[pt] O estudo teve como objetivo investigar à luz da Teoria Bioecológica do
Desenvolvimento Humano que fatores impactaram de forma positiva o
desenvolvimento de estudantes universitários diagnosticados com TDAH, que os
fizeram alcançar e cursar o ensino superior. Participaram da pesquisa 10 estudantes
de graduação de uma universidade privada do Rio de Janeiro. Os dados foram
produzidos por meio de entrevista semiestruturada no contexto da própria
universidade. As análises foram realizadas com uma abordagem qualitativa de
análise de conteúdo. As categorias e subcategorias foram construídas a partir do que
emergiu dos dados das entrevistas, considerando-se o modelo PPCT (Processo,
Pessoa, Contexto, Tempo), característico das pesquisas aportadas no modelo
Bioecológico. Os dados apontaram para um conjunto de fatores que impactaram
positivamente a trajetória acadêmica desse grupo de estudantes, seja para a chegada
à universidade, seja para lá permanecer, seja para ambos. Durante todo o ensino
básico, os fatores foram: (a) um ambiente escolar atraente, acolhedor e
incentivador; (b) uma sala de aula organizada, com poucos alunos, apresentando a
possibilidade de diálogo entre os pares e professores; (c) mediação da aprendizagem
com: os professores contratados pelos pais para reforço escolar, os familiares, os
colegas de sala de aula e, os professores da escola durante a recuperação e; (d) as
inciativas parentais que ajudaram a direcionar o percurso acadêmico. No ensino
superior os fatores ressaltados pelos estudantes foram: (a) o tempo estendido para
realização das avaliações e; (b) o suporte pedagógico, psicológico e
psicopedagógico oferecido pela instituição de ensino. E durante toda a trajetória
acadêmica, ou seja, da educação infantil até o ensino superior fatores como: (a)
diagnóstico, (b) tratamento medicamentoso e/ou psicoterapêutico; (c) estratégias
metacognitivas; (d) características do professor como ser atencioso e explicar
devagar e de várias formas; (e) características pessoais; (f) identificação com o
professor; (g) suporte afetivo familiar e escolar e; (h) socialização, foram os
elementos que, segundo eles, trouxeram benefícios para suas trajetórias. Os
resultados nos permitiram inferir que no contexto dessas trajetórias não existe um
protocolo a ser seguido para que haja sucesso acadêmico de estudantes
diagnosticados com TDAH. Conclui-se, entretanto que, os entrevistados deram
indicações simples, porém relevantes sobre alguns aspectos que, se colocados em
prática, podem contribuir grandemente para o desenvolvimento acadêmico de todos
os discentes; não importando se têm algum diagnóstico ou não. Porém, entende-se
que se existir por parte da família, da escola e da sociedade, atitudes que busquem
destacar e fortalecer as características e habilidades particulares desses estudantes
reduzindo a força da patologização, os resultados poderão ser melhores. Que para
além dos estereótipos macrossistêmicos da sociedade contemporânea, que
enfatizam deficiências e prejuízos, assim como um discurso determinista de
fracasso acadêmico de estudantes diagnosticados com TDAH, que haja um olhar
direcionado para o que eles pensam, o que conseguem realizar e o modo como
aprendem. Por fim, recomenda-se a reflexão sobre o desenvolvimento de
metodologias de ensino e aprendizagem que possam ser aplicadas na escola e fora
do espaço escolar, de maneira que essa relação ocorra de maneira mais fluida e que
abarque as diversas modalidades de aprendizagem, independente de diagnósticos. / [en] The objective of this study was to investigate, from the perspective of
Bronfenbrenner s Bioecological Model of Human Development the factors that
impact the development of university students diagnosed with ADHD so that they
achieve success in admission to an undergraduate school. A total of 10
undergraduate students from a private university in Brazil took part in the study.
Data were collected through a semi-structured interview carried out at the
University. The analyses used the qualitative approach of content analysis. The
categories and subcategories were built based on PPCT (Process, Person, Context,
Time) which is a part of Bronfenbrenner s model. The results pointed to a positive
trajectory for these students, be it for getting admitted into college, for remaining
there, or for both. When looking at their basic and high school educational
trajectory, we found that the presence of a few factors stood out in the data, such as
(a) an attractive school that is welcoming and encouraging; (b) a structured
classroom, with few students, which allows for ample interchange among students
and between them and their teachers; (c) the mediation of learning by teachers hired
by the parents as teaching aids, by family members, classroom mates and school
teachers and; (d) parents initiatives in helping them gear their academic
development towards a successful one. As for their college history the influencing
factors encountered where: (a) extra time for tests and; (b) pedagogical,
psychological, and academic support. When looking at their academic trajectory as
a whole, that is, from early childhood education up to college, the factors to which
students attributed their success were: (a) having had or not a diagnosis; (b)
medicinal and/or psychotherapy treatment; (c) metacognitive strategies; (d)
teachers characteristics – thoughtful and caring in explaining concepts slowly and
using different methods; (e) personal characteristics; (f) identifying themselves with
the teacher/professor; (g) family and school support and; (h) socialization.The
results lead us to infer that in the context of these students academic history, there
is no set protocol that can be followed that will ensure academic success. We saw
that students gave us pointers which nonetheless were relevant, if considered as a
practice that can greatly contribute to their development, whether or not they have
been diagnosed. However, it is our understanding that if there are attitudes and
actions from the part of the family, the school and society that highlight and
strengthen the individual characteristics and abilities of such students, thus reducing
the power of pathologizing, we should see a better outcome. We also understand
that, beyond the macrosystemic stereotypes from today s society which emphasize
deficiencies and impairments, as well as a deterministic discourse of school failure
for students diagnosed with ADHD, one should focus instead on how those students
think, what they can actually accomplish and how they learn. Finally, we
recommend that more resources be allocated to the development of learning and
teaching methods that can be applied in school, as well as in other contexts, so that
the process can be smoother, including different modalities of learning, whether or
not there is a diagnosis for the student.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:33969 |
Date | 24 May 2018 |
Creators | CATIA REGINA PAPADOPOULOS |
Contributors | ZENA WINONA EISENBERG |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0036 seconds