima, os dois pilares da doutrina, é vetor de uma transformação ontológica – pivô da lógica iniciática. Na verdade, a iniciação promove uma "mudança de status" no aspirante à iniciação. Mas a iniciação consiste também em incutir um sentido do sagrado. Mais uma vez, a interação mediúnica é a sede de um certo mistério. Essas características de iniciação parecem preservadas no kardecismo moderno de uma forma diluída, racionalizada – mostraria, portanto, o kardecismo a circulação do Sagrado ?

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