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[en] THE SOCRATES EIRONEÍA AND THE THE PLATO S IRONY IN THE EARLY DIALOGUES: (A CRITICAL VIEW ON PROFESSOR VLASTOS S NOTION OF SOCRATES COMPLEX IRONY) / [pt] A EIRONEÍA DE SÓCRATES E A IRONIA DE PLATÃO NOS PRIMEIROS DIÁLOGOS: (UMA VISÃO CRÍTICA SOBRE A NOÇÃO DE VLASTOS DE IRONIA COMPLEXA)ANTONIO JOSE VIEIRA DE QUEIROS CAMPOS 09 March 2017 (has links)
[pt] Esta tese tem um propósito estratégico e um tático. O estratégico diz respeito a propor uma leitura dos chamados primeiros diálogos socráticos, que leve, tanto quanto possível, a uma maior preocupação com o aspecto literário dos textos em sua indissolúvel ligação com o conteúdo filosófico, tentando encontrar temas , e estratagemas discursivos que consubstanciem , na inédita e irrepetível narratividade filosófica platônica, a inextricável relação entre forma e conteúdo, literatura e filosofia, mímesis e denuncia da mímesis, relação esta que não pode ser resumida ou banalizada em perspectivas interpretativas que apenas concedem à dramaturgia e narratividade platônicas papel secundário, instrumental, na composição do corpus platonicum, entendendo os diálogos como mera forma literária de se expressarem doutrinas ou pensamentos filosóficos. Dentro desse enquadramento geral, pretende-se apresentar como as chamadas eironeía socrática e a ironia platônica podem ter-se constituído no único (ou pelo menos o mais perfeito) elemento de aproximação ou mesmo de identificação entre a visão dualista de mundo platônica – com suas perplexidades e até ambiguidades teóricas – e a construção de sua literatura , onde sobressai o personagem Sócrates , enigmático, atópico, paradoxal, enfim, tão aparentemente dúplice quanto possível para um ser humano. E nada como um procedimento comumente associado à ordem da retórica, ou seja, da literatura, - a ironia- para unificar o dualismo platônico e as ambiguidades de seu protagonista, Sócrates. Nesse processo, se verá como essa ironia, retirada de seu âmbito do meramente linguístico e apresentada como o elemento –síntese dos sokratikoì lógoi, será corpo (literatura) e alma (filosofia) da mais bela construção literário-filosófica do Ocidente plasmada pelo gênio de Platão. Por outro lado, do ponto de vista tático, a tese aborda a importância da distinção entre o uso que Platão faz da eironeía na sua acepção mais antiga na língua grega, de viés pejorativo, como engano, trapaça, dolo etc e encarna tal noção em seu protagonista Sócrates, e a noção moderna de ironia, que hoje reduzimos a mera figura de estilo ou de linguagem, que indica elegância , bom gosto e sofisticação no falar. Para tanto, estabelecemos uma controvérsia com Gregory Vlastos, na esteira da polêmica provocada por esse ilustre comentador de Platão, de que apresentamos os principais críticos, a propósito de sua noção de ironia complexa para dar conta das perplexidades na leitura dos diálogos decorrentes do uso multifacetado e fascinante do recurso da ironia. Esse movimento tático do debate é importante por ser Vlastos uma referência desde o último lustro do século XX sobre temas socráticos, sobretudo o conceito de ironia complexa e conhecimento elênctico. Além disso, tento avançar a hipótese de que seria exatamente a tendência da leitura de Vlastos no sentido de subestimar o papel da literatura no modo dialético de Platão fazer filosofia, e o privilégio quase absoluto que deu a um exame dos textos do fundador da Academia recortando-lhe de preferência seu dizer apofântico, de modo obstinada e exclusivamente analítico, em detrimento de uma contextualização dramática, tudo isso, enfim, redundou em uma leitura profundamente descontextualizada e anti-literária da obra do filósofo. Esta seria, ao meu ver, também a raiz de sua equivocada e limitada compreensão do misterioso personagem Sócrates, que em sua explicação, no esforço de elucidá-lo em sua evasividade e astúcias discursivas, termina por sobrecarregá-lo ainda mais de perplexidades invencíveis. No afã assumido de salvar Sócrates (que ele praticamente toma como apenas retratado em sua historicidade por Platão) de qualquer acusação de conduta sofística ou de uso de expedientes enganadores, Vlastos talvez o tenha submerso em ainda mais aporias do que ele próprio teria criado nos diálogos que protagoniza, na consumação de seu método de pe / [en] This thesis has both an strategic and a tactical goal. The strategic goal has to do with proposing some reading of the so called early socratic dialogues that guides the reader, as much as possible, to a major concern with the dialogues literary aspects in its indissoluble connection