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[en] THE SOCRATES EIRONEÍA AND THE THE PLATO S IRONY IN THE EARLY DIALOGUES: (A CRITICAL VIEW ON PROFESSOR VLASTOS S NOTION OF SOCRATES COMPLEX IRONY) / [pt] A EIRONEÍA DE SÓCRATES E A IRONIA DE PLATÃO NOS PRIMEIROS DIÁLOGOS: (UMA VISÃO CRÍTICA SOBRE A NOÇÃO DE VLASTOS DE IRONIA COMPLEXA)

[pt] Esta tese tem um propósito estratégico e um tático. O estratégico diz respeito a propor uma leitura dos chamados primeiros diálogos socráticos, que leve, tanto quanto possível, a uma maior preocupação com o aspecto literário dos textos em sua indissolúvel ligação com o conteúdo filosófico, tentando encontrar temas , e estratagemas discursivos que consubstanciem , na inédita e irrepetível narratividade filosófica platônica, a inextricável relação entre forma e conteúdo, literatura e filosofia, mímesis e denuncia da mímesis, relação esta que não pode ser resumida ou banalizada em perspectivas interpretativas que apenas concedem à dramaturgia e narratividade platônicas papel secundário, instrumental, na composição do corpus platonicum, entendendo os diálogos como mera forma literária de se expressarem doutrinas ou pensamentos filosóficos. Dentro desse enquadramento geral, pretende-se apresentar como as chamadas eironeía socrática e a ironia platônica podem ter-se constituído no único (ou pelo menos o mais perfeito) elemento de aproximação ou mesmo de identificação entre a visão dualista de mundo platônica – com suas perplexidades e até ambiguidades teóricas – e a construção de sua literatura , onde sobressai o personagem Sócrates , enigmático, atópico, paradoxal, enfim, tão aparentemente dúplice quanto possível para um ser humano. E nada como um procedimento comumente associado à ordem da retórica, ou seja, da literatura, - a ironia- para unificar o dualismo platônico e as ambiguidades de seu protagonista, Sócrates. Nesse processo, se verá como essa ironia, retirada de seu âmbito do meramente linguístico e apresentada como o elemento –síntese dos sokratikoì lógoi, será corpo (literatura) e alma (filosofia) da mais bela construção literário-filosófica do Ocidente plasmada pelo gênio de Platão. Por outro lado, do ponto de vista tático, a tese aborda a importância da distinção entre o uso que Platão faz da eironeía na sua acepção mais antiga na língua grega, de viés pejorativo, como engano, trapaça, dolo etc e encarna tal noção em seu protagonista Sócrates, e a noção moderna de ironia, que hoje reduzimos a mera figura de estilo ou de linguagem, que indica elegância , bom gosto e sofisticação no falar. Para tanto, estabelecemos uma controvérsia com Gregory Vlastos, na esteira da polêmica provocada por esse ilustre comentador de Platão, de que apresentamos os principais críticos, a propósito de sua noção de ironia complexa para dar conta das perplexidades na leitura dos diálogos decorrentes do uso multifacetado e fascinante do recurso da ironia. Esse movimento tático do debate é importante por ser Vlastos uma referência desde o último lustro do século XX sobre temas socráticos, sobretudo o conceito de ironia complexa e conhecimento elênctico. Além disso, tento avançar a hipótese de que seria exatamente a tendência da leitura de Vlastos no sentido de subestimar o papel da literatura no modo dialético de Platão fazer filosofia, e o privilégio quase absoluto que deu a um exame dos textos do fundador da Academia recortando-lhe de preferência seu dizer apofântico, de modo obstinada e exclusivamente analítico, em detrimento de uma contextualização dramática, tudo isso, enfim, redundou em uma leitura profundamente descontextualizada e anti-literária da obra do filósofo. Esta seria, ao meu ver, também a raiz de sua equivocada e limitada compreensão do misterioso personagem Sócrates, que em sua explicação, no esforço de elucidá-lo em sua evasividade e astúcias discursivas, termina por sobrecarregá-lo ainda mais de perplexidades invencíveis. No afã assumido de salvar Sócrates (que ele praticamente toma como apenas retratado em sua historicidade por Platão) de qualquer acusação de conduta sofística ou de uso de expedientes enganadores, Vlastos talvez o tenha submerso em ainda mais aporias do que ele próprio teria criado nos diálogos que protagoniza, na consumação de seu método de pe / [en] This thesis has both an strategic and a tactical