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O TRABALHO E A DOCÊNCIA EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICA: O CASO DOS PROFESSORES DE ODONTOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS.

Fleury, Alessandra Ramos Demito 10 December 2013 (has links)
Made available in DSpace on 2016-07-27T14:18:39Z (GMT). No. of bitstreams: 1 ALESSANDRA RAMOS DEMITO FLEURY.pdf: 9617369 bytes, checksum: a6ac3e34563293c29f5b96e79826acf2 (MD5) Previous issue date: 2013-12-10 / O trabalho docente nas Instituições federais de ensino superior (Ifes) tem sido marcado por um contexto de intensificação, precarização e flexibilização nos últimos anos. A invasão da lógica neoliberal no espaço universitário trouxe implicações para o cotidiano de trabalho docente, o qual passou a se orientar pelas premissas da eficiência e da produtividade. Este contexto desenvolveu novas formas de organização do trabalho docente, influenciando suas relações socioprofissionais e suas vivências de prazer e sofrimento. Esta tese teve o objetivo de descrever e analisar, com base em categorias de análise da clínica psicodinâmica do trabalho, as vivências dos docentes da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) em relação ao seu trabalho na instituição de ensino superior (IES). Para tanto, buscou-se identificar os elementos que causam vivências de prazer e sofrimento nos docentes e que se relacionam ao seu contexto de trabalho, compreender as estratégias defensivas coletivas utilizadas pelo grupo em relação ao sofrimento gerado pelos constrangimentos no trabalho e verificar as possibilidades de constituição de um espaço de discussão coletivo. Foram desenvolvidos dois estudos para alcançar esse objetivo. O primeiro baseou-se em uma análise documental, a qual analisou os cadernos de avaliação institucional, e um diagnóstico organizacional elaborado por empresa de consultoria especializada na área. O estudo I também envolveu a realização de entrevistas individuais, relacionadas à temática das categorias da psicodinâmica do trabalho. O segundo estudo foi desenvolvido com base na validação dos dados do estudo I e realizado em sessões coletivas com os professores da Faculdade de Odontologia da UFG. O referencial teórico para interpretação dos resultados foi a Psicodinâmica do trabalho, a qual é imbuída de uma ética de defesa da saúde do trabalhador e de sua ação autônoma e transformadora das formas patogênicas de gestão e organização do trabalho. Os resultados das análises indicam que as vivências de sofrimento relacionam-se à sobrecarga, à falta de reconhecimento e aos conflitos presentes nas relações socioprofissionais, e que todos estes elementos se relacionam com a liberdade e a autonomia do professor. Essas, percebidas pelos professores como fontes de prazer, possibilitam o uso das estratégias defensivas do individualismo e do isolamento, e auxiliam o enfrentamento da sobrecarga de trabalho, das relações interpessoais conflituosas e da cobrança por produtividade. A liberdade e a autonomia contribuem para o prazer, mas também para o sofrimento, pois dificultam a formação de um coletivo capaz de restaurar a solidariedade e a confiança entre os professores e que possibilitaria ao docente deliberar coletivamente sobre as dificuldades enfrentadas no cotidiano de trabalho, elaborando soluções compartilhadas, promovendo o reconhecimento sobre o seu engajamento, e o exercício pleno da liberdade e da autonomia, as quais poderiam modificar o seu contexto de trabalho. As vivências de prazer dos professores estão relacionadas ao convívio com os alunos, à sala de aula e ao significado da profissão docente em sua potência em transformar realidades. Conclui-se que o reconhecimento do aluno constitui um tipo singular, o qual ressignifica o sofrimento docente advindo da sobrecarga de trabalho e da ausência de outros reconhecimentos.

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