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Assédio moral : uma violência estratégica

Martins, Wladimir 22 June 2010 (has links)
Made available in DSpace on 2015-02-04T21:38:52Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Wladimir_Martins.pdf: 660776 bytes, checksum: b794c15f6021b35cb3de81b8c102cbc8 (MD5) Previous issue date: 2010-06-22 / Todas as atividades humanas são realizadas pelo fato de que os homens vivem juntos. A ação individual depende exclusivamente da presença de outros seres humanos. As realizações humanas são complexas e carregam características próprias do seu tempo. Um aspecto que permeia a história das realizações da humanidade e que insistentemente surpreende a própria espécie são os registros de ações violentas. A violência é um componente constante, detectado em qualquer momento da história; possui diversas representações com resultados invariavelmente danosos aos seres humanos. A violência assume, nas últimas décadas, uma roupagem inserida em um cenário já amplamente conhecido: a competição pela sobrevivência. O cenário está posto, a roupagem pode ser considerada nova, porém com nuances ainda a serem estudadas. A sociedade industrial, a nova roupagem, abriga, com suas organizações empresariais, o palco apropriado para que a violência praticada pelo homem sobre o homem se manifeste de modo inusitado. Dominação e violência são representações constantes nas organizações empresarias chamadas modernas. Do controle sobre os movimentos do corpo e da limitação da autonomia do pensamento no início do século XX, ao controle da vontade, do desejo e do inconsciente caracterizados no final do mesmo século e início do século atual, repetem-se, das mais variadas maneiras, sob as mais diversas razões, as ações violentas sobre o ser humano. Na ação do mais forte sobre o mais fraco é criada a relação de dependência usada para dominar, humilhar e expropriar a dignidade humana nas relações de trabalho constituídas sob a ideologia do êxito e da lucratividade ilimitada. Estudos específicos sobre a violência nas organizações constituem-se em uma área recente de pesquisa. Há pouco mais de 20 anos, a violência nas relações de trabalho assume aspecto relevante em virtude do número crescente de casos registrados, com maior repercussão social. Denominada Assédio Moral ou psicoterror no trabalho, concretiza-se ao produzir danos ao psiquismo humano, prejudicando a saúde emocional, comprometendo-lhe a autoestima e a identidade. Neste sentido esta pesquisa pretende responder ao questionamento: A violência nas organizações denominada Assédio Moral é usada intencionalmente como estratégia de gestão para que resultados financeiros cada vez maiores sejam atingidos através da superação individual e coletiva dos trabalhadores? Parte-se do pressuposto que a acirrada competição empresarial produz um processo de crescimento obsessivo e sem regras. Com base nas premissas descritas por Maquiavel (1999), que afirma serem os fins desejados as razões que justificam os meios empregados para atingi-los, as organizações modernas utilizam-se estrategicamente da natural competitividade da espécie para atingirem os seus objetivos? Coagido, o trabalhador compete, supera-se, faz o que for preciso para manter-se empregado a partir do cenário construído pela empresa? Será esse cenário determinante para que a violência se constitua? Para lidar com essas questões foram realizadas seis (06) pesquisas semi-dirigidas com gerentes gerais de agências bancárias situadas na cidade de Santos que indicaram, de modo unânime, a necessidade de amenizarem as pressões e cobranças exercidas em seu dia a dia de modo tal que não afetem a equipe de funcionários que gerenciam. Além desse aspecto, também de modo unânime, afirmaram sentir-se constrangidos ao serem expostos publicamente no ranking de desempenho geral da região em que se situam, e, se pudessem, acabariam com essa prática. Afirmam também que seguem as regras impostas pela empresa e que não existe outro modo de agir se quiserem permanecer como empregados que são. A partir dos resultados da pesquisa identifica-se o ambiente criado, intencionalmente, no setor de trabalho amplamente favorável ao surgimento de comportamentos de assédio moral, já que possui diversas variáveis que podem desencadear comportamentos perversos por parte dos empregados da empresa.

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