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Percepções de risco teratogênico por gestantes e mulheres em idade fértil no Sul do Brasil : uma abordagem qualitativa e quantitativaPons, Emilia da Silva January 2012 (has links)
A percepção de risco teratogênico equivocada pode levar à privação de uso de medicamentos seguros e à relutância ou não adesão ao tratamento farmacológico durante a gestação. Estudos prévios realizados em países desenvolvidos sugerem que a percepção de risco teratogênico ao uso de medicamentos é superestimada por gestantes, não gestantes e profissionais de saúde. Grande parte destes estudos foi realizada em centros de aconselhamento teratogênico e utilizou apenas uma técnica de aferição da percepção de risco (Escalas Visuais Analógicas). Com o objetivo de caracterizar a percepção de risco teratogênico por gestantes e mulheres em idade fértil, conduzimos um estudo que combinou métodos qualitativos e quantitativos de investigação. Participaram da pesquisa usuárias de serviços de saúde da rede básica municipal de Porto Alegre. Em termos qualitativos, foram realizados dois grupos focais com gestantes. Os dados quantitativos resultaram da realização de entrevistas estruturadas com 287 mulheres em idade fértil divididas em dois grupos: gestantes e não gestantes. A percepção de risco de malformações congênitas na população geral e as percepções de risco teratogênico das exposições a paracetamol, metoclopramida, misoprostol e radioterapia na gestação foram aferidas por duas técnicas: Escalas Visuais Analógicas (EVA) e perguntas numéricas. A concordância entre as duas técnicas de aferição foi avaliada pela análise gráfica de Bland-Altman. Não encontramos concordância entre as medidas obtidas por EVA e por pergunta para nenhuma das percepções de risco em estudo. As medianas das percepções de risco teratogênico medidas por EVA foram superiores às obtidas através da pergunta numérica, para todas as variáveis. Para ambas as técnicas de aferição, as medianas das percepções de risco teratogênico ao paracetamol e à metoclopramida foram mais baixas que para o risco de malformações congênitas na população geral. Já as medianas das percepções de risco ao misoprostol e à radioterapia apresentaram os maiores valores. Não foram encontradas diferenças significativas nas percepções de risco entre gestantes e não gestantes. A lógica acionada pelas mulheres na estimação do risco teratogênico é a da classificação dos medicamentos em fortes e fracos. Dentro desta lógica, os medicamentos e as exposições percebidos por elas como fracos não apresentam riscos, enquanto que aqueles percebidos como fortes são vistos como perigosos e devem ser evitados na gestação. Concluímos que o uso de EVA leva à superestimação das percepções de risco teratogênico. Além disso, frente à dificuldade em operar a lógica probabilística na estimação de risco, as mulheres operam uma lógica própria, classificando os medicamentos em fortes ou fracos. / An erroneous perception of teratogenic risk can lead to the non-use of safe medications and reluctance to or abstaining from pharmacological treatment during pregnancy. Previous studies conducted in developed countries suggest that the perception of teratogenic risk in the use of medications is overestimated by pregnant women, non-pregnant women and health professionals. Most of these studies were performed in teratogen counseling centers and only used one technique for measuring risk perception (Visual Analogue Scales). In order to characterize the perception of teratogenic risk by pregnant women and women of childbearing age, we conducted a study that combined qualitative and quantitative research methods. Public health care users from the city of Porto Alegre participated in the research. In qualitative terms, two focus groups were carried out with pregnant women. The quantitative data was derived from structured interviews with 287 women of childbearing age divided into two groups: pregnant and non-pregnant women. The perception of risk of congenital malformations in the general population and the perception of teratogenic risk through exposure to acetaminophen, metoclopramide, misoprostol and radiation therapy during pregnancy were measured via two techniques: Visual Analogue Scales (VAS) and numerical questions. The agreement between the two measurement techniques was evaluated using Bland-Altman graphic analysis. We did not find an agreement between the measurements obtained through VAS and those obtained through questions for any of the risk perceptions in the study. The medians of the perceptions of teratogenic risk measured by VAS were higher than those obtained by numerical questions, for all variables. For both measurement techniques, the medians of the perceptions of teratogenic risk with acetaminophen and metoclopramide were lower than those for the risk of congenital malformations in the general population. However, the medians of the perceptions of risk with misoprostol and radiation therapy presented the highest values. There were no significant differences in risk perceptions among pregnant and non-pregnant women. The logic employed by women in estimating teratogenic risk is the classification of drugs according to strong and weak. According to this logic, the drugs and exposure to them, perceived by these women as weak, do not present risks, while those perceived as strong are seen as hazardous and should be avoided during pregnancy. Our conclusion is that the use of VAS leads to the overestimation of teratogenic risk perceptions. Moreover, given the difficulty to engage in probabilistic logic for estimating risk, women engage in their own logic, classifying medications as strong or weak.
