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[en] HATE IN THE PSYCHOANALYTIC EXPERIENCE / [pt] O ÓDIO NA EXPERIÊNCIA PSICANALÍTICA: VIA DE RECONHECIMENTO DO REAL

RONY NATALE PEREIRA 30 August 2023 (has links)
[pt] Nesta tese buscamos compreender, inicialmente, como o ódio participa da estruturação psíquica, estando presente em todo humano, uma vez habitado pela linguagem. A partir desta compreensão, interrogamo-nos acerca das possibilidades de intervenção, pela via psicanalítica, nesta dimensão odienta, o que nos levou ao entendimento de que a pretensão analítica se limita a manejar a participação do ódio na travessia da experiência do sujeito. Dissecado, tal afeto contribui para elevar à lucidez a dimensão real, o impossível da constituição do falante de modo a permitir sustentar de modo afirmativo seu desamparo estrutural. Apontamos com isso o aspecto inelutável do ódio constitutivo e a positividade de sua apreensão. A partir desse encontro, outras possibilidades se apresentam fazendo frente às vias de gozo do ódio ao semelhante, o que não significa esgotá-lo. O novo que se apresenta decorre precisamente do encontro com o real, ponto em que o sujeito acata a impossibilidade de respostas à interrogação sobre si que ele dirige ao Outro. Com isso, pode construir suas próprias vias desejantes. A partir destas conclusões foi possível aproximar a experiência em questão da noção de política no sentido resgatado por Hanna Arendt da pólis grega, política como liberdade e possibilidade de fazer algo novo no mundo. Especificamos a noção de política ao pensá-la pela via da amizade, sendo essa desligada da noção de amizade fraterna e universalista e pensada como respeito à diferença, o que possibilita a vida coletiva. Entendemos que, ao se desprender da exigência de constituir unidade com o outro, resultado esperado de um processo analítico do qual o ódio participa, é possível ao sujeito viver na perspectiva da política da amizade. / [en] In this thesis, we seek to understand, initially, how hate participates in psychic structure, being present in every human once inhabited by language. Based on this understanding, we asked ourselves about the possibilities of intervention, via psychoanalysis, in this hateful dimension, which led us to the understanding that the analytical pretension is limited to handling the participation of hate in the crossing of the subject s experience. Dissected, such affection contributes to raise lucidity to the real dimension, the impossible of the speaker s constitution and allows sustaining in an affirmative way his structural helplessness. With this we point out the ineluctable aspect of constitutive hatred and the positivity of its apprehension. From this meeting, other possibilities are presented, facing the paths of enjoyment of hatred of the similar, which does not mean exhausting it. The new that presents itself stems precisely from the encounter with the real, at which point the subject accepts the impossibility of answering the question about himself that he addresses to the Other. With that, he can build his own desiring paths. Based on these conclusions, it was possible to approximate the experience in question to the notion of politics in the sense rescued by Hanna Arendt from the Greek polis, politics as freedom and the possibility of doing something new in the world. We need the notion of politics even more when thinking about it through friendship, which is disconnected from the notion of fraternal and universalist friendship and thought of as respect for difference, which makes collective life possible. We understand that by letting go of the requirement to constitute unity with the other, the expected result of an analytical process in which hate participates, it is possible for the subject to live in the perspective of the politics of friendship.
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[pt] A TRANSMISSÃO PSÍQUICA DO ÓDIO ENTRE GERAÇÕES: IMPACTOS NO CAMPO PSICANALÍTICO / [fr] LA TRANSMISSION PSYCHIQUE DE LA HAINE ENTRE LES GÉNÉRATIONS: IMPACTS SUR LE CHAMP PSYCHANALYTIQUE

DANIEL PINHO SENOS DE JESUS 18 April 2022 (has links)
[pt] A presente tese tem como objetivo investigar os desdobramentos do ódio na constituição subjetiva em sua dimensão transgeracional em função de falhas ambientais ocorridas nos primórdios da vida psíquica na relação com o objeto primário. A reflexão sobre o ódio no pensamento psicanalítico começa atrelada à neurose obsessiva e, posteriormente, é expandida para contemplar os primeiros movimentos psíquicos do ego em relação ao objeto. A radicalidade que tal sentimento pode assumir no psiquismo devido a severas falhas na rêverie materna ocasionam a interrupção da função comunicativa da identificação projetiva. Dessa maneira, o ódio revela sua face destrutiva, uma vez que o psiquismo se encontra colonizado por objetos bizarros impossíveis de serem metabolizados pelo continente materno. As derivações desses traumatismos precoces na formação do self afetam profundamente a modalidade identificatória em ação, prevalecendo o seu uso adesivo que impede a construção de espaços psíquicos. A manifestação do claustro como derivativo do ódio traumático possui profundos impactos na existência do indivíduo, que experimenta uma relação de encarceramento com o objeto primário. Investigamos de que maneira o ódio é passível de se perpetuar entre gerações ao assumir um caráter transgeracional, no qual prevalece a lógica do segredo e da identificação alienante, que impede a atuação da identificação projetiva como via de comunicação intergeracional. Defendemos que essa forma de perpetuação críptica e condensada do ódio se manifesta em uma configuração psicopatológica que nomeamos como claustro transgeracional, que provoca impasses no campo psicanalítico e convoca o psicanalista ao trabalho implicado e empático através da contratransferência enquanto instrumento clínico. / [fr] La présente thèse vise à étudier le déploiement de la haine dans la constitution subjective dans sa dimension transgénérationnelle en fonction des échecs environnementaux survenus aux premiers stades de la vie psychique dans la relation avec l objet primaire. La réflexion sur la haine dans la pensée psychanalytique commence liée à la névrose obsessionnelle et s élargit ensuite pour envisager les premiers mouvements psychiques du moi par rapport à l objet. La radicalité qu un tel sentiment peut assumer dans le psychisme en raison de graves failles dans la rêverie maternelle provoque l interruption de la fonction communicative de l identification projective. La haine révèle ainsi son visage destructeur, puisque le psychisme est colonisé par des objets bizarres, impossibles à métaboliser par le continent maternel. Les dérivations de ces traumatismes précoces dans la formation du moi affectent profondément la modalité identificatoire en action, prévalant son utilisation adhésive qui empêche la construction d espaces psychiques. La manifestation du claustrum comme dérivé de la haine traumatique a des impacts profonds sur l existence de l individu, qui vit une relation d emprisonnement avec l objet primaire. Nous étudions comment la haine est susceptible de se perpétuer entre les générations en assumant un caractère transgénérationnel, dans lequel la logique du secret et de l identification aliénante prévaut, empêchant l action de l identification projective comme moyen de communication intergénérationnelle. Nous soutenons que cette forme de perpétuation cryptique et condensée de la haine se manifeste dans une configuration psychopathologique que nous nommons claustrum transgénérationnel, qui provoque des impasses dans le champ psychanalytique et convoque le psychanalyste au travail implicite et empathique par le contretransfert comme instrument clinique.

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