goal. The strategic goal has to do with proposing some reading of the so called early socratic dialogues that guides the reader, as much as possible, to a major concern with the dialogues literary aspects in its indissoluble connection with its philosophic contente, trying to find themes and discursive manoeuvres that may consubstantiate, in the unprecedented and unique platonic philosophic narrativity, the inextricable relation between form and content, literature and philosophy, mímesis and mimesis disruption at a time. This relation form/content in Plato shouldn t be abridged nor trivialized in interpretive views that just allow platonic dramaturgy and narrativity a secundary and instrumental role in the corpus platonicum composition, assuming the dialogues as a mere literary form for doctrines and philosophic thoughts being expressed. In this general frame, this thesis intends to show how the so called socratic eironeía and platonic irony may have beeen converted in the only (or t least the most perfect) element of approximation or even of identification between the Plato s dualistic view over the world – with all its puzzles and theoretical ambiguities – and the construction of his own literature, where his character Socrates stands out, as enigmatic, atopic, paradoxical, in a word, as dubious as possible for a human being. And there s nothing like a procedure commonly associated to rethoric field, that is, to literature, - irony – to unifiy the platonic dualism and the ambiguities of his protagonist, Sócrates. In this process, we ll see how this irony, withdrawn from its merely linguistic field and shown as the key-element of the sokratikoì lógoi, wil be body (literature) and soul (philosophy) for the most beautiful literary-philosophioc construction of western world, put together by Plato s genius. On the other hand, from tatics point of view, this thesis takes up the importance of the distinction between the use Plato gives to eironeía, in his most ancient meaning in greek, clearly derogatory, in a sense of trickery, deceit, fraud etc, and embody this connotation into his protagonits Socrates, and, in the other corner, the modern notion of irony, shrunken nowadays to mere tropos or figure of speech, something that depicts the tallker as someone elegant and refined with the words. In order to convey all that, I engaged myself into a controversy with Gregory Vlastos, putting myself in the middle of a well known polemic raised by this conspicuous commentator of Plato, whose most influent reviewers are presented here with respect to his notion of complex irony, in order to exhibit how many puzzlings the manifold use of the term eironeía could bring even to the best readers of the dialogues. This tactical moment of all that contention is relevant, once we know Vlastos to be a reference, since the last decades of twentieth century about socratic subjects, and mostly when it comes to his concepts of complex irony and elenctic knowledge. Furthermore, I try toi advance a hypothesis according to which it has been exactly the tendency of Vlastos to underestimate the role of literature in the dialectic manner of Plato deal with philosophy, and thealmost absolute priviledge given by Vlastos to comment on what is said by the characters in an apophantic way rather than taking heed to dramatic contextualization, all this, to my view,has resulted in a reading profoundly uncontextualized and not literary of the philosopher wrntings. That would be too the root of his misleading and limited comprehension of the isterious character Socrates, who in the Vlatos account, instead of clariflying and trying to expose the real motives for his evasiveness and discoursive trickeries, he finishes his analysis by overloadind Socrates with even more invencible puzzles. In Vlastos anxiety to save Socrates (who he takes to be the historic one) from any accusation of bewing sophistic or of using deceitful devcves in the elenchus, Vlastos perhaps had submerged the philosopher in

Identiferoai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:29362
Date09 March 2017
CreatorsANTONIO JOSE VIEIRA DE QUEIROS CAMPOS
ContributorsIRLEY FERNANDES FRANCO
PublisherMAXWELL
Source SetsPUC Rio
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeTEXTO

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