[pt] O presente trabalho é uma investigação sobre o modo como
um grupo de
adolescentes moradores do estado do Rio de Janeiro pensa
seu futuro no que se
refere a trabalho e à vida afetiva e familiar. O estudo
teve como pressuposto maior
pensar o adolescente como sujeito que, na construção de
seu discurso, articula
suas próprias aspirações àquilo que sua cultura lhe
oferece como real e que sua
interação social constrói como valor. Procurou-se abordar
o modo como este
sujeito se percebe inserido no curso de sua vida, que
papéis ele assume ou deseja
assumir e como ele pensa as alternativas para as questões
que lhes são colocadas
no que se refere a suas escolhas presentes e futuras. A
pesquisa foi realizada
fazendo-se uso da perspectiva sócio-histórica, que
consiste no pressuposto de que
o modo como o sujeito se refere à realidade e age sobre
ela é construído
historicamente, em uma relação essencialmente dialética
com o ambiente social.
Para desenvolver este intuito, foi feita uma reflexão
sobre o conceito de
adolescência, sobre as concepções que organizam
socialmente tal conceito e sobre
elementos específicos da cultura contemporânea que
tangenciam tais concepções.
Desta forma, optou-se por seguir o pensamento de Richard
Sennett em suas
discussões sobre a dinâmica entre público e privado e
sobre o problema da
autoridade na contemporaneidade. A pesquisa envolveu 19
adolescentes
moradores das cidades do Rio de Janeiro e de Petrópolis.
Utilizaram-se entrevistas
semi-estruturadas e individuais, que receberam o
tratamento de análise de
conteúdo, a partir dos princípios de Bardin. A partir das
entrevistas, observou-se
que, no que se refere a seus sentimentos em relação ao
futuro, os adolescentes
parecem freqüentemente experimentar uma forte sensação de
insegurança,
especialmente no que se refere à escolha de uma profissão.
Eles reagem a isso
procurando promover o valor da vontade pessoal e do poder
individual como supostamente capazes de derrubar todo e
qualquer obstáculo, tanto no que se
refere às relações afetivas quanto à profissão. Existe
também um movimento de
elaboração da realidade que manifesta uma necessidade de
resgatar valores,
relações estáveis e experiências de troca afetiva
interpessoal. A partir do estudo
desenvolvido, consideramos que as visões do adolescente
sobre seu futuro,
particularmente no que tange trabalho e família,
configuram não apenas a
expressão de uma determinada faixa-etária, mas a também
representação de uma
realidade social que fala de questões como estabilidade,
confiança nas instituições
e a autoridade como importantes temáticas no delineamento
e consecução de
projetos de vida. / [en] This work investigates the way a group of teenagers who
live in the state
of Rio de Janeiro think their future, on what concerns
work, affection and family
life. The study had as its main presupposition to think
teenagers as subjects who,
on building their speech, articulate their own desires
with what their culture offers
as real and that their social interaction builds as
values. We approached the way in
which these subjects take notice of themselves as inserted
in their life-course,
which roles they assume or wish to assume and the
alternatives they think to deal
with matters which are put to them, concerning their
present and future choices.
The research made use of the socio-historical perspective,
which consists on the
presupposition that the way the person refers to reality
and acts on it is historically
built, in an essentially dialectic relationship with the
social environment. To
respond to this aim, we made a reflection on the concept
of adolescence, on the
concepts that socially organize it, and on specific
elements of contemporary
culture which goes around it. We chose Richard Sennett`s
discussions on the
dynamics of public and private and on the problem of
authority in
contemporaneity. The research developped with 19 teenagers
who live in the
cities of Rio de Janeiro and Petrópolis. We used semi-
structured interviews, which
were analyzed under the contents analysis method, by
Bardin . From our study,
we consider that the adolescents` views on their future,
particularly on what
concerns work and family, seem to experience often a
strong feeling of insecurity,
specially on what refers to choosing a profession. They
react to that trying to
promote their personal will and individual power as
supposedly capable of beating
any obstacle, in affection relations as well as in work.
However there is also a
movement of elaborating reality that manifests the
necessity of recovering values,
stable relationships and experiences of interpersonal
affect relations. Considering the presuppositions of our
theoretical approach, we take the subjects behavior not
only as an expression of a certain age, but as the
representation of a social reality
that claims matters like stability, reliability in
institutions and authority as
important issues in defining life projects and making them
come true.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:7937 |
Date | 17 March 2006 |
Creators | CINTIA MIRANDA SCELZA |
Contributors | BERNARDO JABLONSKI |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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