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Poéticas do sacrifício (1960-1978): excesso e martírio na arte da performance à luz dos escritos de Georges Bataille e do Acionismo de Viena / Poetics of sacrifice (1960-1978): excess and martyrdom in performance art according to the writings of Georges Bataille and the Vienna Actionism.Pecorelli Filho, Biagio 15 March 2019 (has links)
Entre os anos de 1960 e 1978, diversos artistas europeus e norte-americanos recorreram em suas obras a práticas que remontam a antigos rituais de sacrifício religioso. Os documentos fotográficos e videográficos que restaram dessas ações chegam ao século XXI exercendo ainda, no encontro com as audiências do presente, uma notável performatividade que envolve a produção de rumores, sensacionalismos e mal-entendidos, mas também a produção de novas e novas performances do sacrifício. Esta tese propõe como ponto de partida metodológico uma arqueologia (Michel Foucault) da massa documental que envolve um nascimento da \"arte corporal\" na França e nos Estados Unidos entre as décadas de 1960 e 1970, afim de deslocar uma ontologia da performance (Peggy Phelan) que, ainda hoje, especialmente no âmbito dessas poéticas, evoca a noção de \"real\" para o centro das discussões que envolvem a relação entre documento e performance. Nesse sentido, a tese apresenta o conceito de monumento sacrificial: a imagem de um corpo sacrificado ou a imagem de um corpo sacrificante que exerce sobre o corpo histórico da performance art uma repetição, ao evocar esse \"real\" enquanto risco, asco, dor, morte, destruição, ferida que fere - sacrifício. Dividida em duas partes, a tese propõe como hipótese uma passagem, no âmbito de uma história primordial destas poéticas, do corpo sacrificante - corpo sob o signo do excesso - para o corpo sacrificado - corpo sob o signo do martírio -, ocorrida na virada dos anos de 1960 para 1970. O conceito de sacrifício, por sua vez, é aqui desenvolvido, de um lado, a partir dos escritos de Georges Bataille e da estranha posição que o escritor ocupa no curso de uma história das teorias do sacrifício religioso modernas; e de outro, a partir dos monumentos sacrificiais produzidos, na década de 1960, por quatro artistas austríacos associados ao chamado Acionismo de Viena. Acredito que a imaginação sacrificial de Bataille e os monumentos sacrificiais de Rudolf Schwarzkogler, Günter Brus, Hermann Nitsch e Otto Muehl propiciam um olhar crítico sobre as poéticas e as políticas do sacrifício ontem e hoje. / Between the years of 1960 and 1978, several European and American artists have employed in their works practices that go back to ancient rituals of religious sacrifice. The photographic and videographic documents that remain of these actions arrive at the 21st century still exerting, in the meeting with the audiences of the present, a remarkable performativity that involves the production of rumors, sensationalisms and misunderstandings, but also the production of new performances of sacrifice This thesis proposes as a methodological starting point an archeology (Michel Foucault) of the documentary mass that involves the birth of the \"body art\" in France and in the United States between the 1960s and 1970s, in order to displace an ontology of performance (Peggy Phelan) which, even today, especially in the context of these poetics, evokes the notion of \"real\" to the center of the discussions that involves the relationship between document and performance. In this sense, the thesis presents the concept of a sacrificial monument: the image of a sacrificed body or the imagem of a sacrificing body which exerts upon the historical body of performance art a repetition, evoking this \"real\" as risk, disgust, pain, death, destruction, a wound which hurts - sacrifice. Divided into two parts, the thesis proposes as a hypothesis a turn point, within a primordial history of these poetics, from the sacrificing body - body under the sign of excess - to the sacrificed body - body under the sign of martyrdom -, that occurred in the early 1970\'s. The concept of sacrifice, for its turn, is developed here, on the one hand, from the writings of Georges Bataille and the strange position that he occupies in the course of a history of theories of modern religious sacrifice; and on the other hand, the concept is developed from the sacrificial monuments produced in the 1960s by four Austrian artists associated with the so-called Viennese Actionism. I belive that Bataille\'s sacrificial imagination and the sacrificial monuments by Rudolf Schwarzkogler, Günter Brus, Hermann Nitsch and Otto Muehl provide a critical gaze on the poetics and politcs of sacrifice of the past and the present.
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