with its philosophic contente, trying to find themes and discursive manoeuvres that may consubstantiate, in the unprecedented and unique platonic philosophic narrativity, the inextricable relation between form and content, literature and philosophy, mímesis and mimesis disruption at a time. This relation form/content in Plato shouldn t be abridged nor trivialized in interpretive views that just allow platonic dramaturgy and narrativity a secundary and instrumental role in the corpus platonicum composition, assuming the dialogues as a mere literary form for doctrines and philosophic thoughts being expressed. In this general frame, this thesis intends to show how the so called socratic eironeía and platonic irony may have beeen converted in the only (or t least the most perfect) element of approximation or even of identification between the Plato s dualistic view over the world – with all its puzzles and theoretical ambiguities – and the construction of his own literature, where his character Socrates stands out, as enigmatic, atopic, paradoxical, in a word, as dubious as possible for a human being. And there s nothing like a procedure commonly associated to rethoric field, that is, to literature, - irony – to unifiy the platonic dualism and the ambiguities of his protagonist, Sócrates. In this process, we ll see how this irony, withdrawn from its merely linguistic field and shown as the key-element of the sokratikoì lógoi, wil be body (literature) and soul (philosophy) for the most beautiful literary-philosophioc construction of western world, put together by Plato s genius. On the other hand, from tatics point of view, this thesis takes up the importance of the distinction between the use Plato gives to eironeía, in his most ancient meaning in greek, clearly derogatory, in a sense of trickery, deceit, fraud etc, and embody this connotation into his protagonits Socrates, and, in the other corner, the modern notion of irony, shrunken nowadays to mere tropos or figure of speech, something that depicts the tallker as someone elegant and refined with the words. In order to convey all that, I engaged myself into a controversy with Gregory Vlastos, putting myself in the middle of a well known polemic raised by this conspicuous commentator of Plato, whose most influent reviewers are presented here with respect to his notion of complex irony, in order to exhibit how many puzzlings the manifold use of the term eironeía could bring even to the best readers of the dialogues. This tactical moment of all that contention is relevant, once we know Vlastos to be a reference, since the last decades of twentieth century about socratic subjects, and mostly when it comes to his concepts of complex irony and elenctic knowledge. Furthermore, I try toi advance a hypothesis according to which it has been exactly the tendency of Vlastos to underestimate the role of literature in the dialectic manner of Plato deal with philosophy, and thealmost absolute priviledge given by Vlastos to comment on what is said by the characters in an apophantic way rather than taking heed to dramatic contextualization, all this, to my view,has resulted in a reading profoundly uncontextualized and not literary of the philosopher wrntings. That would be too the root of his misleading and limited comprehension of the isterious character Socrates, who in the Vlatos account, instead of clariflying and trying to expose the real motives for his evasiveness and discoursive trickeries, he finishes his analysis by overloadind Socrates with even more invencible puzzles. In Vlastos anxiety to save Socrates (who he takes to be the historic one) from any accusation of bewing sophistic or of using deceitful devcves in the elenchus, Vlastos perhaps had submerged the philosopher in
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[pt] IRONIA E VERDADE: A RELEVÂNCIA DA EIRONEÍA NA FILOSOFIA SOCRÁTICO-PLATÔNICA / [en] IRONY AND TRUTH: THE RELEVANCE OF EIRONEIA IN SOCRATIC-PLATONIC PHILOSOPHYDIEGO BARBOSA DANTAS 27 June 2023 (has links)
[pt] A presente dissertação trata do conceito de ironia socrático-platônica, com
ênfase em excertos nos quais encontram-se registros textuais de eíron e
derivados, que possam ser compreendidos como ocorrências irônicas do Sócrates
de Platão. O problema é que a palavra (eironeía), no dialeto ático,
geralmente, tinha a semântica negativa da dissimulação. Contudo, a origem
ambígua do termo também abrangia a ideia de questionamento. Dentre os mais
proeminentes autores da antiguidade grega, Platão foi o que mais fez uso de
eironeía e congêneres, na maioria das vezes, em contextos nos quais aparece
