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[pt] A TRANSMISSÃO PSÍQUICA DO ÓDIO ENTRE GERAÇÕES: IMPACTOS NO CAMPO PSICANALÍTICO / [fr] LA TRANSMISSION PSYCHIQUE DE LA HAINE ENTRE LES GÉNÉRATIONS: IMPACTS SUR LE CHAMP PSYCHANALYTIQUE

DANIEL PINHO SENOS DE JESUS 18 April 2022 (has links)
[pt] A presente tese tem como objetivo investigar os desdobramentos do ódio na constituição subjetiva em sua dimensão transgeracional em função de falhas ambientais ocorridas nos primórdios da vida psíquica na relação com o objeto primário. A reflexão sobre o ódio no pensamento psicanalítico começa atrelada à neurose obsessiva e, posteriormente, é expandida para contemplar os primeiros movimentos psíquicos do ego em relação ao objeto. A radicalidade que tal sentimento pode assumir no psiquismo devido a severas falhas na rêverie materna ocasionam a interrupção da função comunicativa da identificação projetiva. Dessa maneira, o ódio revela sua face destrutiva, uma vez que o psiquismo se encontra colonizado por objetos bizarros impossíveis de serem metabolizados pelo continente materno. As derivações desses traumatismos precoces na formação do self afetam profundamente a modalidade identificatória em ação, prevalecendo o seu uso adesivo que impede a construção de espaços psíquicos. A manifestação do claustro como derivativo do ódio traumático possui profundos impactos na existência do indivíduo, que experimenta uma relação de encarceramento com o objeto primário. Investigamos de que maneira o ódio é passível de se perpetuar entre gerações ao assumir um caráter transgeracional, no qual prevalece a lógica do segredo e da identificação alienante, que impede a atuação da identificação projetiva como via de comunicação intergeracional. Defendemos que essa forma de perpetuação críptica e condensada do ódio se manifesta em uma configuração psicopatológica que nomeamos como claustro transgeracional, que provoca impasses no campo psicanalítico e convoca o psicanalista ao trabalho implicado e empático através da contratransferência enquanto instrumento clínico. / [fr] La présente thèse vise à étudier le déploiement de la haine dans la constitution subjective dans sa dimension transgénérationnelle en fonction des échecs environnementaux survenus aux premiers stades de la vie psychique dans la relation avec l objet primaire. La réflexion sur la haine dans la pensée psychanalytique commence liée à la névrose obsessionnelle et s élargit ensuite pour envisager les premiers mouvements psychiques du moi par rapport à l objet. La radicalité qu un tel sentiment peut assumer dans le psychisme en raison de graves failles dans la rêverie maternelle provoque l interruption de la fonction communicative de l identification projective. La haine révèle ainsi son visage destructeur, puisque le psychisme est colonisé par des objets bizarres, impossibles à métaboliser par le continent maternel. Les dérivations de ces traumatismes précoces dans la formation du moi affectent profondément la modalité identificatoire en action, prévalant son utilisation adhésive qui empêche la construction d espaces psychiques. La manifestation du claustrum comme dérivé de la haine traumatique a des impacts profonds sur l existence de l individu, qui vit une relation d emprisonnement avec l objet primaire. Nous étudions comment la haine est susceptible de se perpétuer entre les générations en assumant un caractère transgénérationnel, dans lequel la logique du secret et de l identification aliénante prévaut, empêchant l action de l identification projective comme moyen de communication intergénérationnelle. Nous soutenons que cette forme de perpétuation cryptique et condensée de la haine se manifeste dans une configuration psychopathologique que nous nommons claustrum transgénérationnel, qui provoque des impasses dans le champ psychanalytique et convoque le psychanalyste au travail implicite et empathique par le contretransfert comme instrument clinique.

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