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Estado e elites locais no Egito do final do IIIº milênio a.C. / State and local elites in Egypt during the end of the third millenium B.C.Maria Thereza David João 14 August 2015 (has links)
Poucos estudos têm se dedicado a explorar de forma mais sistemática o processo que levou ao fim do Reino Antigo (2686 a 2160 a.C.) e ao advento do Primeiro Período Intermediário (2160-2055 a.C.) no Antigo Egito. A relativa escassez de fontes sempre foi um dos argumentos usados para rotular esse momento da história egípcia como uma idade das trevas, na qual a civilização do Nilo teria mergulhado em profundo caos decorrente do enfraquecimento da monarquia unificada articulada em torno do faraó e da elite menfita. Nesse entendimento períodos como esse, de retração da capacidade centralizadora do Estado, permanecem alijados da histórica política egípcia e são encarados como meros hiatos dentro de um curso supostamente natural de centralização política. Pretendendo rever essas interpretações, este estudo se debruça sobre a organização da administração estatal egípcia no período que cobre especialmente da Vª dinastia ao Primeiro Período Intermediário. A análise da documentação, que engloba decretos régios e autobiografias inscritas nas tumbas de alguns dos mais destacados funcionários dessa época, demonstra que a corrente percepção acerca do fim do Reino Antigo, na qual as reformas administrativas empreendidas entre a Vª e VIª dinastias teriam provocado excesso de poder das elites locais, levando-as a se autonomizar e a concorrer com o próprio Estado, é equivocada. Partindo de um concepção materialista a respeito do que se entende por Estado foi possível notar que o poder das elites provinciais, no Reino Antigo, articulava-se em torno de pelo menos três eixos principais: através do exercício de funções burocráticas na administração estatal; como responsáveis por instalações régias nas províncias, a exemplo do Hwt; e por intermédio da administração e sacerdócio tanto em templos de divindades locais quanto nas chamadas capelas do ka, destinadas ao culto dos monarcas egípcios. A conclusão é a de que a autonomia de certos grupos provinciais frente ao poder menfita se dá somente após o enfraquecimento deste último, não estabelecendo com ele uma relação causal. Tal autonomia não se configura, igualmente, como um processo de oposição ao Estado, uma vez que elites locais e Estado sei inseriam na lógica estatal por meio de laços de solidariedade e reciprocidade essenciais ao equilíbrio de ambos. Ao ofertar nova luz ao estudo da administração egípcia busca-se repensar as condições que levaram ao declínio do Reino Antigo, assim como reavaliar o lugar do Primeiro Período Intermediário na história egípcia através de uma perspectiva integradora, inserindo-o na dinâmica das relações de poder que marcaram a trajetória dessa sociedade como um momento fundamental no qual administração estatal, longe de entrar em colapso, reorganizase e se rearticula. / Only a few studies have systematically explored the process that led to the ending of the Old Kingdom (2686-2160 B.C) and the arrival of the First Intermediate Period (2160-2055 B.C) in Ancient Egypt. The relative lack of sources has always been an argument to label this moment of the Egyptian history has a period of dark ages, when the Nile civilization supposedly dived into deep chaos due to the weakening of the unified monarchy that jointed around the pharaoh and the Memphite elite. To this understanding, periods like that one, in which the States centralizing capacity retracted, remain excluded from the Egyptian political history and are faced as mere hiatus in a supposedly natural course of political centralization. Aiming to revise such interpretations, the present study discusses the organization of the Egyptian State administration from the 5th dynasty to the First Intermediate Period. The analysis of documents like royal decrees and autobiographies written in the tombs of some of the more distinguished officers of the period, points out the misconception of the current comprehension about the ending of the Old Kingdom. From our point of view, the administrative reforms made between the 5th and the 6th dynasties did not necessarily provoke an excess of power among the local elites, and therefore did not necessarily lead them to become autonomous and then concur with the State. By having in mind a materialistic conception of State, we could notice that the provincial elites power during the Old Kingdom jointed around at least three main perspectives: the exercise of bureaucratic functions in the State administration; the responsibility for royal installations in the provinces, like the hwt for example; and the administration and priesthood in local divinities temples and ka chapels, destined to the cult of the Egyptian monarchs. We have concluded that certain provincial groups started to become autonomous and to face the Memphite power only after this ones hegemony started to weaken; therefore, there is no causal relation. In the same way, such autonomy did not mean an opposition to the State, since the local elites and the State were bounded by solidarity and reciprocity laces which were essential to the balance of both. By offering a new perspective to the study of the Egyptian administration, we aim to rethink the conditions that led to the fall of the Old Kingdom and reevaluate the place of the First Intermediate Period in Egyptian history. We propose an integrating perspective that puts this period into the dynamics of power relations that marked the trajectory of that society as a fundamental moment in which the State administration, far from collapsing, reorganized and rearticulated itself.
