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Trocas afetivo-sexuais e econômicas e AIDS na fronteira entre Angola e Namíbia / Sexual-affective and economic exchanges and AIDS on the border of Angola and NamibiaPinho, Adriana de Araujo January 2012 (has links)
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Previous issue date: 2012 / Na África Subsaariana, o engajamento de mulheres jovens em relacionamentos com vários parceiros em busca de benefícios materiais /financeiros, denominado de sexo transacional temocupado um lugar de destaque para explicar a dinâmica da epidemia de HIV na região. Porém, os estudos esbarram em dificuldades conceituais e operacionais para delimitar e identificar tais práticas e analisá-las, em sua relação com o HIV/AIDS, desde uma perspectiva que contemple tanto aspectos macro-estruturais do contexto de vida das mulheres quanto aqueles de natureza micro-social observados na formação e manutenção de suas redes afetivo-sexuais. A partir de um estudo epidemiológico associado a um componente qualitativo de investigação, buscou-se com esta tese compreender a dinâmica dos relacionamentos afetivo-sexuais envolvendo trocas econômicas em uma região de fronteira internacional entre Angola e Namíbia e se e como poderiam influenciar a vulnerabilidade de jovens mulheres ao HIV/AIDS. Uma amostra de 500mulheres, com idades entre 15 a 24 anos, foram convidadas a participar por meio da técnica de amostragem com recrutamento dirigido pelo participante ou Respondent Driven Sampling (RDS) e a todas foi aplicado um questionário sócio-comportamental por meio de um computador de bolso. Adicionalmente, entrevistas semi-estruturadas com 24 jovens angolanas e14 namibianas e observações participantes foram conduzidas no lado angolano da fronteira. / Os resultados evidenciaram que há um conjunto imbricado de fatores estruturais (mudanças econômicas, crescente urbanização, processos de migração e mobilidade relacionados,representações e expectativas normativas de gênero e sexualidade, e processos de estigmatização e discriminação com base em gênero, nacionalidade, etnia e condição e posiçãosocioeconômica) que determinam oportunidades e a busca na formação de redes afetivo-sexuais e econômicas entre mulheres e a população masculina migrante, móvel e/ou autóctone,propiciando às jovens agregarem não apenas capital econômico, mas social e afetivo. Na formação e manutenção dessas redes, há claramente a presença da agência individual das mulheres que buscam acessar homens com maiores chances de lhes proporcionar a realização de seus projetos, desejos, e o acesso a recursos simbólicos e materiais; geralmente homens (vistoscomo namorados e/ou amigos ) mais velhos (diferenças de idade iguais ou maiores que 10 anos) e com melhor condição e posição socioeconômica. O engajamento nesses relacionamentostrazem riscos sociais (perda de reputação, sanções familiares, falta de suporte social, episódios de discriminação e violência) e sua gestão por parte das mulheres ganha precedência à gestão do risco de transmissão do HIV/AIDS por meio, por exemplo, do uso consistente de condom. Este se mostrou reduzido, inferior a 20 por cento, e foi mais utilizado no contexto do relacionamento com os amigos , parcerias ocasionais ou regulares cuja principal motivação das jovens para o relacionamento é a provisão de ajuda material / financeira, do que com os namorados. / Com estes, o não uso de condom parece estar menos vinculado à barganha pelo beneficio material e/ou financeiro recebido, como é mais com os amigos, fazendo parte de uma série de obrigações vinculadas às expectativas de reciprocidade baseada na confiança, amor e intimidade estabelecida, e moldadas por assimetrias de poder marcadas por gênero, idade e condiçãosocioeconômica. A permeabilidade e os processos de mobilidade e migração nessa região de fronteira, envolvendo mulheres, jovens e adultas, inseridas em redes afetivo-sexuais e econômicas transfronteiriças reitera a necessidade de esforços conjuntos e bilaterais noenfrentamento da epidemia de HIV na fronteira Angola-Namíbia que levem em consideração as iniquidades sociais e econômicas a que estão sujeitas.
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