[pt] A presente dissertação analisa movimentos de mães e familiares de vítimas de
violência letal de Estado no Rio de Janeiro em sua interação com o Estado autor
da violação. A partir de uma abordagem teórica que mobiliza pesquisadoras de
antropologia urbana, segurança pública e sociologia que estudam especificamente
violência de gênero e movimentos de mães vítimas de violência de Estado, como
Adriana Vianna e Juliana Farias, e articulando-as com as teorias de Judith Butler e
Donna Haraway sobre processos de corporificação, o trabalho se apoia nos
depoimentos de mães e familiares, colhidos de entrevistas e grupos focais. A
dissertação propõe, então, a luta desses movimentos por Memória, Verdade,
Justiça e Reparação como uma esfera de produção de redes de solidariedade que,
coletivamente, ao se exporem publicamente, reivindicam a esfera de aparecimento
e a condição de enlutável para os seus filhos e parentes executados, produzindo a
afirmação de que suas vidas são dignas de reconhecimento e proteção. A pesquisa
defende a ambivalência da relação das mães e familiares com o Estado, que pode
ser, a um só tempo, ambiente de violência e suporte, e, ao mesmo tempo, busca o
entendimento de que esses movimentos, em suas demandas específicas e
generificadas ao Estado, ainda que mobilizem normas e representações que são
estruturalmente seletivas, reconfiguram esse espaço de representação. O trabalho
conclui, então, que esses movimentos realizam disputas e deslocamentos
importantes na arena do Estado, que não é uma arena homogênea e, sim, uma
arena formada performativamente e passível a reformulações críticas. / [en] This dissertation analyzes the movements of mothers and family members of
victims of lethal State violence in Rio de Janeiro in their interaction with the State
responsible for the violation. Based on a theoretical approach that mobilizes urban
anthropology, public safety and sociology researchers who specifically study
gender violence and movements of mothers victims of State violence, such as
Adriana Vianna and Juliana Farias, articulating them with the theories of Judith
Butler and Donna Haraway about processes of embodiment, the work is based on
the testimonies of mothers and family members gathered from interviews and
focus groups. The dissertation proposes the struggle of these movements for
Memory, Truth, Justice and Reparation as a sphere of production of solidarity
networks that, collectively, by publicly exposing themselves, claim the sphere of
appearance and the grievability for their executed relatives, producing the claim
that their lives are worthy of recognition and protection. At the same time, the
research defends the ambivalence of the relationship between mothers and family
members and the State, which can be, at the same time, an environment of
violence and support, and understand that these movements, in their specific and
gendered demands to the The State, even though they mobilize norms and
representations that are structurally selective, reconfigure this space of
representation. The work concludes, then, that these movements carry out
important disputes and displacements in the State arena, which is not a
homogeneous arena, but an arena that is also performatively formed and
susceptible to critical reformulations.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:58845 |
Date | 05 May 2022 |
Creators | NINA ALVES DE ALENCAR ZUR |
Contributors | BETHANIA DE ALBUQUERQUE ASSY |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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