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Perfil nutricional e de saúde de cortadores de cana nordestinos migrantes no sudeste do Brasil. / Nutritional profile and health of Northeasterns migrants cane cutters in the Southeast of Brazil.Silva Neta, Maria de Lourdes da 28 April 2009 (has links)
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas / A cana de açúcar é considerada a cultura agrícola de maior importância para a
história devido à mobilidade humana e impacto econômico e comercial que ocasionou
no mundo. Sua introdução no Brasil data do século XIV e perpetua-se em constante
expansão até os dias atuais. Sua exploração intensiva movimenta grandes contingentes
de mão de obra, desde os escravos até os bóias frias , hoje. O trabalho árduo com
elevado dispêndio energético, sob temperaturas elevadas e uma má alimentação são
fatores que afetam o estado de nutrição e saúde dos trabalhadores do corte da cana,
levando-os a ficar esgotados fisicamente após a jornada de trabalho, o que contribui
com o surgimento de episódios de câimbras e dores musculares que comprometem seu
rendimento no trabalho e, consequentemente, seu salário mensal, que é diretamente
proporcional a sua produtividade. Nesse sentido, a suplementação nutricional poderia
suprir a carência de nutrientes, e assim melhorar o estado físico do trabalhador laboral,
minimizando os danos causados ao organismo humano pelo trabalho do corte da cana,
mantendo o seu estado nutricional e de saúde?
O presente trabalho teve por objetivo estudar a efetividade da suplementação
nutricional na manutenção e/ou recuperação do estado nutricional e de saúde de
cortadores de cana nordestinos migrantes.
No período de abril a dezembro de 2007 foram estudados 150 cortadores de cana
nordestinos migrantes trabalhando na região sudeste do Brasil. A metodologia constou
de avaliação antropométrica e bioquímica, inquérito sócio-econômico, dietético e de
atividade física. Os participantes foram divididos por sorteio simples em 3 grupos de 50
trabalhadores cada, denominados Grupos Experimentais I, II e III. O grupo
experimental I (GE I) não recebeu suplementação nutricional e os grupos experimentais
II e III (GE II e GE III), receberam 2 tipos de suplementos ofertados em duas doses
diárias totalizando um acréscimo de 514 Kcal/dia em ambos os grupos. Os grupos
apresentaram-se homogêneos com relação aos dados antropométricos e bioquímicos. O
consumo energético médio observado foi de 2.288 Kcal/dia (64% de adequação). Após
a suplementação alimentar o grupo experimental II apresentou ganho de peso de 3,5kg,
aumento de 0,39% no percentual de gordura corporal. Com relação aos dados
bioquímicos houve melhora em todas as variáveis observadas em ambos os grupos
suplementados, porém apenas o grupo experimental III apresentou relação inversamente
positiva nos valores de malonaldeído plasmático. No tocante a ingesta energética, após a
suplementação, a média de adequação foi de 78% para os grupos suplementados. Nos
micronutrientes observou-se melhora significativa no aporte diário de magnésio,
potássio, cálcio e vitaminas A, C e E, no entanto não chegaram a atingir 50% das
recomendações das DRIs. Observando-se a produtividade, ao final do estudo o grupo
experimental III apresentou um aumento de 37% no rendimento dos trabalhadores. Os
resultados obtidos evidenciaram o efeito positivo da suplementação alimentar na
melhora do estado nutricional e de saúde e na produtividade dos trabalhadores
ressaltando a importância da suplementação alimentar não só como medida de caráter
emergencial mas também como uma forma concreta e viável para o setor
sucroenergético melhorar a saúde e a qualidade de vida dos cortadores de cana.
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