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Percepções de risco teratogênico por gestantes e mulheres em idade fértil no Sul do Brasil : uma abordagem qualitativa e quantitativaPons, Emilia da Silva January 2012 (has links)
A percepção de risco teratogênico equivocada pode levar à privação de uso de medicamentos seguros e à relutância ou não adesão ao tratamento farmacológico durante a gestação. Estudos prévios realizados em países desenvolvidos sugerem que a percepção de risco teratogênico ao uso de medicamentos é superestimada por gestantes, não gestantes e profissionais de saúde. Grande parte destes estudos foi realizada em centros de aconselhamento teratogênico e utilizou apenas uma técnica de aferição da percepção de risco (Escalas Visuais Analógicas). Com o objetivo de caracterizar a percepção de risco teratogênico por gestantes e mulheres em idade fértil, conduzimos um estudo que combinou métodos qualitativos e quantitativos de investigação. Participaram da pesquisa usuárias de serviços de saúde da rede básica municipal de Porto Alegre. Em termos qualitativos, foram realizados dois grupos focais com gestantes. Os dados quantitativos resultaram da realização de entrevistas estruturadas com 287 mulheres em idade fértil divididas em dois grupos: gestantes e não gestantes. A percepção de risco de malformações congênitas na população geral e as percepções de risco teratogênico das exposições a paracetamol, metoclopramida, misoprostol e radioterapia na gestação foram aferidas por duas técnicas: Escalas Visuais Analógicas (EVA) e perguntas numéricas. A concordância entre as duas técnicas de aferição foi avaliada pela análise gráfica de Bland-Altman. Não encontramos concordância entre as medidas obtidas por EVA e por pergunta para nenhuma das percepções de risco em estudo. As medianas das percepções de risco teratogênico medidas por EVA foram superiores às obtidas através da pergunta numérica, para todas as variáveis. Para ambas as técnicas de aferição, as medianas das percepções de risco teratogênico ao paracetamol e à metoclopramida foram mais baixas que para o risco de malformações congênitas na população geral. Já as medianas das percepções de risco ao misoprostol e à radioterapia apresentaram os maiores valores. Não foram encontradas diferenças significativas nas percepções de risco entre gestantes e não gestantes. A lógica acionada pelas mulheres na estimação do risco teratogênico é a da classificação dos medicamentos em fortes e fracos. Dentro desta lógica, os medicamentos e as exposições percebidos por elas como fracos não apresentam riscos, enquanto que aqueles percebidos como fortes são vistos como perigosos e devem ser evitados na gestação. Concluímos que o uso de EVA leva à superestimação das percepções de risco teratogênico. Além disso, frente à dificuldade em operar a lógica probabilística na estimação de risco, as mulheres operam uma lógica própria, classificando os medicamentos em fortes ou fracos. / An erroneous perception of teratogenic risk can lead to the non-use of safe medications and reluctance to or abstaining from pharmacological treatment during pregnancy. Previous studies conducted in developed countries suggest that the perception of teratogenic risk in the use of medications is overestimated by pregnant women, non-pregnant women and health professionals. Most of these studies were performed in teratogen counseling centers and only used one technique for measuring risk perception (Visual Analogue Scales). In order to characterize the perception of teratogenic risk by pregnant women and women of childbearing age, we conducted a study that combined qualitative and quantitative research methods. Public health care users from the city of Porto Alegre participated in the research. In qualitative terms, two focus groups were carried out with pregnant women. The quantitative data was derived from structured interviews with 287 women of childbearing age divided into two groups: pregnant and non-pregnant women. The perception of risk of congenital malformations in the general population and the perception of teratogenic risk through exposure to acetaminophen, metoclopramide, misoprostol and radiation therapy during pregnancy were measured via two techniques: Visual Analogue Scales (VAS) and numerical questions. The agreement between the two measurement techniques was evaluated using Bland-Altman graphic analysis. We did not find an agreement between the measurements obtained through VAS and those obtained through questions for any of the risk perceptions in the study. The medians of the perceptions of teratogenic risk measured by VAS were higher than those obtained by numerical questions, for all variables. For both measurement techniques, the medians of the perceptions of teratogenic risk with acetaminophen and metoclopramide were lower than those for the risk of congenital malformations in the general population. However, the medians of the perceptions of risk with misoprostol and radiation therapy presented the highest values. There were no significant differences in risk perceptions among pregnant and non-pregnant women. The logic employed by women in estimating teratogenic risk is the classification of drugs according to strong and weak. According to this logic, the drugs and exposure to them, perceived by these women as weak, do not present risks, while those perceived as strong are seen as hazardous and should be avoided during pregnancy. Our conclusion is that the use of VAS leads to the overestimation of teratogenic risk perceptions. Moreover, given the difficulty to engage in probabilistic logic for estimating risk, women engage in their own logic, classifying medications as strong or weak.
