[pt] A organização de movimentos de mulheres rurais durante a década de 1980 trouxe à tona um processo que articulou distintas formas de resistência e mobilização na luta por direitos e pelo reconhecimento do trabalho desempenhado pelas mulheres no meio rural brasileiro. Ao reivindicar o seu reconhecimento como trabalhadora rural e, por conseguinte, denunciar a sua exclusão dos espaços de representação política, tais movimentos mobilizam elementos fundamentais para a compreensão da divisão sexual do trabalho nas áreas rurais bem como dos itinerários que definem trajetórias e formas de socialização política destas mulheres. A partir do estudo do Movimento de Mulheres Camponesas no Oeste do estado de Santa Catarina (MMC-SC) organizado há mais de três décadas, a tese aponta como se dá nesse contexto a conformação de uma luta compreendida como de mulheres rurais e a noção de autonomia como justificativa para a existência de movimentos formados exclusivamente por mulheres surge como um aspecto crucial na luta por direitos. A partir de uma abordagem qualitativa, a pesquisa explora estas relações que envolvem o histórico de ocupação e colonização da região, a divisão sexual do trabalho, as formas de organização e socialização política com o objetivo de compreender como estas são traduzidas em termos de reivindicações para o MMC-SC. Vistas por esse prisma, não privilegiamos a observância de um conflito específico, e sim do tecido social que permitiu a emergência do movimento analisado e do engajamento destas mulheres ao longo dos anos. Tal perspectiva outorga ainda um olhar menos normativo sobre estas experiências do fazer política, distanciando-se de classificações ou tipologias definidas a priori. / [en] The organization of rural women s movements during the 1980s brought to the fore a process that articulated different forms of resistance and mobilization in the struggle for rights and recognition of the work performed by women in rural Brazil. By claiming their recognition as a rural worker and, therefore, denouncing their exclusion from spaces of political representation, these movements mobilize fundamental elements for understanding the sexual division of labor in rural areas as well as the itineraries that define trajectories and forms of political socialization of these women. Based on the study of the Movement of Peasant Women in the West of the State of Santa Catarina (MMC-SC), organized more than three decades ago, the thesis shows how in this context the formation of a struggle understood as rural women and notion of autonomy as justification for the existence of movements formed exclusively by women emerges as a crucial aspect in the struggle for rights. From a qualitative approach, the research explores these relationships that involve the history of occupation and colonization of the region, the sexual division of work, the forms of organization and political socialization in order to understand how these are translated in terms of demands for The MMC-SC. Viewed from this perspective, we do not privilege the observance of a specific conflict, but rather of the social fabric that allowed the emergence of the movement and the engagement of these women over the years. This perspective also gives a less normative view of these experiences of political making, distancing itself from classifications or typologies defined a priori.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:32683 |
Date | 15 January 2018 |
Creators | CAROLINE ARAUJO BORDALO |
Contributors | ANGELA MARIA DE RANDOLPHO PAIVA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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