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Histórias de Manoki: um relato da vida e do cotidiano de um povo durante o século XX

Ruiz, Edson Benedetti 14 May 2007 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-25T20:21:46Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Edson Benedetti Ruiz.pdf: 5430883 bytes, checksum: 891a51b4b32b16e1f53f9b3e87ef35d9 (MD5) Previous issue date: 2007-05-14 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / The present study aims to reflect on the trajectory of contact the Manoki people followed in the course of the 20th century. This indigenous society of isolate language lives in western part of Mato Grosso state (Brazil), on two Indigenous Territories located in the municipal district of Brasnorte. Historical accounts of the event indicate that their first contacts with the members of the national expansion front reaching the state of Mato Grosso territory in the beginning of the 20th century occurred in a violent way. On that occasion, they became known to the Brazilian society by the name of Irantxe or Iranche, denomination which has never represented any meaning to them. Such a denomination was probably assigned to them by the Pareci people and adopted by the Brazilian military expedition called Comissão Rodon ( Rondon Commission the Strategic Telegraph Lines Commission of Mato Grosso to Amazonas) whenever referring to them in the everyday situations. Afterwards, already in the beginning of the second half of the last century, they found themselves forced to live under the Jesuits wardship as the only way to warrant their existence, the reason why for decades they have been recognised as the Indians of the Church . In the 70s, an isolated group of Manoki people were contacted by the Jesuit Mission near the stream called Escondido (which means hidden in English). Although the perspectives of the contact relations have been established in different ways, the isolated group was also strongly labelled as a product of the missionary action. However, since the year 2000, they have adopted as their auto-denomination the term Manoki which refers to all those who share their traditional rituals. For decades they have been identified as a good example of an indigenous group fully assimilated into the Brazilian society. Nevertheless, as we investigate their trajectory of contact by means of the analysis of historical records and personal accounts collected in fieldwork, we can notice that the history of contact of this people shows elements indicating a strong connection between their mythical and sacred universe and the way they have conducted their relationships with members of the Brazilian society over the course of their history. In fact, the historical dynamics followed by the Manoki society is simultaneously marked by forces of transformation and continuity that move this people endowed with cultural and identity specificity / O presente estudo tem por objetivo refletir sobre a trajetória de contato percorrida pelo Povo Manoki ao longo do século XX. Esta sociedade indígena de língua isolada vive na porção oeste do estado de Mato Grosso em duas Terras Indígenas localizadas no município de Brasnorte. Relatos históricos indicam que seus primeiros contatos junto aos representantes da frente de expansão que atingiu o território mato-grossense no inicio do século XX ocorreram de forma violenta. Naquela ocasião, tornaram-se conhecidos da sociedade brasileira pelo nome Irantxe ou Iranche, denominação que nunca teve nenhum significado para eles. Tal denominação provavelmente lhes foi atribuída pelos Pareci e adotada pela Comissão Rondon cotidianamente. Posteriormente, já no início da segunda metade do século passado, viram-se obrigados a viver sob a tutela dos Jesuítas como única forma de garantir sua existência, razão pela qual durante décadas foram reconhecidos como sendo os índios da igreja . Na década de 70, um grupo isolado de Manoki foi contatado pela Missão Jesuíta nas proximidades do córrego Escondido. Embora as perspectivas das relações de contato tenham sido estabelecidas de maneira diferenciada, o grupo isolado também foi fortemente rotulado como um produto da ação missionária. Entretanto a partir de 2000, eles assumiram como autodenominação o termo Manoki, que se refere a todos os que compartilham de seus rituais tradicionais. Durante décadas, foram identificados como um bom exemplo de grupo indígena totalmente assimilado pela sociedade brasileira. Todavia, ao investigarmos sua trajetória através da análise de registros históricos e depoimentos pessoais coletados em campo, constatamos que o histórico de contato desse povo evidencia elementos que indicam forte ligação entre o seu universo mítico e de caráter sagrado e o modo como conduziram suas relações com os representantes da sociedade brasileira ao longo da história. De fato, a dinâmica histórica percorrida pela sociedade Manoki é marcada simultaneamente pelas forças de transformação e continuidade que movimentam essa coletividade dotada de uma especificidade cultural e identitária
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Histórias de Manoki: um relato da vida e do cotidiano de um povo durante o século XX

