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[en] DELIRIUM AND THE UPSIDE DOWN OF THE INTERNATIONAL: A DELEUZIAN ONTOLOGY UPON WORLD POLITICS / [pt] DELÍRIO E O AVESSO DO INTERNACIONAL: UMA ONTOLOGIA DELEUZIANA SOBRE A POLÍTICA MUNDIAL

[pt] Diante das incertezas decorrentes do declínio da ordem liberal pós-Guerra
Fria, a disciplina de Relações Internacionais busca rearticular as subjetividades em
meio a uma ordem global em transformação. A interconexão entre a vida subjetiva
pessoal e a vida subjetiva social torna-se evidente ao considerarmos como os afetos
influenciam as decisões políticas, moldam a percepção da verdade e contribuem
para a construção da realidade. Ao explorarmos as relações internacionais à luz da
interseção da evolução da psiquiatria, podemos observar como o evento da loucura
não se reduz a um acontecimento isolado em um indivíduo. Gilles Deleuze e Félix
Guattari, na obra O Anti-Édipo, propõem que, sob cada sociedade, existe um vasto
fluxo de natureza libidinal-inconsciente que constitui o delírio da sociedade como
um todo. Eles concebem o delírio como a matriz geral de todo investimento social
inconsciente, sugerindo uma relação intrínseca entre loucura e pensamento.
Influenciado por esse sistema de pensamento, propomos, nesta tese, uma alternativa
à concepção ortodoxa da identidade reduzida a um Eu no campo das relações
internacionais. Aquilo que denominamos como uma ontologia essencialista
(essence), substituindo-a por uma ontologia imanente deleuziana, entendida como
uma ontologia do sentido (sens). A loucura é aqui concebida não como uma
condição individual, mas como uma metodologia, uma teorização pós-humana que
enfatiza os processos de devir e diferenciação, considerando todos os corpos,
humanos e não humanos, em um jogo constante, fluido e relacional. Dessa forma,
tomando o delírio como método, procuramos questionar a natureza das relações
internacionais, oferecendo uma crítica aos pressupostos ontológicos do conceito de
internacional que estabelece uma ontologia estatista vinculada ao axioma de
Westfália. Propomos a necessidade de confrontar estruturas baseadas em
identidades, revelando como o pensamento ocidental moderno moldou modos de
pensamento e categorias nas RI. Sugerimos uma reestruturação da identidade e da
diferença por meio de uma ontologia do desejo e das linhas imanentes,
fundamentais para uma teoria generalizada dos fluxos nas RI, inspirada na
filosofia da diferença de Deleuze e Guattari. Por fim, a importância de tal
movimento seria dada pela exploração da chamada virada afetiva nas
humanidades e ciências sociais, introduzindo a cartografia esquizoanalítica como
método de pesquisa. Esta abordagem oferece uma crítica especulativa à ontologia
ortodoxa das Relações Internacionais e propõe uma reestruturação ontológica
baseada em Deleuze e Guattari, buscando, assim, uma compreensão relacional dos
agenciamentos internacionais. / [en] Given the uncertainties arising from the decline of the post-Cold War liberal
order, the discipline of International Relations seeks to rearticulate subjectivities
amid a changing global order. The interconnection between personal subjective life
and social subjective life becomes evident when we consider how affects influence
political decisions, shape the perception of truth, and contribute to the construction
of reality. By exploring international relations through the intersection of the
evolution of psychiatry, we can see how the event of madness is not reduced to an
isolated event in a single individual. Gilles Deleuze and Félix Guattari, in The Anti-Oedipus, propose that underneath every society there is a vast flow of libidinal-unconscious matter that constitutes the delirium of society. They understand
delirium as the general matrix of all unconscious social investment, suggesting an
intrinsic relationship between madness and thought. Influenced by this system of
thought, we propose in this thesis an alternative to the orthodox conception of
identity reduced to an I in the field of international relations. What we call an
essentialist ontology (essence), replacing it with a Deleuzian immanent ontology,
understood as an ontology of meaning (sens). Madness is conceived here not as an
individual condition, but as a methodology, a post-human theorization that
emphasizes the processes of becoming and differentiation, considering all bodies,
human and non-human, in a constant, fluid, and relational process. In this way,
taking delirium as a method, we seek to question the nature of international
relations, offering a critique of the ontological presuppositions of the concept of
international, which establishes a statist ontology linked to the axiom of
Westphalia. We propose the need to confront identity-based structures, revealing
how modern Western thought has shaped modes of thought and categories in IR.
We suggest a restructuring of identity and difference through an ontology of desire
and immanent lines, fundamental to a generalized theory of flows in IR, inspired
by Deleuze and Guattari s philosophy of difference. Finally, the importance of this
movement would be given by the exploration of the so-called affective turn in the
humanities and social sciences, introducing schizoanalytic cartography as a
research method. This approach offers a speculative critique of the orthodox
ontology of International Relations and proposes an ontological restructuring based
on Deleuze and Guattari, seeking a more relational understanding of international
assemblages.

Identiferoai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:67287
Date11 July 2024
CreatorsVINICIUS ARMELE DOS SANTOS LEAL
ContributorsMONICA HERZ, MONICA HERZ
PublisherMAXWELL
Source SetsPUC Rio
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeTEXTO

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