[pt] Esta pesquisa examina o clássico problema do conceito metalinguístico de
palavra na história dos estudos sobre a linguagem. Estende-o sobre o pano de
fundo da linguística de inspiração wittgensteiniana, sobretudo nas vozes de Roy
Harris (1988, 1997, 2002, 2004), Sylvain Auroux (1992), Nigel Love (1989, 2004,
2007), Talbot Taylor (1996, 2000, 2008), dando-lhe uma formulação sob o prisma
da filosofia da linguagem de Quine (1960), no contexto da experiência por ele
denominada como Tradução Radical. Percorrido esse trajeto, toma por objetivo
específico verificar a configuração do problema da palavra em um modelo teórico
contemporâneo, a Abordagem Construcionista da Gramática, nos termos de
Goldberg (1995, 2006), e, também, nos termos da adoção e expansão dessa
hipótese sobre a gramática feita pelo tipologista Croft (1999, 2001). A partir da
exploração dos pressupostos teóricos, princípios de análise e metalinguagem
assumidos e empregados por esse modelo, discute-se o tipo de reconhecimento
que a palavra recebe como categoria e unidade da língua. Será demonstrado que a
palavra tem um estatuto ambíguo na Abordagem Construcionista, hesitando entre
a subversão e a continuação da tradição. Considerando-se a perspectiva
wittgensteiniana da linguagem como forma de vida como critério de seleção de
uma teoria que melhor enfrente o clássico embaraço experimentado pelas
diferentes, e, por vezes, rivais teorias linguísticas, postula-se que a Abordagem
Construcionista, despojada de suas ambições explicativas e mentalistas, é superior
às demais teorias linguísticas contemporâneas, por ser aquela que (i) dá a ver a
linguagem como práxis, como forma de vida regulada, mas irredutível e volátil, e
não como sistema objetivo e fixo de representação; (ii) se atém a descrição das
línguas particulares e não aspira à explicação universal da essência da linguagem;
(iii) prefere uma análise que parta do todo para as partes, uma análise holística, e
não atomística da linguagem; (iv) acomoda a descrição das práticas
metalinguísticas específicas das comunidades de fala em exame – práticas que são
as responsáveis últimas pela forma gramatical – reunindo assim melhores
condições para evitar um indesejável porém historicamente recorrente
imperialismo metalinguístico. / [en] This dissertation examines the classical problem of the metalinguistic
word concept in the history of language studies. The problem is exposed under the
perspective of Wittgenstein’s view of language, taking into consideration the
works of Wittgensteinian linguists such as Roy Harris (1988, 1997, 2002, 2004),
Sylvain Auroux (1992), Nigel Love (1989, 2004, 2007), Talbot Taylor (1996,
2000, 2008). The problem, then, is formulated in the context of the Radical
Translation hypothesis of the analythical Philosopher W. Quine (1960). After that
the following aim is set: to investigate the problem of the word as a linguistic and
a category unit within the framework of the Cronstructionist Approach to
language as proposed by Goldberg (1995, 2006), and extended by the typologyst
W. Croft (1999, 2001). After presenting and exploring the theoretical
assumptions, analytical principles and metalanguage used in the construcionist
program, the recognition of the word as a unit and a category is evaluated within
this language theory. It is demonstrated that the word has an ambiguous status in
the constructionist approach: it hesitates between having its centrality subverted
(replaced by the construction), and keeping the traditional Sausserean
form/meaning pairing. Under the guidance of a Wittgensteinian perspective of
language as a form of life a set of criteria is posed to indicate the theory which is
best equipped to face the classical problem of the word. It is claimed that the
Constructionist Approach, relieved from explicative and mentalist ambitions, is
superior to the ones with which it contends due to the following reasons: (i) it is
the one which best gives evidence of language as praxis, as a governed form of
life, which is also irreducible and volatile, rather than a fixed and objective
representational system; (ii) it is the one which best privileges description rather
than explanation; (iii) it is the one that favors a holistic approach rather than an
atomistic approach to language phenomena; (iv) it is the one that best
accommodates the description of metalinguistic practices particular to specific
speech communities – practices which are ultimately responsible for grammatical
form –, being thus able to avoid an undesirable and yet historically recurrent
metalinguistic imperialism.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:16448 |
Date | 08 October 2010 |
Creators | MARISTELA DA SILVA FERREIRA |
Contributors | HELENA FRANCO MARTINS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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