[pt] Este trabalho analisa perspectivas de linguagem e sentido que se esboçam
em 59 cartas trocadas entre Guimarães Rosa e sua tradutora norte-americana,
Harriet de Onís. Partindo de um ponto de vista pós-estruturalista, segundo o qual a
linguagem é não instrumento de representação, mas antes uma multiplicidade de
práticas históricas, voláteis, descontínuas e, portanto, refratárias a teorias gerais de
ambição essencializante, busca-se reconhecer no espaço extra-teórico das cartas a
fecundidade dos diferentes estilos de ver a linguagem que se oferecem nesse
ponto particular do corpus roseano. Mostra-se a irreducibilidade dessas visões a
qualquer filosofia geral, as marcadas diferenças de atitude perceptíveis entre
Guimarães Rosa e Harriet de Onís no que se refere à linguagem (diferenças que
enfatizam por contraste as posições roseanas), e, sobretudo, a forma particular
como o Rosa das cartas promove performativamente o abalo de expectativas
reducionistas e culturalmente arraigadas sobre a linguagem. Especial atenção é
dada ao modo como em Rosa o paradoxo emerge como força criadora e não como
embaraço, aporia: pela produtividade do paradoxo, abrem-se ângulos fecundos
pelos quais se logra reconhecer, ou, nos termos de Rosa, sentir-pensar, diferentes
aspectos da linguagem, notadamente a língua comum; a dinâmica vital que enlaça
texto, autor, tradutor e leitor; a irracionalidade e o mistério irredutível da língua; e
o estatuto do poético no idioma. / [en] This work analyzes language and meaning perspectives outlined in 59
letters exchanged by Guimarães Rosa and his North-American translator Harriet
de Onís. From a post-structuralist point of view – according to which language is
not an instrument of representation, but rather a multiplicity of volatile and
discontinuous historical practices and, therefore, refractive to general theories
aspiring essence – the fecundity of different ways of looking at language present
in this particular piece of Rosa’s corpus is sought on extra-theoretical grounds.
The irreducibility of these views to any general philosophy and the noticeable
differences of attitude between Guimarães Rosa and Harriet de Onís regarding
language (differences that emphasize by contrast Rosa’s positions) are shown and,
especially, the specific way Rosa promotes performatively the disturbance of
reductionist deep-rooted cultural expectations about language in these letters.
Special thought is given to the way paradox emerges in Rosa as a creative force
and not as an encumbrance, aporia: by the productivity of paradox, fertile angles
open up and through them one may attempt to recognize or, in Rosa’s own words,
think-feel, different aspects of language, notably the common language; the vital
dynamic that binds the text, the author, the translator and the reader; the
irreducible irrationality and mystery; and the poetic statute of language.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:15444 |
Date | 26 March 2010 |
Creators | MIRNA SOARES ANDRADE |
Contributors | HELENA FRANCO MARTINS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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