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Percepções de risco teratogênico por gestantes e mulheres em idade fértil no Sul do Brasil : uma abordagem qualitativa e quantitativaPons, Emilia da Silva January 2012 (has links)
A percepção de risco teratogênico equivocada pode levar à privação de uso de medicamentos seguros e à relutância ou não adesão ao tratamento farmacológico durante a gestação. Estudos prévios realizados em países desenvolvidos sugerem que a percepção de risco teratogênico ao uso de medicamentos é superestimada por gestantes, não gestantes e profissionais de saúde. Grande parte destes estudos foi realizada em centros de aconselhamento teratogênico e utilizou apenas uma técnica de aferição da percepção de risco (Escalas Visuais Analógicas). Com o objetivo de caracterizar a percepção de risco teratogênico por gestantes e mulheres em idade fértil, conduzimos um estudo que combinou métodos qualitativos e quantitativos de investigação. Participaram da pesquisa usuárias de serviços de saúde da rede básica municipal de Porto Alegre. Em termos qualitativos, foram realizados dois grupos focais com gestantes. Os dados quantitativos resultaram da realização de entrevistas estruturadas com 287 mulheres em idade fértil divididas em dois grupos: gestantes e não gestantes. A percepção de risco de malformações congênitas na população geral e as percepções de risco teratogênico das exposições a paracetamol, metoclopramida, misoprostol e radioterapia na gestação foram aferidas por duas técnicas: Escalas Visuais Analógicas (EVA) e perguntas numéricas. A concordância entre as duas técnicas de aferição foi avaliada pela análise gráfica de Bland-Altman. Não encontramos concordância entre as medidas obtidas por EVA e por pergunta para nenhuma das percepções de risco em estudo. As medianas das percepções de risco teratogênico medidas por EVA foram superiores às obtidas através da pergunta numérica, para todas as variáveis. Para ambas as técnicas de aferição, as medianas das percepções de risco teratogênico ao paracetamol e à metoclopramida foram mais baixas que para o risco de malformações congênitas na população geral. Já as medianas das percepções de risco ao misoprostol e à radioterapia apresentaram os maiores valores. Não foram encontradas diferenças significativas nas percepções de risco entre gestantes e não gestantes. A lógica acionada pelas mulheres na estimação do risco teratogênico é a da classificação dos medicamentos em fortes e fracos. Dentro desta lógica, os medicamentos e as exposições percebidos por elas como fracos não apresentam riscos, enquanto que aqueles percebidos como fortes são vistos como perigosos e devem ser evitados na gestação. Concluímos que o uso de EVA leva à superestimação das percepções de risco teratogênico. Além disso, frente à dificuldade em operar a lógica probabilística na estimação de risco, as mulheres operam uma lógica própria, classificando os medicamentos em fortes ou fracos. / An erroneous perception of teratogenic risk can lead to the non-use of safe medications and reluctance to or abstaining from pharmacological treatment during pregnancy. Previous studies conducted in developed countries suggest that the perception of teratogenic risk in the use of medications is overestimated by pregnant women, non-pregnant women and health professionals. Most of these studies were performed in teratogen counseling centers and only used one technique for measuring risk perception (Visual Analogue Scales). In order to characterize the perception of teratogenic risk by pregnant women and women of childbearing age, we conducted a study that combined qualitative and quantitative research methods. Public health care users from the city of Porto Alegre participated in the research. In qualitative terms, two focus groups were carried out with pregnant women. The quantitative data was derived from structured interviews with 287 women of childbearing age divided into two groups: pregnant and non-pregnant women. The perception of risk of congenital malformations in the general population and the perception of teratogenic risk through exposure to acetaminophen, metoclopramide, misoprostol and radiation therapy during pregnancy were measured via two techniques: Visual Analogue Scales (VAS) and numerical questions. The agreement between the two measurement techniques was evaluated using Bland-Altman graphic analysis. We did not find an agreement between the measurements obtained through VAS and those obtained through questions for any of the risk perceptions in the study. The medians of the perceptions of teratogenic risk measured by VAS were higher than those obtained by numerical questions, for all variables. For both measurement techniques, the medians of the perceptions of teratogenic risk with acetaminophen and metoclopramide were lower than those for the risk of congenital malformations in the general population. However, the medians of the perceptions of risk with misoprostol and radiation therapy presented the highest values. There were no significant differences in risk perceptions among pregnant and non-pregnant women. The logic employed by women in estimating teratogenic risk is the classification of drugs according to strong and weak. According to this logic, the drugs and exposure to them, perceived by these women as weak, do not present risks, while those perceived as strong are seen as hazardous and should be avoided during pregnancy. Our conclusion is that the use of VAS leads to the overestimation of teratogenic risk perceptions. Moreover, given the difficulty to engage in probabilistic logic for estimating risk, women engage in their own logic, classifying medications as strong or weak.
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