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Estado e elites locais no Egito do final do IIIº milênio a.C. / State and local elites in Egypt during the end of the third millenium B.C.João, Maria Thereza David 14 August 2015 (has links)
Poucos estudos têm se dedicado a explorar de forma mais sistemática o processo que levou ao fim do Reino Antigo (2686 a 2160 a.C.) e ao advento do Primeiro Período Intermediário (2160-2055 a.C.) no Antigo Egito. A relativa escassez de fontes sempre foi um dos argumentos usados para rotular esse momento da história egípcia como uma idade das trevas, na qual a civilização do Nilo teria mergulhado em profundo caos decorrente do enfraquecimento da monarquia unificada articulada em torno do faraó e da elite menfita. Nesse entendimento períodos como esse, de retração da capacidade centralizadora do Estado, permanecem alijados da histórica política egípcia e são encarados como meros hiatos dentro de um curso supostamente natural de centralização política. Pretendendo rever essas interpretações, este estudo se debruça sobre a organização da administração estatal egípcia no período que cobre especialmente da Vª dinastia ao Primeiro Período Intermediário. A análise da documentação, que engloba decretos régios e autobiografias inscritas nas tumbas de alguns dos mais destacados funcionários dessa época, demonstra que a corrente percepção acerca do fim do Reino Antigo, na qual as reformas administrativas empreendidas entre a Vª e VIª dinastias teriam provocado excesso de poder das elites locais, levando-as a se autonomizar e a concorrer com o próprio Estado, é equivocada. Partindo de um concepção materialista a respeito do que se entende por Estado foi possível notar que o poder das elites provinciais, no Reino Antigo, articulava-se em torno de pelo menos três eixos principais: através do exercício de funções burocráticas na administração estatal; como responsáveis por instalações régias nas províncias, a exemplo do Hwt; e por intermédio da administração e sacerdócio tanto em templos de divindades locais quanto nas chamadas capelas do ka, destinadas ao culto dos monarcas egípcios. A conclusão é a de que a autonomia de certos grupos provinciais frente ao poder menfita se dá somente após o enfraquecimento deste último, não estabelecendo com ele uma relação causal. Tal autonomia não se configura, igualmente, como um processo de oposição ao Estado, uma vez que elites locais e Estado sei inseriam na lógica estatal por meio de laços de solidariedade e reciprocidade essenciais ao equilíbrio de ambos. Ao ofertar nova luz ao estudo da administração egípcia busca-se repensar as condições que levaram ao declínio do Reino Antigo, assim como reavaliar o lugar do Primeiro Período Intermediário na história egípcia através de uma perspectiva integradora, inserindo-o na dinâmica das relações de poder que marcaram a trajetória dessa sociedade como um momento fundamental no qual administração estatal, longe de entrar em colapso, reorganizase e se rearticula. / Only a few studies have systematically explored the process that led to the ending of the Old Kingdom (2686-2160 B.C) and the arrival of the First Intermediate Period (2160-2055 B.C) in Ancient Egypt. The relative lack of sources has always been an argument to label this moment of the Egyptian history has a period of dark ages, when the Nile civilization supposedly dived into deep chaos due to the weakening of the unified monarchy that jointed around the pharaoh and the Memphite elite. To this understanding, periods like that one, in which the States centralizing capacity retracted, remain excluded from the Egyptian political history and are faced as mere hiatus in a supposedly natural course of political centralization. Aiming to revise such interpretations, the present study discusses the organization of the Egyptian State administration from the 5th dynasty to the First Intermediate Period. The analysis of documents like royal decrees and autobiographies written in the tombs of some of the more distinguished officers of the period, points out the misconception of the current comprehension about the ending of the Old Kingdom. From our point of view, the administrative reforms made between the 5th and the 6th dynasties did not necessarily provoke an excess of power among the local elites, and therefore did not necessarily lead them to become autonomous and then concur with the State. By having in mind a materialistic conception of State, we could notice that the provincial elites power during the Old Kingdom jointed around at least three main perspectives: the exercise of bureaucratic functions in the State administration; the responsibility for royal installations in the provinces, like the hwt for example; and the administration and priesthood in local divinities temples and ka chapels, destined to the cult of the Egyptian monarchs. We have concluded that certain provincial groups started to become autonomous and to face the Memphite power only after this ones hegemony started to weaken; therefore, there is no causal relation. In the same way, such autonomy did not mean an opposition to the State, since the local elites and the State were bounded by solidarity and reciprocity laces which were essential to the balance of both. By offering a new perspective to the study of the Egyptian administration, we aim to rethink the conditions that led to the fall of the Old Kingdom and reevaluate the place of the First Intermediate Period in Egyptian history. We propose an integrating perspective that puts this period into the dynamics of power relations that marked the trajectory of that society as a fundamental moment in which the State administration, far from collapsing, reorganized and rearticulated itself.