Sócrates, agindo com seu hábito tão peculiar de questionar seus interlocutores. No
decurso do tempo, essa correlação entre o termo antigo e o paradoxo filosófico da
negação de conhecimento intitulou-se de ironia socrática. As correntes
interpretativas dividiram-se, basicamente, entre uma proposta de leitura negativa e
a outra positiva para esse evento. Portanto, nesta dissertação, o primeiro e
principal objetivo é escrutinar a relevância da eironeía/ironia socrática, a partir
da verificação do corpus platonicum. Então, encontram-se os oitos diálogos que
contêm instâncias do termo, subdividindo-os entre aqueles em que (1) a eironeía
não está diretamente relacionada a Sócrates, a saber, Eutidemo, Crátilo, Sofista e
Leis, e os outros nos quais (2) a eironeía está diretamente relacionada ao
protagonista platônico, i.e., Apologia, Górgias, Banquete e República. Para tal,
organizam-se alguns critérios básicos que auxiliam na delimitação e identificação
dos eventos irônicos, a fim de extrair conclusões mais coerentes quanto à natureza
e os propósitos da eironeía/ironia socrática. Além disso, esta dissertação tem
como segundo objetivo a interpretação da mais pregnante estratégia literária de
Platão, a saber, o famoso anonimato, ou ocultação da voz autoral, como uma
espécie de dissimulação inerente à eironeía. Então, almeja-se analisar o potencial
retórico e epistemológico desse recurso, em seus dois aspectos: o método
socrático e a estratégia literária platônica. Contudo, apesar dos desafios
hermenêuticos e a polêmica que divide a vasta fortuna crítica a respeito do
assunto, o terceiro objetivo desta dissertação é a aproximação de interpretações
positivas do termo ou, ao menos, interpretações que o vejam como relevante à
prática filosófica. Assim, revisitam-se os clássicos para se pensar a atualidade.
Afinal, acredita-se que, quando Platão emprega a eironeía/ironia socrática, o
efeito disso é o estímulo à reflexão sobre as virtudes e a verdade
dos variados temas encontrados nos diálogos. / [en] This thesis deals with the concept of Socratic-Platonic irony, with
emphasis on excerpts in which textual scripts of (eiron) and derivatives are
found, which can be understood as ironic occurrences of Plato s Socrates. The
problem is that the word (eironeia), in the Attic dialect, generally had the
negative semantics of dissembling. However, the ambiguous origin of the term
also embraced the idea of questioning. Among the most prominent authors of
Greek antiquity, Plato made the most use of eironeia and cognates, most of the
time, in contexts where Socrates appears, acting with his very peculiar habit of
questioning his interlocutors. Throughout the time, this correlation between the
ancient term and the philosophical paradox of the disavowal of knowledge was
called Socratic irony. The interpretative currents were divided, basically,
between a negative and a positive reading proposal for this event. Therefore, in
this thesis, the first and main goal is to scrutinize the relevance of Socratic
eironeia/irony, by the verification of the corpus platonicum. Then, we find the
eight dialogues that contain instances of the term, subdividing them into those in
which (1) the eironeia is not directly related to Socrates, namely, Euthydemus,
Cratylus, Sophist and Laws, and others in which (2) the eironeia is directly related
to the Platonic protagonist, i.e., Apology, Gorgias, Symposium and Republic. To
this end, some basic criteria are organized to help in the delimitation and
identification of ironic events, in order to draw more coherent conclusions,
regarding the nature and purposes of Socratic eironeia/irony. Furthermore, this
thesis has as its second goal the interpretation of Plato s most pregnant literary
strategy, namely, the famous anonymity, or concealment of the authorial voice, as
a kind of dissimulation, inherent to eironeia. So, we aim to analyze the rhetorical
and epistemological potential of this resource, in its two aspects: the Socratic
method and the Platonic literary strategy. However, despite the hermeneutical
challenges and the controversy that divides the vast critical fortune on the subject,
the third goal of this thesis is the approach of positive interpretations or, at least,
those which see it as relevant to philosophical practice. Thus, the classics are
revisited to think about the present. After all, it is believed that, when Plato
employs the Socratic eironeia/irony, the effect of this is the stimulus to reflection
on the virtues and on the truth of the various themes found in
the dialogues.
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