[pt] A presente dissertação se debruça sobre a criação cênica Hoje Não Saio Daqui – espetáculo ocorrido no Rio de Janeiro, resultado do encontro artístico entre a Cia Marginal, atores e atrizes angolanos moradores da Maré convidados e o dramaturgo Jô Bilac – para investigar de que maneira a dimensão performativa e
relacional de sua dramaturgia e seu investimento nas chamadas escritas de si proporcionam uma abordagem dupla sobre a questão das fronteiras contemporâneas. Por um lado, as histórias narradas pelos migrantes angolanos explicitam as fronteiras materiais e subjetivas enfrentadas pelos mesmos tanto em
suas travessias de África até o Brasil quanto aquelas que recaem sobre seus corpos na circulação dentro do território brasileiro – tecnologias que operam através do controle de deslocamentos e velocidades, da racialização e da fronteirização dos corpos. Por outro, o apelo para a diferença e à necessidade de separação manifestos na disposição autobiográfica da dramaturgia, que envolve posicionamentos e
reivindicações próprias dos performers, paradoxalmente revê as fronteiras pensadas como sua hipótese primordial, e ativa a possibilidade de um regime de bordas (KIFFER) e de uma nova Cosmópolis (AGIER). Por fim, examina-se de que maneira a não obliteração da figura do dramaturgo externo e não participante em uma escrita cênica que investe em dramaturgias pessoais e na presença de corpos falantes produz materialidades que repensam uma política do comum. / [en] The present dissertation focuses on the scenic creation Hoje Não Saio Daqui
– a theatrical play that took place in Rio de Janeiro, which was the result of the
artistic gathering among Cia Marginal, invited Angolan actors and actresses living
in Maré Complex and the playwright Jô Bilac – to investigate in which way the
performative and relational dimension of its dramaturgy and its investment in the
so-called writings of the self provide a twofold approach to the issue of
contemporary borders. On the one hand, the stories narrated by the Angolan
migrants make explicit the material and subjective borders faced by them both in
their crossings from Africa to Brazil and those that their bodies suffer in the
circulation within the Brazilian territory – technologies that operate through the
control of displacements and speeds, of racialization and borderization of bodies.
On the other hand, the appeal for difference and the need for separation manifest in
the autobiographical disposition of the dramaturgy, which involves the performers’
own positions and claims, paradoxically revises the boundaries thought of as its
primordial hypothesis, and activates the possibility of a regime de bordas (KIFFER)
and a new Cosmopolis (AGIER). Finally, it examines how the non-obliteration of
the figure of the external and non-participant playwright in a scenic writing that
invests in personal dramaturgies and in the presence of speaking bodies produces
materialities that rethink a politics of the common.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:60913 |
Date | 24 October 2022 |
Creators | TIAGO QUEIROZ HERZ |
Contributors | ANA PAULA VEIGA KIFFER |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0025 seconds