[pt] Nesta tese buscamos compreender, inicialmente, como o ódio participa da estruturação psíquica, estando presente em todo humano, uma vez habitado pela linguagem. A partir desta compreensão, interrogamo-nos acerca das possibilidades de intervenção, pela via psicanalítica, nesta dimensão odienta, o que nos levou ao entendimento de que a pretensão analítica se limita a manejar a participação do ódio na travessia da experiência do sujeito. Dissecado, tal afeto contribui para elevar à lucidez a dimensão real, o impossível da constituição do falante de modo a permitir sustentar de modo afirmativo seu desamparo estrutural. Apontamos com isso o aspecto inelutável do ódio constitutivo e a positividade de sua apreensão. A partir desse encontro, outras possibilidades se apresentam fazendo frente às vias de gozo do ódio ao semelhante, o que não significa esgotá-lo. O novo que se apresenta decorre precisamente do encontro com o real, ponto em que o sujeito acata a impossibilidade de respostas à interrogação sobre si que ele dirige ao Outro. Com isso, pode construir suas próprias vias desejantes. A partir destas conclusões foi possível aproximar a experiência em questão da noção de política no sentido resgatado por Hanna Arendt da pólis grega, política como liberdade e possibilidade de fazer algo novo no mundo. Especificamos a noção de política ao pensá-la pela via da amizade, sendo essa desligada da noção de amizade fraterna e universalista e pensada como respeito à diferença, o que possibilita a vida coletiva. Entendemos que, ao se desprender da exigência de constituir unidade com o outro, resultado esperado de um processo analítico do qual o ódio participa, é possível ao sujeito viver na perspectiva da política da amizade. / [en] In this thesis, we seek to understand, initially, how hate participates in psychic structure, being present in every human once inhabited by language. Based on this understanding, we asked ourselves about the possibilities of intervention, via psychoanalysis, in this hateful dimension, which led us to the understanding that the analytical pretension is limited to handling the participation of hate in the crossing of the subject s experience. Dissected, such affection contributes to raise lucidity to the real dimension, the impossible of the speaker s constitution and allows sustaining in an affirmative way his structural helplessness. With this we point out the ineluctable aspect of constitutive hatred and the positivity of its apprehension. From this meeting, other possibilities are presented, facing the paths of enjoyment of hatred of the similar, which does not mean exhausting it. The new that presents itself stems precisely from the encounter with the real, at which point the subject accepts the impossibility of answering the question about himself that he addresses to the Other. With that, he can build his own desiring paths. Based on these conclusions, it was possible to approximate the experience in question to the notion of politics in the sense rescued by Hanna Arendt from the Greek polis, politics as freedom and the possibility of doing something new in the world. We need the notion of politics even more when thinking about it through friendship, which is disconnected from the notion of fraternal and universalist friendship and thought of as respect for difference, which makes collective life possible. We understand that by letting go of the requirement to constitute unity with the other, the expected result of an analytical process in which hate participates, it is possible for the subject to live in the perspective of the politics of friendship.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:63836 |
Date | 30 August 2023 |
Creators | RONY NATALE PEREIRA |
Contributors | MONAH WINOGRAD, MONAH WINOGRAD, MONAH WINOGRAD |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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