[pt] O presente trabalho pretende discutir a relação entre uma narrativa que transforma o colonizador branco europeu em herói e o desenvolvimento da chamada ciência moderna como único meio legítimo (e universal) de se produzir conhecimento. Para isso, toma-se a jornada do herói descrita por Joseph Campbell (2007 [1949]) como uma narrativa exemplar, entendendo que o trabalho de Campbell a) toca a construção psicológica (inconsciente/subconsciente) deste personagem, a partir da psicanálise, e b) enquanto um acadêmico estadunidense, encontra-se no mesmo registro dos colonizadores do Norte global. Ainda, entende-se que tanto este herói quanto a ciência moderna são mitos inscritos na Modernidade, também entendida como um mito (Dussel, 1993), que por sua vez estaria diretamente associada à colonização ibérica na América – parte-se da descoberta da América (1492) como marco fundamental da Modernidade. Pretende-se desenvolver essa discussão à luz dos marcos teóricos pós-coloniais e descoloniais, entendendo que as semelhanças que os aproximam são mais importantes que suas diferenças – sendo a principal diferença o entendimento do marco colonial: para o primeiro, seria o pós-Iluminismo, enquanto que para o segundo seria a descoberta da América (Mignolo, 2000) –, compondo, assim, um pensamento crítico e declaradamente político, a despeito da ontologia ocidental, branca e pretensamente universal e neutra. Uma vez que se parte da ideia de que o herói, a ciência moderna e a Modernidade-colonialidade (Dussel, 1993) são co-constitutivos, estes três elementos são transversais neste trabalho, tangenciados pelas dimensões de raça e gênero, que evidenciam os mais violentos aspectos dos elementos analisados. / [en] This work aims at discussing the relation between a narrative that transforms the European colonizer into a hero and the development of de so-called modern science as the only legitimate (and universal) way of producing knowledge. To do so, I take the hero journey described by Joseph Campbell (2007 [1949]) as an exemplary narrative, understanding that Campbell s work a) touches the psychological (unconscious/subconscious) construction of the character, from a psychanalytic view, and b) as an American scholar, we find him in the same record as the global north colonizers. Furthermore, I understand that both this hero and the modern science are myths inscribed within Modernity, also understood as a myth (Dussel, 1993), which in turn would be directly associated with Iberian colonization of America – I depart from America s discovery (1942) as the fundamental benchmark of Modernity. I intend to develop this discussion in light of the post-colonial e decolonial theoretical framework, understanding that the similarities that approximate them are more important than the differences – being the most important difference the mark of the beginning of colonialism: for the former, it would be the after Enlightenment, whereas for the latter would be America s discovery (Mignolo, 2000) – composing, thus, a critical and professedly political thought, despite the Western ontology, that is white and allegedly universal and neutral. Once I depart from the idea that the hero, the modern science and the modernity-coloniality (Dussel, 1993) are co-constitutives, these three elements are transversal in this work, touched by the race and gender dimensions, which highlight the most violent aspect of the analyzed objects.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:52583 |
Date | 06 May 2021 |
Contributors | MARTA REGINA FERNANDEZ Y GARCIA MORENO, MARTA REGINA FERNANDEZ Y GARCIA MORENO, MARTA REGINA FERNANDEZ Y GARCIA MORENO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.002 seconds