Ruiz, Edson Benedetti 14 May 2007 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-26T14:56:12Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Edson Benedetti Ruiz.pdf: 5430883 bytes, checksum: 891a51b4b32b16e1f53f9b3e87ef35d9 (MD5) Previous issue date: 2007-05-14 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / The present study aims to reflect on the trajectory of contact the Manoki people followed in the course of the 20th century. This indigenous society of isolate language lives in western part of Mato Grosso state (Brazil), on two Indigenous Territories located in the municipal district of Brasnorte. Historical accounts of the event indicate that their first contacts with the members of the national expansion front reaching the state of Mato Grosso territory in the beginning of the 20th century occurred in a violent way. On that occasion, they became known to the Brazilian society by the name of Irantxe or Iranche, denomination which has never represented any meaning to them. Such a denomination was probably assigned to them by the Pareci people and adopted by the Brazilian military expedition called Comissão Rodon ( Rondon Commission the Strategic Telegraph Lines Commission of Mato Grosso to Amazonas) whenever referring to them in the everyday situations. Afterwards, already in the beginning of the second half of the last century, they found themselves forced to live under the Jesuits wardship as the only way to warrant their existence, the reason why for decades they have been recognised as the Indians of the Church . In the 70s, an isolated group of Manoki people were contacted by the Jesuit Mission near the stream called Escondido (which means hidden in English). Although the perspectives of the contact relations have been established in different ways, the isolated group was also strongly labelled as a product of the missionary action. However, since the year 2000, they have adopted as their auto-denomination the term Manoki which refers to all those who share their traditional rituals. For decades they have been identified as a good example of an indigenous group fully assimilated into the Brazilian society. Nevertheless, as we investigate their trajectory of contact by means of the analysis of historical records and personal accounts collected in fieldwork, we can notice that the history of contact of this people shows elements indicating a strong connection between their mythical and sacred universe and the way they have conducted their relationships with members of the Brazilian society over the course of their history. In fact, the historical dynamics followed by the Manoki society is simultaneously marked by forces of transformation and continuity that move this people endowed with cultural and identity specificity / O presente estudo tem por objetivo refletir sobre a trajetória de contato percorrida pelo Povo Manoki ao longo do século XX. Esta sociedade indígena de língua isolada vive na porção oeste do estado de Mato Grosso em duas Terras Indígenas localizadas no município de Brasnorte. Relatos históricos indicam que seus primeiros contatos junto aos representantes da frente de expansão que atingiu o território mato-grossense no inicio do século XX ocorreram de forma violenta. Naquela ocasião, tornaram-se conhecidos da sociedade brasileira pelo nome Irantxe ou Iranche, denominação que nunca teve nenhum significado para eles. Tal denominação provavelmente lhes foi atribuída pelos Pareci e adotada pela Comissão Rondon cotidianamente. Posteriormente, já no início da segunda metade do século passado, viram-se obrigados a viver sob a tutela dos Jesuítas como única forma de garantir sua existência, razão pela qual durante décadas foram reconhecidos como sendo os índios da igreja . Na década de 70, um grupo isolado de Manoki foi contatado pela Missão Jesuíta nas proximidades do córrego Escondido. Embora as perspectivas das relações de contato tenham sido estabelecidas de maneira diferenciada, o grupo isolado também foi fortemente rotulado como um produto da ação missionária. Entretanto a partir de 2000, eles assumiram como autodenominação o termo Manoki, que se refere a todos os que compartilham de seus rituais tradicionais. Durante décadas, foram identificados como um bom exemplo de grupo indígena totalmente assimilado pela sociedade brasileira. Todavia, ao investigarmos sua trajetória através da análise de registros históricos e depoimentos pessoais coletados em campo, constatamos que o histórico de contato desse povo evidencia elementos que indicam forte ligação entre o seu universo mítico e de caráter sagrado e o modo como conduziram suas relações com os representantes da sociedade brasileira ao longo da história. De fato, a dinâmica histórica percorrida pela sociedade Manoki é marcada simultaneamente pelas forças de transformação e continuidade que movimentam essa coletividade dotada de uma especificidade cultural e identitária

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