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O ocaso da noção de combinatória do Tractatus / How the notion of rules came to occupy the place of truthfunction calculusAvendano, Diego de Souza 21 November 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-11-21 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / The aim of this dissertation is outline the course by which the concept of rule "arises" in Wittgenstein's thought. I shall consider that the origin of the approach to the concept of "rule" lies in the rapid development of the author's thinking between 1929-1934. His immediate problem was to remedy the glaring error, presented by Ramsey, on the Tractarian remarks about the logical necessity. In order to correct this error, Wittgenstein introduces two major innovations with which he believes that can solve the problem and still preserve the rigid tractarian demarcation between logical truth and empirical truth. First, he will replace the combinatorial model underlying the natural language that prevailed in the Tractatus by a conception which he describes as a system of propositions (Satzsysteme), in which language would be considered as a complex system of autonomous propositional calculi. This change make possible preserves the thesis that all necessity is a logical necessity, however, it will be necessary to abandon the referential conception of meaning and the logical independence of elementary propositions. Thus, our proposal in this dissertation is to establish all aspects of the Tractarian philosophy that precede and sustain the proposal of language as correspondence, emphasizing that the abandonment shall result in changes such as: 1) a word has its meaning only in the context of its propositional system; 2) the meaning of any word is the totality of the rules governing its use in this system; 3) The meaning of a proposition is the method of its verification. Finally, in order to understand the context of these changes, it seems to be the case, that in one hand, we need to establish the essence and general form of the proposition in the Tractatus, and thereby elucidate some aspects of what are the essential traits of language and the world; On the other, to establish the limits and the scope of analysis, so we can understand its mutation outlined in accordance with the new criterion of sense – the rules – since what counts as the object of analysis will not be determined by a general form, but displayed by a “possible calculus”. / Em minha dissertação buscarei esboçar o percurso pelo qual o conceito de regra “surge” no pensamento de Wittgenstein. Irei considerar que a origem da abordagem do conceito de “regra” encontra-se no rápido desenvolvimento do pensamento do autor entre 1929 – 1934. Nesta época, seu problema imediato era remediar o erro das considerações Tractarianas acerca da necessidade lógica apresentado por Ramsey. Para corrigir este erro, Wittgenstein introduz duas inovações com as quais ele acredita poder resolver o problema e, ainda, preservar a rígida demarcação tractariana entre verdade lógica e verdade empírica. Primeiro, ele irá substituir o modelo único de cálculo subjacente à linguagem natural que imperava no Tractatus por uma concepção que ele descrever
como sistema de proposições (Satzsysteme), no qual a linguagem seria vista como um complexo emaranhado de sistemas proposicionais autônomos, cada qual constituindo um espaço lógico distinto. Desta maneira, ele preserva a tese de que toda necessidade é uma necessidade lógica, contudo, será preciso abandonar a concepção referencial de significado e a independência lógica das proposições elementares. Assim, nossa proposta nesta dissertação é estabelecer todos os aspectos da filosofia do Tractatus que antecedem e fundamentam a proposta da linguagem enquanto correspondência, enfatizando que o abandono desta última resulta em mudanças como: 1) uma palavra só tem significado no contexto do seu sistema proposicional; 2) o significado de uma palavra qualquer é a totalidade das regras que governam seu uso neste sistema; 3) o sentido de uma proposição é o método de sua verificação. Por fim, para que possamos compreender o contexto dessas mudanças, parece ser o caso de, por um lado, estabelecer a essência e a forma geral da proposição no Tractatus e, com isso, elucidar alguns aspectos do que, segundo o autor, são traços essências da linguagem e do mundo; por outro, estabelecer os limites do âmbito da análise, para que possamos compreender a sua mutação esboçada em conformidade com o novo critério do sentido, as regras, pois o que conta como objeto de análise será menos determinado por uma forma geral e mais exibido por um “cálculo” possível.
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