[pt] Esta pesquisa trata da relação de alunos do último ano do ensino médio de
uma escola pública carioca com a leitura, evidenciada em práticas e
representações, tendo como vetor o papel formador da escola neste campo.
Considerando que a leitura é vivenciada diferencialmente no contexto
sociocultural, esta pesquisa pretendeu problematizar a idéia, difundida com
alguma insistência, de que o jovem de hoje não lê. Partindo da questão
primordial o que é ler? e considerando a visão do aluno, pretendeu-se desvendar
o que lê o universo discente pesquisado e, além disso, compreender quando,
como, para que e por que lê (ou não lê), com destaque para as influências do
ensino de língua/literatura neste processo. Na perspectiva adotada, a etnografia
figura como opção teórico-metodológica. O que define a etnografia, para Geertz, é
o esforço intelectual empreendido para a elaboração de uma descrição densa
sobre a cultura estudada, compreendida como texto ou teias de significados que
devem ser interpretados. Os fenômenos educacionais foram observados com o
apoio de conceitos e estratégias do campo antropológico. Investiu-se em um olhar
relativizador, tendo como meta o abandono dos preconceitos etnocêntricos, com
vistas a um descentramento que permita perceber a ótica do outro. O trabalho de
campo incluiu observação participante (em aulas de Língua Portuguesa) e
entrevistas com professora e alunos. A abordagem de representações utilizada
tomou por base os trabalhos de Chartier, que as identifica como esquemas
construídos de classificação e julgamento que organizam a apreensão do mundo
real, sendo sempre determinadas pelos interesses dos grupos que as geram. As
representações se estabelecem como disposições estáveis e partilhadas, sendo
matrizes de discursos e práticas. A análise dos dados mostrou que, no que diz
respeito à maioria dos alunos, a professora não consegue atingir seu objetivo de
estimular a leitura literária. As práticas escolares de leitura não se constituem em
práticas significativas para a maior parte do grupo pesquisado. As práticas
cotidianas dos alunos, com destaque para as novas formas de leitura e escrita
digitais, não são levadas em conta pela professora. Para analisar sua pedagogia da
literatura, consideramos as circunstâncias do seu contexto de trabalho, no que diz
respeito aos limites e possibilidades da escola e ao contexto sociocultural dos
alunos. / [fr] Cette recherche met en évidence la relation entre élèves de dernière année
de l´enseignement moyen d´une école publique à Rio de Janeiro et la lecture,
relation qui a été démontrée dans des pratiques et représentations, ayant pour
vecteur le rôle formateur de l´école dans ce domaine. Considérant que la lecture
est vécue différemment dans le contexte socioculturel, cette recherche a pour
objectif de remettre en question l ´idée que le jeune d´aujourd´hui ne lit pas. En
partant de la question primordiale qu´est-ce que c´est lire ? et en considérant la
vision de l´élève, nous avons voulu découvrir ce qu´il lit et, en outre, comprendre
quand, comment et pourquoi il lit, en tenant compte des influences de
l´enseignement de la langue/littérature dans ce processus. Dans la perspective
adoptée, l´ethnographie est la référence théorique et méthodologique. Les
phénomènes scolaires ont été observés avec l´aide de concepts et de stratégies du
champ anthropologique. En gardant un regard neutre, l´objectif était d´abandonner
les préjugés ethnocentriques pour pouvoir permettre la perception du point de vue
de l´autre. Selon Geertz, ce qui défine l´ethnografie est l´effort intellectuel
entrepris pour l´élaboration d´une description dense sur la culture étudiée,
comprise comme texte ou toiles de signifiants qui doit être interprétées. Le
travail pratique a inclus l´observation (pendant les cours de portugais) et les
entretiens avec l´enseignant et avec les élèves. L´idée de représentations utilisées
lors de cette recherche a été guidée par les travaux de Chartier qui les identifie
comme des schémas de classification et de jugements construits qui organisent
l´appréhension du monde réel. Ces schémas sont toujours déterminés par les
intérêts des groupes qui les produisent. Matrices de discours et de pratiques, ces
représentations s´établissent comme des dispositions stables et partagées.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:14696 |
Date | 04 December 2009 |
Creators | LUCELENA FERREIRA FOURNEAU |
Contributors | TANIA DAUSTER |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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